Naturalidade: Itabaiana – PB.
Nascimento: 16 de agosto de 1962
Atividades artístico-culturais: Cantor e compositor
Prêmios: Primeiro lugar no Festival da Universidade da Paraíba (1997), com a música “Manus Manus”; Terceiro lugar no Festival do SESC (1998), com a música “Cara de Santo”; Troféu Imprensa (2000), com o disco “Diário de Bordo”; Primeiro lugar no Festival do CEFET/PB (2004), com a música “Cais”;
Estilo Musical: Música Popular Brasileira (MPB)
Instagram: adeildo.vieira
Adeildo Vieira saiu da terra Natal, Itabaiana, no ano de 1977, com 15 anos incompletos. O artista relembra: “Durante o período que vivi por lá, meu contato cultural com a cidade foi através do rádio. Por intermédio do rádio conheci grandes mestres da música nacional, como Luiz Gonzaga, Luiz Vieira, Orlando Silva e o Trio Nordestino”.
O contato mais íntimo com a música começou quando seu irmão mais velho ganhou um violão e deslanchou a tocar violão divinamente. Adeildo diz: “Ele é um grande músico até hoje”.
Seu pai Edísio Vieira dos Santos foi um maquinista da Rede Ferroviária Federal e faleceu no exercício do trabalho: o trem virou, em 1975. Ele tinha 42 anos, na época. Adeildo conta que seu irmão, Antônio de Pádua, conhecido como Pádua Santos, é um músico nato, daqueles que têm um ouvido fabuloso. Sempre foi o grande músico lá de casa. A minha necessidade de mexer com a música só veio aflorar quando completei 18 anos, já morando em João Pessoa”.
O artista mudou-se com a família para a capital paraibana, devido ao êxodo rural, em busca de novas oportunidades e uma vida melhor. Em 1977, ele foi aprovado em um processo seletivo para cursar mecânica na Escola Técnica Federal da Paraíba. No ano de 1980, descobriu a música espontaneamente, Adeildo recorda “Eu cursava engenharia mecânica na Universidade Federal da Paraíba. Larguei tudo. O violão e a música mexeram demais com a minha cabeça e mudaram meus rumos, completamente. Depois, fiz jornalismo. Descambei por um bocado de caminhos”.
Adeildo diz: “Eu estudei naquelas revistinhas Vigu – de Violão. Uma pena que, até hoje, ainda não aprendi harmonia. Na mesma época das primeiras canções, surgiu também a necessidade de escrever”. Ele confessa: “Costumo dizer que me mudei para João Pessoa no afã de morar de frente para o mar, e acabei morando de frente para Pedro Osmar”. Adeildo morou no Bairro de Jaguaribe, em frente à casa dos irmãos Pedro Osmar e Paulo Ró, dois ativistas culturais que na época montaram o Projeto Musiclube da Paraíba, na qual ele fez parte.
Sua primeira apresentação com show montado foi em 1983, no começo do ano, em Jaguaribe. Sozinho tocando canções de sua autoria. Um ano depois, já no Musiclube, fez seu primeiro show com a banda, em 6 de junho de 1984.
Segundo Adeildo “O Musiclube” foi muito importante para a sua formação estética e política. Este movimento ensinou que o artista deve ter consciência de que, quando está no palco existe o público de um lado e os bastidores de outro. De um lado está a representação do mercado, que é a vinda do público para ver o trabalho do artista. E, por trás, aquilo que sustenta você como estrutura.
No final de 1983 participou do seu primeiro festival. Fez uma canção e mostrou para uns amigos que tocavam com seu irmão. Eles se entusiasmaram, apostaram que ganhariam o festival. A música, que foi para a final, chamava-se “Respostas”. Era um festival da Escola Técnica Federal da Paraíba, chamado MPBTEC.
No ano seguinte, diz Adeildo já contaminado pelo Jaguaribe Carne, entrei com outra música. Essa foi uma das minhas incursões experimentais. A música era “Mama Society Blues”. A letra era sobre a história de um filho que dizia que a mãe queria amarrar ele no chaveiro dela. Uma coisa meio irônica na relação entre mãe e filho. A mãe queria que o filho fosse tudo no mundo, contanto que ele fosse o que ela queria. Ganhou o prêmio de melhor letra.
Adeildo Participou de um grupo chamado Mama Jazz. Também foi uma criação de Pedro Osmar, junto com o artista africano Guilherme Semmedo. E participou do seu CD “Diário de Bordo”, de Guiné Bissau. Do grupo participaram, entre outros, Gláucia Lima, Guilherme Semmedo, Euclides Aguiar e Jorge Negão.
Em 1996, ele montou junto com Milton Dornellas, Marcos Fonseca, Wander Farias, Archidy Filho, o espetáculo Violação. O nome é porque só tinha cordas. Era violão, violão, violão. Violação também porque violava certos conceitos. Setenta por cento do grupo compunham. Adeildo diz “Fazíamos vocais e violões”. Nesta época, segundo o artista, chegaram a fazer cinco ou seis shows, inclusive em Cajazeiras, no extremo oeste da Paraíba.
Em 1997 ganhou o festival da Universidade da Paraíba, com a música “Manus Manus”, um chorinho que também está gravado no seu disco. Em seguida ganhou o primeiro lugar em um festival do CEFET da Paraíba, com uma bossa nova. Também participou de um festival em Presidente Prudente, interior de São Paulo, com o fado “Memória das Águas”, seu e do poeta Lúcio Lins. A música foi selecionada. Foi junto com o companheiro Wander Farias, que defendeu outra música. Tocaram, mas não foram classificados para a final.
Participou de 13 edições do Festival MPB SESC, o que resultou na gravação de duas músicas. No primeiro com a música “Cara de Santo”, a que ficou em terceiro lugar. No ano seguinte, foi pra final com a música “Quem inventou o samba”. Também tem música minha no CD coletivo chamado “Coletânea Musiclube”.
O artista declara: “Eu sou inquieto e carrego a inquietude do criador. Sou aquele cara que quer criar, que quer inventar o tempo todo. Eu descobri um jeito de driblar minha incompetência instrumental inventando um jeito de mexer com o violão”.
Adeildo argumenta: “Meu disco saiu assim. Eu tinha 16 mil reais para fazer um CD. Não é grande coisa, mas consegui gravar um disco com um nível razoável de produção. Então, demorou por isso, porque esperei meu momento. O disco é um disco feliz porque ele é um registro de tudo o que eu fiz. Tem a participação de companheiros de muitos anos, por isso que é “Diário de Bordo”. É o registro de minha viagem na música”.
O CD ganhou o Troféu Imprensa do ano 2000, na categoria melhor disco da Paraíba. No mesmo ano, Adeildo ganhou na categoria de melhor compositor. Ele diz “O Diário de Bordo trouxe essa visibilidade que eu não tinha. Fez com que eu encarasse a música mais profissionalmente e investisse mais nas minhas coisas”.
Em 2016 Adeildo Vieira participou do projeto Cambada, cujo nome faz referência ao coletivo de caranguejos e tem como objetivo valorizar os compositores e artistas da terra, lançado pela fundação Espaço Cultural da Paraíba(Funesc), o show foi o último de uma série de sete atrações que integraram a primeira edição do Projeto.
“Pretendo cantar poucas músicas minhas. Vou cantar mesmo canções de alguns companheiros que pincei na nossa cena musical e que se encaixa um pouco com minha forma de tocar e cantar”, explica o músico Adeildo Vieira.
Em 2017 Adeildo lançou o terceiro CD do cantor e compositor paraibano “África de Mim”, o novo CD contém 12 canções inéditas, com destaque para a música “Bapalaye”, com a participação do cantor Joel Basène, muito tocada ao Sul do Senegal, e mais quatro canções de discos anteriores.
De acordo com Adeildo Vieira, “África de Mim” é um CD que expressa a africanidade que existe dentro dele e que se mostra através da empatia e admiração que tem pela cultura africana.
O CD “África de Mim” foi produzido com recursos do Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, do Governo do Estado da Paraíba, e representa um mergulho profundo do compositor Adeildo Vieira em seu fascínio pela cultura africana, algo já experimentado em seus dois CDs anteriores, lançados nos anos 2000 (“Diário de Bordo”) e 2009 (“Há Braços”), mas que neste novo trabalho ganha dimensões mais conceituais, tornando-se um CD temático em que exalta a liberdade, a paz e o respeito às diferenças, valores tão ameaçados que atravessa no momento o Brasil.
Em 2018 Adeildo Vieira fez o registro em DVD de seu show gravado no Teatro Paulo Pontes das músicas de seu CD “África de Mim”. O registro foi realizado pela TV UFPB e pela equipe do curso de Cinema do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da instituição. O evento contou com o apoio do Governo da Paraíba, por meio da Fundação Espaço Cultural (Funesc).
“Sem eles, seria quase impossível eu conseguir fazer esse registro da maneira como eu queria” (pontua o artista em relação ao apoio da Funesc), “Queria subir no palco só quando pudesse levar um show à altura, que demonstrasse toda a riqueza sonora que o público pôde ouvir no CD” declarou o cantor e compositor.
Em 2019 o cantor e compositor foi o convidado do projeto ‘Macacos me Mordam – Ao vivo!’ na Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego (Funesc), aonde Adeildo falou sobre a cena musical da Paraíba e de suas experiências com o Musiclube. O projeto ‘Macacos me Mordam – Ao vivo!’ foi conduzido pelo multiartista Pedro Osmar.
A 17ª edição do Festival Paraibano de Coros homenageou os 35 anos de carreira do músico Adeildo Vieira. O evento de caráter internacional aconteceu na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural. A capital paraibana recebeu 62 corais oriundos dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe para homenagear o artista.
Em 2020 Adeildo Vieira fez parte do projeto Ágora Sonora divulgado em suas redes sociais e lançou em seu instagram uma música nova em parceria com Seu Pereira durante a quarentena. O Artista também participou de um bate-papo com Pedro Munhoz “Papo das Quintas”.
Em 2022 Adeildo participou de um concerto promovido pelo OSUFPB – Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba, suas canções foram ornamentadas por arranjos de Helinho Medeiros, Leo Meira, além de Rudá Barreto e Uaná Barreto, que inclusive são seus filhos, também houve participação especial do Grupo Alamiré, Dida Vieira, Glaucia Lima e Nathalia Bellar.
Adeildo lançou em 2023 o livro “Maestro Chiquito: o metalúrgico dos sons” através da Editora União. O livro-reportagem é fruto de pesquisa acadêmica realizada pelo autor para o mestrado em Jornalismo, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele narra a trajetória do consagrado músico, arranjador e compositor paraibano, com fidelidade aos relatos dos entrevistados e, por vezes, usando linguagem poética.
Fontes:
http://www.letras.com.br/#!biografia/adeildo-vieira
http://www.adeildovieira.com.br/
http://movsocial.org/2023/04/11/livro-conta-historia-do-maestro-chiquito-da-metalugica-filipeia/
https://www.instagram.com/p/CiVowwhJtUj/
*Atualizado por Maiara Alves em Maio de 2023.