Naturalidade: Araruna – PB
Nascimento: 9 de novembro de 1876 / Falecimento: 11 de janeiro de 1944
Atividades artístico-culturais: Poeta e crítico literário
Atividades exercício-profissionais: Jornalista e advogado
Obras: Vae Soli! (1903); Solitudes (1918); Beatitudes (1919); Holocausto (1921); O Pó das Sandálias (1923); Senhora da Melancolia (1928); Alta Noite (1940); Poemas Amazônicos (1958, Póstumo).
Antônio Joaquim Pereira da Silva era de família pobre e tinha uma grande fascinação pela arte da leitura. Filho de Manoel Joaquim da Silva e Maria Ercelina Pereira da Silva, ficou órfão de pai muito cedo, indo morar com a mãe na casa dos avós. Aprendeu a ler com o tio Synézio Pereira da Cruz. O jovem costumava adquirir entre os habitantes de Araruna jornais velhos, livros de História, romances, entre outros materiais.
Aos 14 anos de idade foi matriculado no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e começou a trabalhar na Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1895, ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha. Começou a se interessar pelos estudos literários, aprendeu gramática e leu Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Fagundes Varela e Castro Alves. No ano de 1897, por tomar parte de um movimento revolucionário entre os cadetes, foi preso e levado para 13º Batalhão de Cavalaria, no Paraná.
Durante a prisão em Curitiba conheceu escritores e poetas, entre os quais Dario Veloso, que muito o influenciou. Depois desse período, em 1900, desligou-se do Exército. Voltando ao Rio de Janeiro, passou a trabalhar como funcionário postal e cursou a Faculdade de Direito. No ano de 1903, publicou o seu primeiro livro, “Vae Soli!”.
Começou sua carreira como crítico literário no jornal A Cidade do Rio, onde usava o pseudônimo J. d’Além. Por essa época tornou-se um destacado poeta do movimento simbolista, de 1903 a 1905, ao lado de Felix de Pacheco, seu amigo e companheiro da Escola Militar, Saturnino Meireles, Tibúrcio de Freitas, Carlos Dias Fernandes, Castro Menezes, Maurício Jubim e Rocha Pombo.
No Rio, casou-se com a filha de Rocha Pombo, Eulina, conhecida como Lili, com quem teve seu único filho, Hélio. Formado em Direito, foi nomeado Promotor Público da Comarca de São José de Pinhais, no Paraná, e depois transferido para a pequena cidade de Palmeira, no mesmo estado. Isolado naquele município, teve tempo para aprender sozinho, o alemão, e nesse idioma chegou a publicar algumas notas no jornal Der Beobachter, editado em Curitiba.
Por volta de 1911, desiludido de sua vocação jurídica, sem conseguir se adaptar a nova vida, solicitou exoneração da Promotoria e voltou para o Rio de Janeiro. Dessa vez, passou a se dedicar definitivamente ao jornalismo, indo trabalhar na Gazeta de Notícias, no Jornal do Comércio, do seu velho amigo Felix Pacheco, e posteriormente em A Noite. Em 1918, após um intervalo de quinze anos, publicou seu segundo livro, “Solitudes”, recebido com aplausos pela crítica especializada.
No ano de 1919 lançou “Beatitudes” e em 1921, a sua quarta obra, “Holocausto”. Por essa época foi chamado pelo amigo Paulo Barreto, conhecido como João do Rio, para chefiar a redação de A Pátria. Já com um nome nacional, em 1922, é convidado por Leite Ribeiro, para dirigir ao lado de Théo Filho e de Agrippino Griecco, a revista O Mundo Literário que alcançou prestígio nos meios culturais do Rio de Janeiro. Em 1923, lançou “O Pó das Sandálias” e em 1928, a coletânea de poesias, “Senhora da Melancolia”.
Em 23 de novembro de 1933, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu o poeta Pereira da Silva para ocupar a cadeira nº 18 da qual João Francisco Lisboa é patrono. Um ano antes, alguns acadêmicos como Gustavo Barroso, Medeiros e Albuquerque, Laudelino Freire, Olegário Mariano e Aldemar Tavares, levantaram-se num movimento para que o poeta ocupasse o posto deixado vago por Luís Carlos da Fonseca.
O fardão do primeiro paraibano a integrar a ABL foi oferecido pelo governo interventor da Paraíba. Para homenageá-lo, a bancada do estado na Assembleia Nacional Constituinte, juntamente com amigos e admiradores, promoveram uma grande festa na noite de 25 de junho de 1934 na Associação Brasileira de Imprensa. Durante esse período realizou estudos sobre Machado de Assis, Gonçalves Dias, Silva Alvarenga, Adelmar Tavares, entre outros.
Pelos anos de 1940, passou a se tratar de uma tuberculose. Foi viver em cidades de clima serranos como Pati de Alferes, Vassouras e Rodeio. Apesar de muito doente, Pereira da Silva conseguiu produzir alguns livros como “Os Homens de Deus e Milagres de Cristo”, “Intranquilidade” e “Meus Irmãos, os Poetas”. As obras permanecem inéditas.
Pereira da Silva faleceu aos 68 anos, no dia 11 de janeiro de 1944, na Clínica São Vicente, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, onde estava internado. Seu corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras e sepultado no Cemitério São João Batista.
O poeta foi homenageado no brasão do município de Araruna. No escudo há um livro com as iniciais “P” e “S”, dentro de um livro, junto de uma caneta de penas. É patrono da cadeira 34 da Academia Paraibana de Letras, que tem como fundador Alcides Carneiro, ocupada por Humberto Mello.
Humilde, de temperamento tímido e esquivo, a amargura e o sofrimento moral que atormentaram a vida de Pereira da Silva estão refletidos nas suas obras poéticas.
Contemplando o Céu
Contemplo o céu noturno – o belo, fundo,
Constelado esplendor que me fascina
E me faz pressentir que tudo é oriundo
Do só poder da emanação divina.
Agora, neste instante, me domina
Uma única ideia: é que se o mundo
É vil e a nossa mente pequenina,
O sentimento humano é bem profundo!
Que importa a Dor? Que importa a imensidade
Implacável da Dor num tal momento,
Em que a graça dos deuses nos invade
Se, de espírito em êxtase, olhar fito
Nos céus – gozamos o deslumbramento
De ser outro infinito ante o infinito?
Beatitudes (1919)
Felicidade
Felicidade, eu não descri de Ti.
No que vi,
No que ouvi,
No que sonhei na flor da juventude,
No víco e na virtude
Nunca pude enconrtrar-te, como quis,
Dama de áureo cabelo e de ar feliz!
Nunca pude encontrar-te. A vida inteira
Vim passando a esperar-te e a cada dia
Pensava: “ela há de vir, essa Estrangeira
que só eu compreenderia.
Ela há de vir, hoje, amanhã… que importa?
Quando menos cuidar
Ela há de vir bater à minha porta
Que se há de abrir, por si, de par em par
E eu lhe direi, vendo-a tão loira e linda:
Há muito eu te esperava. Sê bem-vinda!”
Alta Noite (1940)
Fontes:
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm%3Fsid%3D207/biografia
http://www.casadamemoriaararuna.com/poesias.htm
http://wellingtonrafael.blogspot.com.br/2013/01/aj-pereira-da-silva-o-poeta-de-araruna.html