Anderson Lima
Com o intuito de difundir a cultura clubber, a arte e a música, o 08Centro é um rolê que nasceu na capital paraibana com a essência de ocupar espaços que antes eram marginalizados e pouco frequentados. Inicialmente, o rolê começou com o Beco Sounds, que é um carrinho de drinks que fica localizado na praia do Bessa. No entanto, sentindo a necessidade de ocupar novos espaços, o coletivo Vida de Clubber e o Beco Sounds, que é composto por Jô Oliveira (DJ Parajeau), Yorran Santos, Lucas Reginato (DJ Piá), Luan Barreto (CYBERCUZZY) e Gustavo Nardoni, se reuniram em um encontro de ideias para levar o carrinho de drinks e uma caixa de som para o beco da cachaçaria Philipéia. Porém, essa iniciativa, que hoje leva centenas de pessoas ao Centro Histórico todos os sábados, precisou interromper as atividades por falta de verba e apoio da prefeitura de João Pessoa. De acordo com a organização, o custo médio com autorizações para que a festa possa acontecer é de cerca de R$ 500 por semana.
“Quando anunciaram a volta do sabadinho bom, eu chamei os meninos para fazer algum movimento pelo beco da cachaçaria Philipéia. Tudo surgiu como after do sabadinho”, conta Jô Oliveira, conhecido como DJ Parajeau. Após algumas edições no beco da Philipéia, o grupo migrou para a calçada da General Store, que fica na Avenida General Osório (Centro), a convite de Thiago Storti Vieira, que é proprietário do estabelecimento. Nessa parceria, Thiago oferta caixas de som, energia, iluminação, microfone e mesa.
“Nunca fomos reconhecidos como parte da programação oficial da agenda cultural de João Pessoa”, conta o coletivo. Mesmo assim, até recentemente, os órgãos responsáveis pela fiscalização do Centro permitiam a realização da festa. Entretanto, a equipe do 08Centro foi notificada de que precisará tirar as autorizações dos órgãos fiscalizadores: a Secretaria de Meio Ambiente (Semam), a Secretaria de Desenvolvimento e Controle Urbano (Sedurb), a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro.
O grande problema é que essas autorizações custam entre R$400 a R$500 por semana e, por se tratar de um movimento independente, não há como arcar com as despesas, visto que o serviço leva cultura e entretenimento de forma gratuita para o público. “Sabemos da importância de estar totalmente enquadrado dentro das normas da Prefeitura, por isso resolvemos pausar o 08Centro temporariamente”, explicaram Beco Sounds e o Vida de Clubber em uma publicação no Instagram, na quinta-feira (4). Ambos solicitam ajuda para chamar a atenção da Prefeitura e da Secretaria de Cultura para a importância do 08Centro, enfatizando sua relevância para a cultura de rua e para a ocupação do Centro Histórico, e pedem que sejam incluídos na programação oficial da cidade.
“Somos produtores culturais independentes, então estamos ali ocupando a calçada da General Store, todos os sábados, na resistência”, relata Jô Oliveira (DJ Parajeau).
Quem frequenta o 08Centro sabe que se trata de uma cena independente e para isso, os organizadores, às vezes, lançam o pix colaborativo para custear minimamente o rolê, já que o grupo não tem um retorno financeiro.
Em entrevista ao Paraíba Criativa, o DJ Parajeau conta “a gente busca apoio da Secretaria de Cultura e da Prefeitura para que sejamos reconhecidos oficialmente como uns dos rolês do sábado, criou-se um circuito cultural, acaba o Sabadinho Bom, tem o batuque no beco da cachaçaria Philipéia e depois o 08Centro”. Já foi apresentado um projeto para a Prefeitura pleiteando tudo que é necessário para a existência do evento. O apoio é necessário para a continuação dessa cena cultural tão importante.
O 08Centro existe e resiste há um ano, e há 48 edições promove agito da cena clubber de forma gratuita em João Pessoa, trazendo o público jovem para as ruas do Centro Histórico de João Pessoa. Com isso, construindo um espaço seguro para todos os corpos existirem, além de gerar renda e oportunidade para os trabalhadores ambulantes.
Cultura Clubber
A cultura Clubber surgiu na década de 90 na Inglaterra, focando-se no culto à estética e à diversão em festas dominadas pela música eletrônica. No Brasil, o movimento obteve muita força inicialmente na cidade de São Paulo, onde surgiram as primeiras casas noturnas voltadas para esse estilo. O estilo Clubber começou a bombar em João Pessoa nessa mesma época, nos anos 90, com o mercado Capim Fashion, que é uma feira criativa que junta moda e música.