Naturalidade: Solânea-PB
Nascimento: 21 de maio de 1912
Falecimento: 13 de outubro de 1993 em Fortaleza-CE
Atividades artístico-culturais: Poeta popular e cantador de viola.
Folhetos de sua autoria: Estória de Joãozinho o filho do caçador, O louco do cemitério, Luta e vitória de São Cipriano contra Adrião Mágico, As sete espadas de dores de Maria Santíssima, História de Braz e Anália, Os amores de Chiquinha e As bravuras de Apolinário, entre outros.
Joaquim Batista de Sena estudou apenas três meses, para aprender o ABC, mas jamais escreveu palavras erradas ou inadequadas nos seus “romances”. Foi considerado um dos mais importantes poetas da Literatura de Cordel em todos os tempos. Autodidata, adquiriu vasto conhecimento sobre cultura popular e era um defensor intransigente da Poesia Popular Nordestina.
No início da década de 1940, adquiriu sua primeira tipografia, que funcionou algum tempo na cidade de Guarabira-PB, transferindo-se depois para Fortaleza. Na capital cearense, sua tipografia adotou o nome de “Graças Fátima”. Na década de 50, ele conseguiu ganhar muito dinheiro vendendo folhetos, ampliando consideravelmente seus negócios. Nessa época, foi vítima de um naufrágio da Baía de Quebra-Potes (Maranhão). Salvou-se nadando, mas perdeu uma mala de folhetos, contendo diversos originais.
Em 1973 tentou estabelecer-se no Rio de Janeiro, também no ramo da literatura de cordel, mas não foi bem-sucedido. De volta ao Ceará, ainda editou alguns folhetos de sucesso, escritos em parceria com Vidal Santos.
Joaquim Batista da Sena foi idealizador e um dos criadores da ABC-Academia Brasileira de Cordel, detentora dos direitos autorais dos 291 títulos das chamadas “obras primas da Literatura de Cordel”. Era um grande poeta, conhecia bem os costumes, a fauna, a flora e a geografia nordestina, motivo pelo qual seus romances eram ricos em descrições dessa natureza. Pode-se dizer que com a sua morte, fechou-se um ciclo na poesia popular nordestina e o gênero “romance” perdeu um de seus mais importantes poetas.
Confira um trecho de um do folheto: As sete espadas de dores de Maria Santíssima de Joaquim Batista de Sena:
(…)
Inspirai-me ó Virgem Pia
Mãe de Deus, mãe amorosa
Para em poema versar
A coroa dolorosa
E ver se colho uma lágrima
Da pessoa impiedosa.
Quem subir o pensamento
Vai do Gólgota observando
Jesus pregado na cruz
A sua vida ultimando
Maria ao pé do lenho
Seus tormentos contemplando.
Os tormentos de Jesus
São os mesmos de Maria
Quando furavam seu filho
O seu coração feria
Ele sofria no corpo
Ela na alma sofria.
E não foi só no Calvário
Aquelas lágrimas sentidas
Mas toda a sua existência
Foi de dores comovidas
Era uma sobre a outra
Como ondas embravecidas.
(…)
(SENA, Joaquim Batista)
Fontes:
http://marcohaurelio.blogspot.com.br/2012/05/cem-anos-de-nascimento-de-joaquim.html/
http://cordeldesaia.blogspot.com.br/2012/05/100-anos-de-joaquim-batista-de-sena.html/
Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com.