Paraíba – Brasil
Gênero: Documentário de curta-metragem.
Roteiro e Direção: Linduarte Noronha
Ano: 1960
Duração: 20 minutos
Cor: P&B
Formato: 35 mm.
Produção: INCE
Fotografia e Montagem: Rucker Vieira
País: Brasil
Local de Produção: RJ
Aruanda é o filme feito sobre a Paraíba que mais se tem conhecimento. O filme atraiu a atenção de plateias de diversos lugares do mundo inteiro, ao mostrar a realidade do Sertão paraibano. Linduarte Noronha, diretor local, documentou a vida de descendentes de escravos que haviam fundado um quilombo e nele viviam a margem de qualquer civilização e se sustentavam através do comércio de potes feitos de barro, que eram vendidos em terras longínquas.
O Quilombo do Talhado, em Santa Luzia-PB, surgiu quando o ex-escravo e madeireiro Zé Bento partiu com a família à procura de terra de ninguém. O quilombo teve sua fundação retratada no referido filme em cenas nas quais os próprios moradores encenarem a saga dos membros da família de Zé Bento (Paulino Carneiro), no século XIX, em busca de terra fértil, onde pudessem se estabelecer.
O filme mostra também cenas do trabalho de oleiros, realizado em especial pelas mulheres já no século XX. Exibe o produto, potes e jarras, sendo colocados e levados em lombo de jegues até a cidade para serem vendidos e trocados por mantimentos. A trilha sonora utiliza material em conformidade com as imagens – a comovente canção folclórica “ Ô mana deixa eu ir” (recriada por Villa-Lobos) e, em outras cenas, um tema recorrente tocado por uma banda de pífanos.
Em 1960, Aruanda ganhou o público de São Paulo e Rio de Janeiro e, em pleno surgimento do Cinema Novo, mostrou ao resto do país a sua própria pobreza. Glauber Rocha, nome principal do movimento, declarou que o documentário o inspirou em seu filme principal, Deus e o Diabo na Terra do Sol. É interessante observar as condições precárias de produção e filmagem da obra cinematógrafica.
Por alguns foi vista como liberdade estética, a precariedade vista na tela é complemento do que Aruanda registra. A pobreza não é apenas dos personagens retratados, mas da própria película. O crítico de cinema, na época ainda fez a seguinte apreciação ao documentário: “Linduarte Noronha e Rucker Vieira entram na imagem viva, na montagem descontínua, no filme incompleto. Aruanda assim inaugura o documentário brasileiro nesta fase de renascimento que atravessamos…”.
Jean-Claude Bernardet, mesmo fazendo reparos à precariedade técnica, diz que “a fita é importante porque, além de ser uma provocação e um estímulo, pois além de tratar de assunto brasileiro, o faz de uma maneira que pode se tornar um estilo e dar ao cinema brasileiro uma configuração particular (fora de qualquer emprego de folclore, exotismo, naturalismo, etc.), o que este, ao que eu saiba, nunca possuiu, nem de longe.” (Suplemento Literário do Estado de S. Paulo, 12/8/1961).
Fontes:
http://pt.scribd.com/doc/53890982/Artigo-analise-do-filme-Aruanda#scribd
http://cultura.estadao.com.br/blogs/luiz-zanin/aruanda-os-50-anos-de-um-filme-classico/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Linduarte_Noronha
https://renatoathias.wordpress.com/filmes/aruanda-documentario-linduarte-noronha/