Município: Areia – PB
Localidade: Engenho do Bonfim
Distância até a capital: 122 km
Fundação: 1913
A história dos negros da Comunidade Quilombola do Engenho do Bonfim está intrinsicamente relacionada com a história da família Barbosa da Silva. Os primeiros negros começaram a chegar às terras do antigo engenho no início do século XX quando o engenho foi adquirido por Honorato Barbosa da Silva.
Os atuais residentes da comunidade descendem de duas famílias: Faustino Santos e Pedro Maria. João Faustino dos Santos, que se estabeleceu nas terras de Engenho há quase 100 anos foi o primeiro a trazer sua família para residir naquelas terras. Algum tempo depois, por volta da década de 1950, a família de Pedro Maria passa a ocupar parte das terras mediante similar parceria.
Foi trabalhando no engenho em condições de semiescravidão, presas ao sistema de barracão e pela negação do direito a terra, que as famílias da comunidade vão se reproduzir no decorrer do tempo. Essa reprodução realizou-se sempre marcado pela violência, já que caso não fossem cumpridas as obrigações morais firmadas entre morador e proprietário a expulsão da terra e a punição da família era efetivada.
Na década de 1960 com o falecimento de Honorato Barbosa da Silva houve a divisão dos bens da família. O Engenho Bonfim foi legado para dois dos seus filhos: Efigênio e Maria Amazille. Efigênio se desfez da sua parte, que aos poucos foi sendo vendida e transformada em sítios próximos a parcela pertencente a Maria Amazille. Foi nas terras do Engenho Bonfim que ficaram sob a propriedade de Maria Amazille, com 123 hectares, onde as famílias negras ficaram vivendo que constituem a atual Comunidade Quilombola do Senhor do Bonfim.
Em 2002, faleceu a proprietária do Engenho Bonfim. Um ano depois os herdeiros de Maria Amazille venderam a propriedade a dois compradores. Iniciam-se nesse momento os conflitos na área. Com a venda da terra em 2003, os novos proprietários entraram com um pedido de reintegração de posse que culminou na prisão de dois antigos moradores. Iniciam-se também as ameaças de morte e de expulsão, assim como a restrição do acesso a algumas áreas as famílias negras pelos novos proprietários. Esse conflito perdurou até o ano de 2007 quando a terra com 122 hectares foi adquirida pelo INCRA.
Dentre suas práticas culturais encontramos: A ciranda, o coco de roda, folguedos, o banho de rio, as festas religiosas, o “fazimento de quartos” (culto aos doentes e defuntos), os funerais com as excelências, o curandeirismo, os cultos religiosos de matriz africana, como umbanda e candomblé.
Fontes:
http://www.geociencias.ufpb.br/posgrad/dissertacoes/karoline_monteiro.pdf
http://www.incra.gov.br/incrapb-e-imitido-na-posse-da-area-da-comunidade-quilombola-bonfim
http://www.palmares.gov.br/?p=2997&lang=en
http://www.incra.gov.br/comunidades-quilombolas-realizam-festa-em-areiapb