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Data de publicação do verbete: 12/05/2016

Vanildo Brito

Filósofo, poeta e escritor. Um dos grandes nomes da vertente clássico-moderna da poesia paraibana. O mentor da “Geração 59”, que movimentou a literatura do Estado por várias décadas.
Data de publicação: maio 12, 2016

Naturalidade: Monteiro – PB

Ano de Nascimento: 1937 / Falecimento 22 de julho 2008.

Atividades artístico-culturais: Filósofo, poeta e escritor.

Atividades exercício – profissional: Professor de Filosofia aposentado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).  Foi Diretor do suplemento literário do jornal A União.

Obras literárias: O poema dramático A serpente alada (1960). Organizou e publicou a obra A Construção dos Mitos (1960), republicado em 1982, com alguns acréscimos, participou da antologia “Novos contos paraibanos” (1976), editou Memorial Poético (1985), publicou Duplo Sinal das Horas, e Cantigas de Amor para Inalda (1987), A Sagração do Emblema e o Livro das Paisagens (1998), e Poesia Selecta Carmina.

O poeta Vanildo Brito nasceu no município de Monteiro, nos Cariris Velhos, e começou a escrever suas poesias muito cedo por volta do ano de 1955, e recordava com muito orgulho e apreço: “Desde menino sempre tive interesse pela poesia. Eu lia na biblioteca do meu pai Guedes Monteiro e Antero de Quental. Sempre gostei muito de poesias portuguesas. Curiosamente eu fui ler Augusto dos Anjos muito tempo depois, como meus 22 para 23 anos de idade. Os poetas do meu início eram chamados de mestres. Eu gosto de dizer que eram mestres e hoje são meus irmãos”.

O escritor foi casado com Inalda Brito, sua “musa inspiradora”, com quem viveu 34 anos, uma linda história de amor, que resultou no nascimento de cinco filhos e uma neta, sendo uma, do seu primeiro casamento de apenas um ano.

Vanildo Brito publicou os primeiros poemas em 1956 nos jornais literários de João Pessoa (PB) e Recife (PE). Em 1959, ainda acadêmico do curso de Direito, publicou seu primeiro trabalho “Da hereditariedade na delinquência“ e passou a integrar a “Antologia Geração 59”.  Ele foi o criador do movimento Geração 59, o primeiro movimento literário, que resultou na publicação de uma antologia com a participação de vários poetas brasileiros.

Segundo o poeta, o resto do Brasil era ignorado, então o movimento da geração de 59 era uma espécie de “Novo Nego”. Um nego literário. Um nego aquela homogeneização. Só eram conhecidos os escritores do Rio de Janeiro ou quem fosse para lá. Foi o caso de Augusto dos Anjos, em que o “Eu” foi publicado no Rio de Janeiro, de José Lins do Rego e José Américo, que antes de ingressar na vida literária já era um homem político.

Vanildo Brito dirigiu o suplemento literário A União nas Letras e nas Artes, no período de agosto de 1959 a maio de 1960. E destacou-se como editor.  O poeta passou 11 anos para lançar o livro A Sagração do Emblema e o Livro das Paisagens (1998).

Com uma grandeza de espírito ele escreveu “Memorial Poético” (1958/1985), a obra metrifica perfeitamente sua visão sobre o exílio, e metamorfoseia no poema “Metamorfhoseon”, uma fábula que se desfaz, e volta sobre o mar ensanguentado e embriagado entre as luzes das estrelas.

“A fábula desfeita se refaz no encontro das memórias redivivas; volta o verde das chuvas, volta o aroma vegetal das espigas. Por sobre o mar a lua ensanguentada aderna lenta como nave bêbeda” (…) diz um trecho do poema.

Nos poemas Canção dos Astronautas, Geocosmos e Soneto Lunar, neste mesmo memorial de poesias, relata da ida do homem à lua, do universo e suas cavidades formadas por faces de múltiplas verdades.

Suas maiores influências literárias foram, dentre elas, Além de Guerra Junqueiro, Raul de Leoni, Antero de Quental, Cecília Meireles, Jorge de Lima, da invenção de Orfeu, do livro de sonetos. As obras de poesias mundiais que mais o agradava eram os clássicos: Dante Alighieri com a Divina Comédia, Bodeller, entre outros poetas franceses.

Passava os dias lendo e traduzindo, com muita dificuldade devido a sua saúde, a obra De Rerum Natura, uma interpretação do poeta latino Lucrécio, com várias notas elucidativas. No período áureo da literatura paraibana se tornou amigo do escritor pernambucano Mauro Motta, Carlos Pena Filho, Ascendino Leite, dentre outros.

Vanildo Brito marcou por ser um escritor e filósofo dedicado às suas obras e leituras. Um dos grandes nomes da vertente que podemos chamar de clássico-moderna da poesia paraibana. O escritor e mentor da “Geração 59” foi um dos responsáveis pela renovação da linguagem e estética da literatura paraibana, por várias décadas. Segundo Hildeberto Barbosa Filho, esta foi a geração que colocou a poesia paraibana dentro do Modernismo brasileiro com 30 anos de atraso.

Vanildo Brito era poliglota (Português, Inglês, francês, italiano, e um pouco de Alemão, Esperanto, e Interlíngua). Ele veio a falecer no dia 22 de julho de 2008, aos 71 anos de idade, após lutar contra um câncer.

Poema de Vanildo Brito:

A Raça-Mãe e suas geometrias

já sepultas estão. Porto sem caís,

o Planeta contempla as suas luas

sulcando o sulco amargo dos canais.

A Raça-Mãe rumina o seu degredo.

Aquém no tempo, naves ancoradas

Syrtis Major, Calixto, Ganimedes

ó memória nas rotas orbitada!

Agora a Raça-Mãe ante os humanos:

o milenar e repetido encontro.

Há um gosto de tempo e olhos bebendo

o céu violeta, os gelos e as montanhas.

Como cinza estrelar na imensa tarde

a morte em Marte seus desertos arde.

De: A Construção dos Mitos

 

Fontes:

http://www.linaldoguedes.com/pdf/audio/30012013104434.pdf

http://adrianacrisanto.blogspot.com.br/2008/07/homenagem-vanildo-brito.html

http://www.tjpb.jus.br/tribunal-pleno-aprova-por-unanimidade-votos-de-profundo-pesar-pelo-falecimento-do-professor-e-poeta-vanildo-brito/

http://www.agencia.ufpb.br/vernoticias.php?pk_noticia=2314

http://escritosnoonibus.blogspot.com.br/2011/05/poema-de-vanildo-brito_24.html

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