Naturalidade: Catingueira do Piancó – PB
Nascimento: 1946
Atividades artístico-culturais: Ator e diretor de cinema.
Filmografia: Atuou em Memórias do Cárcere, 1984; Avaeté – Semente da Vingança, 1985; O Homem da Capa Preta, 1986; Rádio Pirata, 1987; Lamarca, 1994; A Árvore da Marcação, 1995; Bela Dona, 1997; Quase Nada, 2000; O Quinze, 2004; Se Eu Fosse Você, 2006. Dirigiu, elaborou o roteiro e foi diretor de arte de O Quinze, 2004; Foi cenógrafo de Quase Nada, 2000.
Jurandir de Oliveira, nasceu em Catingueira, um vilarejo do Sertão da Paraíba com duas ruas que se cruzam. Terceiro de 11 filhos, desde os oito anos trabalhava na construção de estradas. Para que entendesse as plantas, o pai ensinava matemática João recorda, “Chegou na fração, tinha o desenho de uma maçã cortada. Pensava que maçã era uma coisa para obra, como saco de cimento”. Jurandir afirma que não chegou a passar fome. “Dias sem comer, não. Mas que a gente comia praticamente uma vez por dia e mal, isso sim”, conta ele. “Minha casa, nem rádio tinha”, conta ele.
Jurandir só foi à escola aos 15 anos, quando a família se mudou para Patos, uma cidade maior. Nessa mesma época, ele ficou fascinado com o cinema, quando assistiu a “O Bárbaro e a Gueixa”, de John Huston, no qual John Wayne apanhava de um japonês. Relembra, “Gostei dessa história de que os pequenos podem surpreender os grandões.” Com essa história na cabeça ele foi, como outros nordestinos, tentar a vida em São Paulo e, mais tarde, no Rio, onde morava perto da Central do Brasil.
Para se divertir, frequentava a Escola de Teatro Martins Pena, onde assistia a espetáculos gratuitos. Passou a dar tantos palpites que foi convocado pelo ator e diretor Nelson Xavier para participar. Foi aí que Jurandir descobriu sua vocação. O amigo o chamou para fazer o filme “A Queda”, de Ruy Guerra, no qual interpretou o personagem Pedro. A partir daí ele não só atuou em diversos outros filmes, como também trabalhou por trás das câmeras como assistente de direção, cenógrafo, diretor de arte e roteirista.
“O Quinze” é o seu primeiro trabalho como diretor de longa-metragem. No filme ele assumiu não só a direção, o roteiro e a direção de arte como também interpreta o sertanejo Chico Bento, fio condutor da trama escrita por Rachel de Queiroz em 1928. Por esse trabalho recebeu o prêmio de melhor ator do 14° Cine Ceará e melhor direção do 1° Festicine Goiânia.
Jurandir de Oliveira dirigiu o média-metragem “Rachel de Queiroz – VIDA & OBRA”, um documentário em homenagem à primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
O artista foi assistente de cenografia do filme “O Coronel e o Lobisomem”, de Alcino Diniz; foi cenógrafo de “A Terceira Margem do Rio”, de Nelson Pereira dos Santos; em 1994 fez o roteiro de um documentário sobre a Vila de Marcação, encomendado pela TV alemã “Zweites Deutsches Fernsehen” e dirigido por Jussara Queiroz.
Foi assistente de direção do filme “A Guerra de Canudos”, de Sergio Rezende, e atuou como o personagem Firmino; voltou a trabalhar com Rezende no longa “Quase Nada” como cenógrafo, assistente de direção e ator, e ainda fez o personagem Messias. Foi diretor de arte do média-metragem “Eu Sou o Servo” (1998), de Eliezer Filho; roteirizou em parceria com Ney Santana o curta-metragem “Cadê a Massa?” (1992), e por esse trabalho receberam o prêmio de melhor roteiro de curta em 16mm no Festival de Brasília de 1993. Neste curta ele também atuou como o protagonista, João.
Como ator, além de “A Queda”, atuou também em “Memórias do Cárcere”, de Nelson Pereira dos Santos, como Beato Fernando; “Avaeté – Semente da Vingança”, de Zelito Vianna, como Tião; foi o personagem Venâncio em “O Homem da Capa Preta”, de Sergio Rezende; em “A Árvore de Marcação” (1988), de Jussara Queiroz, fez o personagem protagonista, O Inspetor.
Foi o caminhoneiro Manuel em “Sonhei com Você” (1990), de Ney Santana; volta a trabalhar com Sérgio Rezende em 1993 no filme “Lamarca”, onde fez o professor Santa Cruz; no curta-metragem “Rota de Colisão” (1997), de Roberto Duarte, novamente faz um protagonista, O Operário; foi o Mestre Juca em “Bela Donna”, de Fábio Barreto; e no premiado curta-metragem de Luelane Loiola “Como se Morre no Cinema”, interpretou o Dono do Papagaio.
No teatro participou das seguintes montagens: “Quando as Máquinas Param” (1975), de Plínio Marcos; “A Pena e a Lei” (1976), de Ariano Suassuna; “Antígona” (1976), de Sófocles; “Mackbett” (1977), de William Shakespeare; “Descobrimento do Brasil” (1977), de Villa-Lobos; “A Morta” (1978), de Oswald de Andrade; “Medida de Segurança” (1978), de Márcio Augusto; “Canteiro de Obra” (1979), de Pedro Porfírio; “Quanto Mais Gente Souber Melhor” (1979/1980), de João Siqueira; “Serafim Ponde Grande” (1982), de Oswald de Andrade; “A Beata Maria do Egito” (1997), de Rachel de Queiroz; “Lembrar é Resistir” (2001), de Analy Alvarez e Ivan Jaf.
Segundo o artista, sempre que a situação apertava, ele trabalhava como freelancer. Pintava o apartamento de um, consertava a geladeira de outro. “É quase impossível sobreviver como ator, ainda mais com a minha cara”, diz ele, casado e pai de duas moças e um rapaz.
Fontes:
http://www.terra.com.br/istoegente/270/reportagens/jurandir_oliveira.htm
http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-54772/filmografia/
http://www.epipoca.com.br/gente/biografia/75971/jurandir-de-oliveira