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Data de publicação do verbete: 12/12/2016

Canhotinho

Poeta e repentista. O artista é considerado um dos maiores cantadores de sua época. O paraibano era um legítimo representante da cultura popular nordestina.
Data de publicação: dezembro 12, 2016

Naturalidade: Taperoá – PB

Nascimento: 18 de abril de 1913

Falecimento: 5 de junho de 1965 em Campina Grande – PB

Atividades artístico-culturais: Poeta e repentista.

Elísio Felix da Costa, mais conhecido por Canhotinho, é considerado um dos maiores repentistas de sua época. É um legítimo representante da cultura popular. Acadêmico da vida, declamava sua arte em desafios de roda.

Embora canhoto, há relatos de que tocava viola com a mão direita também. Suas poesias eram pensadas e ditadas por ele para seu filho Antônio da Costa e o poeta as cantava de improviso.

A obra poética de Canhotinho era marcada pelo sentimentalismo. Na composição dos seus versos, era um filósofo real, um fenômeno de pensador, um gênio sem letras, autêntico e puro como suas origens.

Canhotinho viajou para cantar pelos estados do Nordeste sempre acompanhado de grandes nomes da música, como Pinto do Monteiro, Manoel Xudu, Otacílio Batista, Lourival Batista, Sebastião José, João Furiba, José Alves Sobrinho, entre outros.

A poética do autor faz também alusão a temas religiosos. A linguagem expressa em seus versos não é absorvida com tanta facilidade. Deste modo, levanta questionamentos aos pesquisadores de sua obra pelo fato de ser iletrado.

Alguns dos poucos poemas registrados do autor são “Inocência e Corrupção”, “Os Três Anjos”, “Veredas da Vida”, “Eu, Ela e a Padroeira”, “A Voz da Ilusão e a Ave-Maria” e “Martelo Agalopado”. O último faz evocação ao crepúsculo, combinado com uma série de reflexões poderosas sobre a vida, o esquecimento e a velhice. Essa melancolia e profundidade nos versos não é uma característica comum do repentista, o que singulariza ainda mais o talento de Canhotinho.

Outras particularidades marcantes e louváveis do poeta analfabeto na caneta, mas dotado de conhecimento, eram a simplicidade e a humildade. Acompanhava qualquer cantador, não tinha vaidade nem boemia, apenas falava através dos versos sobre sua saudade, alegria e sua dor. Era um dos poetas mais requisitados para fazer cantorias.

Existem poucos registros de Canhotinho disponíveis. Os únicos poemas e improvisações estão na “Antologia da Cantoria”, de Otacílio Batista e Francisco Linhares, de 1976. Nela, os autores frisam o contraste entre a ileteracidade e o estro poético do artista. Sendo negro, os temas racistas foram usados por seus adversários nos repentes e pelejas das quais participou.

Em junho de 1965, Canhotinho faleceu vítima de um infarto, aos 52 anos, aproximadamente. Sua morte trouxe uma lacuna impreenchível à poesia nordestina.

Eu canto pra todo o mundo

Com minha vocação santa.

Cantando também se chora,

Chorando também se canta,

A minha mágoa secreta

Confessar não adianta.

(Canhotinho)

Quando era injusto o Brasil,

Os pretos se cativaram;

O choro dos filhos brancos,

As mães pretas consolaram,

E o leite dos filhos pretos,

Os filhos brancos mamaram!

(Canhotinho)

Fontes:

http://cordelnoscocais.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html

http://seer.uniritter.edu.br/index.php/nonada/article/view/178/132

http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/4331233

http://acordacordel.blogspot.com.br/2011/10/cantoria-no-facebook.html

Pesquisador: José Paulo Ribeiro, e-mail: zepaulocordel@gmail.com.

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