Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: 9 de abril de 1932 / Falecimento: 17 de dezembro de 2016
Atividade artístico-cultural: Chargista
Luzardo Alves da Costa era filho de Antônio Alves Cassiano e Júlia Alves da Costa. Começou a descobrir sua vocação artística ainda aos 8 anos de idade quando brincava de desenhar usando carvão e tijolo nas calçadas do bairro de Jaguaribe, em João Pessoa.
Aos 15 anos de idade começou a trabalhar como encadernador no jornal A União, onde de vez em quando fazia alguns desenhos a pedido do gerente. Nessa época, criou um personagem chamado “O Sapo de Orós”. Ainda na capital, foi camelô e gravador de objetos.
Na década de 1960, ganhou um quadro dentro do programa de Fernando Castelão e Luís Geraldo, na TV Jornal do Commércio, em Pernambuco. Nele, o entrevistado da noite fazia um rabisco qualquer e, a partir dele, Luzardo transformava a obra num rosto conhecido ou em algum objeto do cotidiano. Uma vez, de um coração desenhado por Cauby Peixoto, fez uma imagem do “Amigo da Onça”. A ousadia chamou a atenção de Assis Chateaubriand, que acabou levando o paraibano para o Rio de Janeiro para trabalhar na revista O Cruzeiro, junto de Péricles, criador do personagem e Carlos Estevão, da Pif Paf.
Foram seis anos na cidade carioca onde trabalhou com outras importantes figuras do humor gráfico brasileiro como Henfil, Millôr Fernandes, Juarez Machado, Nilson, Redi, Ciça, Daniel Azulay, Ziraldo, Zélio, Jaguar e Fortuna. Além de publicar suas charges em O Cruzeiro, participou também da Revista do Rádio e dos jornais Correio da Manhã e O Dia. Confeccionou, ainda, arte para capas dos quadrinhos destinados ao público infantil como Bolinha, Luluzinha, entre outros.
De volta à Paraíba, Luzardo retomou o seu ofício de gravador. Em 1971, fundou em parceria com jornalistas locais o jornal alternativo Edição Extra, seguindo a linha do semanário O Pasquim. Foi nele que criou, ao lado de Anco Márcio, uma das mais irreverentes personagens dos quadrinhos paraibanos, a “Bat-Madame”, que fazia uma sátira do Batman e dos costumes da região. Apesar das menos de 20 publicações de página única, a obra marcou os leitores do periódico e influenciou as gerações seguintes de chargistas e quadrinistas.
Durante a década de 1970, Luzardo publicou a Charge da Semana, um folheto patrocinado pelo Café São Braz e outros comerciantes, distribuído gratuitamente. Nesses trabalhos havia um personagem chamado Pataconho. A criação representava um morador pessoense que fazia análises e críticas das situações políticas, econômicas e sociais no período em que circulou pelo Ponto de Cem Réis. Alguns problemas estruturais do cotidiano da cidade ainda se encontram registrados nessas obras.
Ainda na produção da Charge da Semana, fixou seus trabalhos numa banca de revistas no Ponto Cem Réis apenas para visualização e apreciação do público da sua mais recente obra na época, um personagem chamado“Zé Boné”.
Em 1973, enquanto trabalhava no jornal O Norte, criou mascotes para os times de futebol paraibanos. Para o Botafogo desenhou o “Botinha, o Xerife do Nordeste”, e o “Macaco Altino”, para o Auto Esporte. “Gostaria de ver meus personagens sendo usados novamente. Que pelo menos voltasse a se falar nesse dois, até porque foram conhecidos antes, mas hoje as pessoas não sabem nem quem criou esses personagens”, lamentava o chargista.
No ano de 1997, a Gibiteca Henfil, de João Pessoa, promoveu uma exposição retrospectiva da obra de Luzardo, cujo catálogo, reunindo as fases representativas de seu trabalho, chegou à segunda edição. Em 2004, teve sua história contada no documentário “Traços de Vida” de Niutildes Batista. Foi também uma das 50 personalidades a integrar o livro de depoimentos chamado “Cinquenta Carnavais”, organizado pelo jornalista Fernando Moura.
Em 2011, Luzardo Alves publicou “Piadas Ilustradas”, um livro de humor com várias charges suas e de temáticas variadas expressas através do seu traço peculiar. “Foi mais um filho que desejei ter. Já há algum tempo tinha vontade de publicar as piadas ilustradas. São piadas minhas e outras que ouvi por aí, pelas ruas, nos bancos de praça. Escuto, lembro e tento deixá-las quase vivas com as ilustrações. Passei quatro meses trabalhando no livro”, contava o autor.
No ano de 2012, foi homenageado no 6º HQPB: Quadrinhos e Cultura Pop na Paraíba. Na ocasião, participou de uma bate-papo com o público e recebeu o 2º Prêmio Made in PB de Cultura POP. Em 2014, teve sua biografia escrita pelo jornalista Gilvan de Brito, que ainda espera por algum interessado em editá-la.
Luzardo Alves faleceu na noite do dia 17 de dezembro, em João Pessoa, aos 84 anos, devido a problemas cardíacos. O artista trabalhava como colaborador do jornal JÁ, da capital. Era irmão do compositor Livardo Alves e do cantor Leonardo Alves, também já mortos.
O artista, assim como fazia nas joias e em outros objetos, gravou profundamente a alma dos pessoenses e dos brasileiros. Suas charges, quadrinhos, cartuns e tirinhas estão marcadas nos corações e na história das artes gráficas do país.
Fontes:
http://marcadefantasia.com/albuns/foradeserie/luzardo/luzardo.htm
http://www.memorialhqpb.org/autores/luzardoalves/luzardoalves.html
http://culturapopular2.blogspot.com.br/2011/07/luzardo-alves.html
http://artesvisuaisparaiba.com.br/artistas/luzardo
https://hqpb.wordpress.com/tag/luzardo-alves
http://juneldomoraes.blogspot.com.br
Entrevista/Inventário/Paraíba/Criativa/Gilvan/de/Brito