Município: João Pessoa
Ano de Fundação: 1974
Formação: Pedro Osmar / Paulo Ró
Gênero Musical: música experimental, música popular
Jaguaribe Carne é um grupo formado em 1974 pelos irmãos Pedro Osmar e Paulo Ró, que na época residiam no bairro do Jaguaribe, no centro de João Pessoa. Os dois eram influenciados por todos os sons que chegavam a suas casas, fosse a música clássica que ouviam no rádio, fossem as manifestações culturais que viam com tanta euforia e pulsação, pelas ruas do bairro. Ritmos como ciranda, coco, maracatu, caboclinho, catira e boi se misturam a influências da música do Oriente, da África, das vanguardas européias do século passado, do jazz e da música instrumental brasileira. Destaca-se por ter sido um dos primeiros grupos a fundir elementos estéticos da música experimental e da performance com elementos da música folclórica local. O grupo foi retratado em 2007 no documentário de curta-metragem Jaguaribe Carne: alimento da Guerrilha Cultural.
Fundado em plena ditadura militar, o Jaguaribe Carne teve uma atuação que ia para além da música. Auto-intitulados um grupo de “guerrilha cultural”, o grupo movimentava a vida do bairro com saraus, happenings, exibições de filmes e um trabalho social de inclusão através da arte, tocando frequentemente na rua, em escolas, bibliotecas, teatros e outros espaços públicos. O posicionamento político radical à esquerda aproximou o grupo do movimento punk que nascia na cidade na década de 1980. No mesmo período, fizeram parte do núcleo do PT e participaram do “Movimento Contra a Carestia” organizado pelo PCdoB.
O caráter aberto e improvisado do Jaguaribe Carne permitiu que sua formação mudasse constantemente, orbitando ao redor dos irmãos Pedro e Paulo. Nomes como Chico César, Escurinho, Totonho e Jarbas Mariz passaram pelo grupo em seus anos iniciais. Ao longo do tempo, o grupo se tornou mais conhecido e ultrapassou a fronteira da Paraíba, chegando a se apresentar no Festival de Jazz de Montreux em 1999. O CD de 2003, “Vem no Vento”, conta com participações de Zeca Baleiro, Xangai, Elba Ramalho, Vital Farias, Elomar, entre outros.
Em 1974, Pedro e Paulo fundam o Grupo Jaguaribe Carne de Estudos, um verdadeiro laboratório de estudos e práticas culturais, que tinha como objetivo tomar conhecimento do maior número de dados, informações, estudos e experiências sobre arte, política, educação, cidadania. Ou seja, tudo que estivesse a serviço de uma proposta transformadora através da arte e da cultura. Desde então, não somente a música do Jaguaribe Carne, mas toda a sua atitude política em si, vem influenciando diversas gerações que se deparam com seus trabalhos e suas pesquisas. Na música, a produção do grupo é tão intensa quanto as produções individuais dos dois irmãos, em projetos solo.
O Grupo é criador de movimentos culturais como a Coletiva de Música (1976), Musiclube da Paraíba (1981), o Projeto Fala Bairro (a partir de 1982), Movimento de Escritores Independentes – MEI (1984), além de ter participado ativamente da criação do projeto Fala Bairros arte-educação comunitária em 1982, no bairro de Jaguaribe, “De pé no Chão também se aprende a Ler” do Rio Grande do Norte e da CEPLAR Campanha de Alfabetização Popular da Paraíba que ajudaria a viabilizar o método Paulo Freire de educação popular, Grupo História Viva de Mangabeira, Vivência de Mandacaru, Araponga e Boca da Noite.
As pioneiras experiências do Jaguaribe Carne apontaram outras direções para o fazer musical, deslocando o eixo geográfico para os bairros, abordando temáticas inéditas e recusando os caminhos da indústria fonográfica. O Jaguaribe Carne levou às últimas conseqüências suas intervenções, propondo inclusive diferentes formas para as apresentações, transformando os “shows” em verdadeiros manifestos que ultrapassavam os limites do repertório musical.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jaguaribe_Carne
http://tnb.art.br/rede/jaguaribecarne
http://www.gasolinafilmes.com.br/jaguaribecarne/sobrejaguaribecarne.html