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Data de publicação do verbete: 25/05/2018

Maria das Neves Baptista Pimentel

Cordelista Paraibana, Maria das Neves Batista Pimentel era filha do poeta e editor de cordel Francisco das Chagas Batista.
Data de publicação: maio 25, 2018

Naturalidade: João Pessoa – PB

Nascimento: 02 de agosto de 1913

Falecimento: 15 de outubro de 1994

Atividades artístico-culturais: Poetisa e cordelista.

Cordelista Paraibana, Maria das Neves Baptista Pimentel era filha do poeta e editor de cordel Francisco das Chagas Baptista. Nasceu em 02 de agosto de 1913, mas foi registrada dia 12 de agosto do mesmo ano, e recebeu esse nome em homenagem a Nossa Senhora das Neves. Seu pai também era dono de uma livraria e uma tipografia, o que facilitou sua entrada no mundo do cordel, a impressão e a comercialização dos folhetos. É a primeira mulher a publicar folhetos, em 1938, com o cordel “O violino do diabo ou o valor da honestidade” publicado e vendido na livraria do seu pai em João Pessoa, cidade na qual morou a partir de 1945 após a morte do seu marido, mas como vivia em uma época preconceituosa e patriarcal ela teve que usar o pseudônimo Altino Alagoano, o primeiro nome de seu marido, Altino de Alencar Pimentel (com quem casou em 1933) e o segundo nome, seguindo a tradição dos cordelistas, remete ao estado onde ele nasceu: Alagoas. Somente a partir de 1970 é que se pode verificar a autoria feminina em publicação de folhetos de cordel. Como ela mesma declara em entrevista concedida a Maristela Mendonça (1993):

 

Todos os folhetos que foram vendidos na Livraria de meu pai ou que foram impressos, tinham nome de homem, eram homens que faziam, não existia naquele tempo, folheto feito por mulher, e eu, para que não fosse a única, né? Meu nome aparecesse no folheto, não fosse eu a única, então eu disse:

– Eu não vou botar meu nome.

Aí meu marido disse:

– Coloque Altino Alagoano.

(PIMENTEL apud MENDONÇA, 1993, p. 70).

 

 

Com dificuldades financeiras Maria das Neves passa a “traduzir” para a literatura de folhetos narrativas oriundas da “literatura alta”, termo que ela usa para se referir às suas leituras eruditas. Foram, então, transpostos para a literatura em versos três romances que deram origem aos seguintes folhetos: O Corcunda de Notre Dame, publicado em 1935, inspirado no romance homônimo de Victor Hugo; O amor nunca morre, inspirado no romance Manon Lescaut, do Abade Prévost, e publicado em 1938; e O violino do diabo ou o Valor da Honestidade, inspirado no romance O violino do diabo, de Victor Pérez Escrich, também publicado em 1938. Em seu processo de criação Maria das Neves pretendia tornar mais acessível semântica e linguisticamente um texto de origem erudita para um público de leitores/ouvintes semiletrados ou totalmente sem conhecimento das regras da língua formal. Outra estratégia que se tornaria importante para a aceitação do público seria optar pela reiteração dos valores patriarcais vigentes na comunidade, dentre os quais a honra e a virtude femininas.

Embora Maria das Neves tenha reafirmado os valores vigentes na sociedade em que vivia, permanece o fato de que, naquele momento e naquele contexto, não havia como seus versos se contraporem aos dogmas instituídos, por duas razões: suas rimas não agradariam o público, e, portanto, não seriam vendáveis, e também porque, tendo sido a cordelista criada no âmbito de uma sociedade tão restritiva como a Nordestina do começo do século XX, era natural que reproduzisse os mesmos valores consagrados pela maioria. Mesmo agindo de acordo com o mundo à sua volta, permanece o fato de que Maria das Neves foi a primeira mulher a produzir e publicar folhetos de cordel rompendo desse modo a hegemonia de décadas de poetas e cantadores masculinos, inclusive no âmbito familiar em que o pais e os irmãos encabeçavam os grandes nomes da poesia popular.

 

Fontes:

https://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano/duas-ou-tres-coisas-sobre-o-cordel-brasileiro-e-seus-protagonistas

http://sertaodesencantado.blogspot.com.br/2011/09/producao-feminina-na-literatura-de.html

http://cordeldesaia.blogspot.com.br/2013/04/maria-das-neves-batista-pimentel.html

http://cordeldesaia.blogspot.com.br/search/label/As%20Mulheres%20do%20Cordel

http://www.itaporanga.net/genero/4/gt02/26.pdf

http://altimarpimentel.blogspot.com/p/blog-page.html

 

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