Naturalidade: Itabaiana – PB.
Nascimento: 1960
Atividades artístico-culturais: Artesão
Tipo de produção cultural ou trabalho manual: Artesanato.
Matéria prima utilizada: Madeira
Na pequena comunidade de Alto da Boa Esperança, Oziel Dias Coutinho é muito conhecido pelos seus trabalhos em madeira. Oziel nasceu em Itabaiana em 1960, uma região da Paraíba que se situa geograficamente na chamada região agreste do Estado. Ali predominam terrenos pedregosos, escassez de água, vegetação de caatinga.
No sítio onde mora Oziel, entretanto, a natureza reuniu condições mais propícias. O solo, por ser uma baixada, é rico em matéria orgânica e aqui e ali correm pequenos regatos. Quase todas as famílias vizinhas têm seu plantio doméstico de macaxeira, suas galinhas e cabras. Mas ninguém tem ilusões. Ao redor predomina a hostilidade do agreste e se não chover na hora certa o pequeno oásis é engolido pela falta de umidade e a canícula.
Difícil imaginar que num lugar assim possa surgir, praticamente do nada, uma sensibilidade como a de Oziel, arguto observador da natureza, dos homens e dos animais que vivem naquelas paragens.
A sobrevivência da família, contudo, não vem toda do fazer artístico de Oziel, mas de seu trabalho de construtor de móveis rústicos, muito apreciados na região. Sofás, pequenos armários, camas, emergem surpreendentemente de uma profusão de restos de árvores e pedaços de madeira de todo tipo, a atulhar a oficina.
Galhos e arbustos miúdos trabalhados pela mão ágil e a imaginação prática de Oziel transformam-se em curioso mobiliário. Daí para começar a esculpir, foi só não resistir certa ocasião à vontade crescente que o dominava, acumulada na medida em que aumentava a experiência, ousadia e confiança no próprio trabalho.
“Eu amo o meu trabalho. Quando pego um pedaço de pau (ele compra madeira para lenha para fazer suas peças), já sei o que vou fazer. Minhas peças começaram a ter aceitação. Continuo fazendo móveis, mas gosto muito dos meus bichos.”
As figuras de Oziel têm a cara do lugar. Os cachorros lembram a Baleia de “Vidas Secas”, magrinhos, atentos e companheiros para o que der e vier. Os cabritos, espevitados, parecem permanentemente dispostos a mastigar alguma coisa. E o jeguinho, conformado à situação, parece aguardar um toque para tocar em frente.
Quanto às mulheres que ele esculpe, despidas e um pouco pudicas, o artista nada explica, limitando-se a sorrir.
O que esperar de Oziel? Ele pode permanecer onde está, um artesão-artista refinado e em rápido desenvolvimento. Mas também pode evoluir e tornar-se um dos grandes escultores do país, pois tem domínio técnico e uma imaginação que não se encontra a toda hora.
Fontes: Galeria Brasiliana
https://www.catalogodasartes.com.br/artista/Oziel%20-%20Oziel%20Dias%20Coutinho/