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Data de publicação do verbete: 02/05/2019

Jerônimo Soares

" Jeronimo Soares é um dos mais notáveis gravadores populares do Brasil. Suas madeiras para as capas de folhetos de cordel são de real beleza, poderosas e poéticas. "
Data de publicação: maio 2, 2019

Naturalidade: Esperança-PB

Nascimento:  24 de maio de 1935

Atividades artísticos-culturais: Gravador

 

Nascido em 24 de maio de 1935, em Esperança (PB), Jerônimo Soares é filho do cordelista José Soares (o poeta repórter) e de dona Hilda Fernandes Soares e irmão do cordelista Marcelo SoaresJerônimo começou a trabalhar com xilogravura aos 12 anos de idade na sua terra natal. Dali em diante, seu talento não parou de crescer. Mais adulto, foi para São Paulo e ficou por 15 anos expondo suas obras na Praça da República, centro da Capital. “Assim que deixei o Nordeste, comecei a apresentar o meu trabalho. Muita gente vinha me procurar ali”, lembra-se.

Radicado em Diadema/SP, residindo em Jardim Canhema, tem mais de 58 peças produzidas. Seus trabalhos são continuamente expostos em galerias e museus, a exemplo do MAP e da Pinacoteca de São Bernardo.

O artista desenvolveu um estilo próprio a partir de uma agulha especial feita de aço que inventou em 1978. Com esta ferramenta “costura” a madeira para dar origem as suas criações que ilustram capas de livros, CDs e folhetos de cordel.

Sua notoriedade veio a partir do álbum sobre acidentes de trabalho produzido para a revista Xilon editada na Alemanha. Hoje é possível encontrar suas obras na Suíça, França, Japão, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Portugal e França. Tradição esta que se perpetua na família, o irmão Marcelo, o filho Anderson (Nino) e o neto Wesley também mostram talento com a madeira.

Jeronimo possui ainda obras publicadas nos principais jornais brasileiros: O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Jornal da Manhã, Diário do Grande ABC, Correio Brasiliense, Diário de Pernambuco e outros.

Segundo Jorge Amado: “Jeronimo Soares é um dos mais notáveis gravadores populares do Brasil. Suas madeiras para capas de folhetos de cordel são de real beleza, poderosas e poéticas”.

Seus principais álbuns são:

– A Via Sacra segundo Jerônimo, com versos de João de Barros;

– 10 xilogravuras de Jerônimo, com apresentação de Jorge Amado;

– Cinco xilogravuras populares, com apresentação de Joseph Luyten

E as xilogravura dos folhetos: Fofocas de futebol e Pega ladrão de José Soares; A mulher de quatro metros que andava de feira em feira, de Enéias Tavares dos Santos; Acidentes no trabalho na construção civil, de Severino José.

Sendo considerado um dos maiores xilogravadores populares do Brasil, foi lançado o livro “Na Ponta da Agulha: Jerônimo Soares, Mestre da Xilogravura”, organizado por Andréia Alcantara, Lyara Apostolico e Ricardo Amadasi,  com sua obra completa.  O livro representa o coroamento de uma obra grandiosa de um artista que já dispensa o rótulo de “popular”.  Um artista dono de uma prodigiosa imaginação criativa, artesão que empresta à madeira sombras, tons, profundidades, abismos, imagens particulares que o tornam único e reconhecível.

Nas palavras de Jorge Amado: ” Jeronimo Soares é um dos mais notáveis gravadores populares do Brasil. Suas madeiras para as capas de folhetos de cordel são de real beleza, poderosas e poéticas. Refletem a identidade do artista com a vida sofrida e a imaginação invencível do povo. Vindo do cordel – sendo ele próprio nascido em família de trovadores – os álbuns que tem realizado ultimamente nos dão a medida do talento e da poesia de Jerônimo Soares e o situam em posição singular entre os gravadores ingênuos. Ingênuos? Talvez os mais sábios de todos: os mais brasileiros, certamente.”

Em 2004  Jerônimo recebeu uma homenagem em Diadema (SP) e teve um cordel escrito por César Obéid sobre ele.

Cordel em Homenagem a Jerônimo Soares

*Este cordel foi escrito para divulgação evento que homenageou Jerônimo em agosto de 2004 em Diadema.

 

 

Apresento minhas rimas

Em cordel, verso e poema

Pra dizer de grande Núcleo

De Cordel de Diadema

Que durante o mês de agosto

Vai estar lá no Canhema.

Centro Cultural Canhema

É a casa Hip- Hop

Um dos maiores acervos

Sempre subindo o Ibope

Em agosto abre as portas

Para rima e galope.

Aos irmãos do Hip- Hop

Todos nós agradecemos

Duas artes, dois destinos

Na união sempre crescemos

Por abrirem suas portas

Nunca mais esqueceremos.

Vai ter rimas em teatro

E também em cantadores

Cancioneiros, cordelistas

Bonecos, aboiadores

A viola e o repente

Xilos e pesquisadores.

Mais de oitenta bons artistas

Demonstrando o painel

Da cultura do repente

Do poeta menestrel

Só tem três anos de idade

Nosso Núcleo de Cordel.

Um gigante painel

Vai pairar por esses ares

Invadindo corações

Almas, ouvidos e lares

Pra prestar justa homenagem

A Jerônimo Soares.

Um dos grandes gravadores

Que existem no Brasil

Um filho da Paraíba

Meigo, forte e gentil

Da cidade Esperança

Todos damos nota mil.

Em 24 de maio

No ano de 35

Nasce esse nordestino

Já dizendo: – Eu já destrinco

Nasci pra talhar madeira

E com xilo eu nunca brinco.

Filho de José Soares

Poeta paraibano

Um dos maiores poetas

Cordelista soberano

Foi-se em 82

Mas deixou seu belo plano.

A mãe é Hilda Fernades

Mulher de delicadeza

Pois a mãe de um artista

É rainha, é princesa

Dando a luz ao nosso mestre

Ao Otávio e a Tereza.

Parte da sua Esperança

Bela cidade Natal

Vai morar lá no Recife

Onde é lindo o litoral

Sempre talhando madeira

Trabalho vocacional.

Mas o homem nordestino

Vem pra essa terra fria

No ano 59

Muito medo e agonia

Mas recebe o bom abrigo

Da sua formosa tia.

Digo já das profissões

Que fez esse talhador

De automóveis, Jerônimo

Trabalhou como pintor

E por trinta e cinco anos

De sanfona, tocador.

Formou um trio lá chamado

“Jerônimo do Sertão”

Que levava o forró

E também badalação

Nesta vida com sanfona

Já tocou com Gonzagão.

Esse homem talentoso

Sempre foi um felizardo

E com a Maria de Lurdes

Juntou panos, juntou fardo

E a filha é Rosângela

Hoje mora em São Bernardo.

Separou e se uniu

À querida Roseli

Que nasceu na Paraíba

Mas os filhos são daqui

Adriana e jovem Nino

Hoje estão conosco aqui.

Nino está no seu caminho

Pra o sucesso sempre vai

Tem um traço diferente

E da xilo não mais sai

Nós ganhamos um talento

Seguindo os passos do pai.

Adriana se uniu

Com Zé Alves em afetos

Adriana concebeu

Em seus sonhos e projetos

Welenci e Émile

São os seus queridos netos.

De outro irmão paterno

Do Jerônimo vou falar

É o Marcelo Soares

Um artista exemplar

E gigante cordelista

Talha xilo sem parar.

Do Jerônimo, minha gente

Eu confesso as diretrizes

Desd’os doze anos talhando

Mais de 4 mil matrizes

Essa máquina de talento

Deixa todos tão felizes.

Ele sempre foi gigante

Nunca vai ser esquecido

Disse que depois do Núcleo

Ficou bem mais conhecido

Vive em capas de jornais

Esse velho é convencido…

E falou para o poeta:

– Faça um verso tão profundo

Diga que o Jorge Amado

Disse em menos d’um segundo

Que sou o melhor gravador

Que existe neste mundo!

Fez xilos para muita gente

Velha e nova geração

Eu tenho bastante orgulho

De tê-lo em meu coração

Fez mi’a xilo pro Natal

Primavera e São João.

Nesse evento de homenagem

Vai ter muita cantoria

Repentistas da cidade

Zé Luiz com simpatia

Também Manuel Ferreira

E Passo Preto da Bahia.

 

A dupla de aboiadores

Zé de Zilda, Noé de Lima

Que são filhos de Sergipe

Vão fabricar muita rima

Junto com Orlando Dias

Um poeta que só prima.

 

Falo já dos cordelistas

Expandindo o meu leque

Moreira de Acopiara

Costa Senna sem ter breque

Eu, o poeta paulista

E nosso mestre Valdeck.

 

Repentistas não sabemos

Quais serão as trajetórias

Nem tão pouco quais as duplas

Que terão suas vitórias

Pra chegarem à final

Farão eliminatórias.

 

Em duas eliminatórias

Em parceria da Ucran

A União dos Cantadores

Que do verso sempre é fã

Nosso ‘Bastião Marinho

O presidente titã.

 

A final é no Canhema

De poetas repentistas

De migrantes nordestinos

Lindo time de artistas

Com violas afinadas

E estrofes não previstas.

 

Haverá uma exposição

Todo o mês lá permanente

Cristhian Montagna, o fotógrafo

Afinou a sua lente

Para o público apreciar

Xilo, cordel e repente.

 

A Nireuda Longobardi

Gravadora exemplar

Também estará presente

Para a festa ilustrar

Nesta grande exposição

Da cultura popular.

 

São três peças de teatro

De atores que consomem

Taubaté nos mando logo

“Sinhá Moça Lobisomem”

De Campinas vem “Cordel”

Com bonecos feito homem.

 

Com a “Feira de Cordel”

Farão justa homenagem

A esse grande gravador

Que mantém sua coragem

Para o caminho da arte

Ele leva sua bagagem.

Terão os pesquisadores

Que já passaram no teste

O saber em cada um

Todo instante se veste

Provando que arte é viva

Dentro e fora do nordeste.

 

Jerônimo inventou u’a técnica

De agulha sombreada

Para fazer sua arte

Muito mais valorizada

Fez do bairro do Canhema

Há 15 anos, sua morada.

Pra dizer desse amigo

A minha estrofe tece

Um fantástico elogio

Envolvido numa prece

Pra dizer desse artista

Que o mundo inteiro conhece.

Já expôs lá na Suíça

França e também Japão

Portugal e Canadá

Arte que vem do sertão

Esse filho nordestino

Vive a globalização.

 

Do norte ao sul do país

Recebeu a sua arte

Galerias e museus

Esse homem não reparte

O trabalho da gravura

Carregando o estandarte.

 

Termino esse cordel

Com amor e harmonia

Grato por ver esse evento

Da arte, da poesia

Gritarei por todos ares

Salve Jerônimo Soares

Adeus, até outro dia.

 

Fontes:

José Paulo Ribeiro, pesquisador de cordel e cultura popular.

https://historiaesperancense.blogspot.com/2015/02/jeronimo-soares.html?fbclid=IwAR0LipS3_VIwZxciO2HmG7ZwICNCWvAgNRsANq0SP-RKsWwzurwov4RgQFs

http://www.teatrodecordel.com.br/cordel_jeronimo.htm?fbclid=IwAR2EeVQ2zsBiharAyG5M09d9BgBL1ieTHDOCUWLhrqRNHrcDoF7OPhN1M0E

http://alpharrabio.com.br/blog/2013/07/05/mestre-jeronimo-e-toda-sua-obra-em-livro/?fbclid=IwAR0DS1y8yKXS5ISKsQLp4N3WrFO2mBO1U65wuM9ycHZQxvEXhYeR6Fa9jDU

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