Naturalidade: João Pessoa-PB
Nascimento: 1946
Atividades artísticos-culturais: Xilogravador, desenhista, pintor e crítico de arte.
Atividade exercício – profissional: Professor
Facebook: https://www.facebook.com/altinogravura
Contato: (83) 98892-4619
José Altino de Lemos Coutinho é xilogravador, desenhista e pintor e desenvolve seus trabalhos com temas ligados natureza e a consciência ecológica. Ele nasceu em 1946, na Cidade Baixa( Centro Histórico) em João Pessoa(PB). Nos anos 60 ainda na capital estudou nos cursos livres da UFPB, fez artes plásticas com Archidy Picado, Raul Córdula, Arthur Cantalice e Gilvan Samico. Em 1969, foi ao Rio de Janeiro, estudar na Escolinha de Arte do Brasil e frequentou a Escola Nacional de Belas Artes,onde assistiu aulas de Adir Botelho. De 1970 a 1978, José Altino lecionou gravura e participou de projetos da Escolinha de Arte do Brasil. As experiências de Altino com arte-educação na capital carioca, estão registradas no livro ‘Gravura Brasileira Hoje – Depoimentos – II Volume’, editado em 1996 pela Oficina do Sesc/Tijuca-RJ. Foi também no Rio de Janeiro que ele realizou sua primeira exposição individual, em 1969. Altino é um dos artistas paraibanos mais premiados em salões de arte nacional. Em 1979 ele volta para João Pessoa e passa a trabalhar como crítico de arte na imprensa e na Coordenação de Extensão da Universidade Federal da Paraíba. Foi eleito nesta época presidente da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais da Paraíba e assessor de artes plásticas da Secretaria de Cultura. Em 1980, volta ao Rio e participa, no ano seguinte, do Grupo Armação Oficinas de Arte, Projeto Fotografia, Ponto de Vista da Criança, promovido por Kodak, Funarte e Ministério da Cultura. Retorna então para João Pessoa. Em 2008 recebeu o diploma de Mestre em Artes Plásticas,do Conselho de Cultura do Estado da Paraíba.
As gravuras de José Altino são ambientadas na cultura popular, com grande inspiração da literatura de cordel e do rico imaginário da cultura nordestina. Além dos trabalhos impressos a partir das chapas de madeira, suas gravuras também são impressas a laser, numerados e assinados. Bichos, rostos humanos, figuras do imaginário são temas frequentes nas obras do artista.
Críticas
“(…) Não interessa, preliminarmente, a literatura implícita neste roteiro através do qual Altino libera sua emoção e sua técnica. Mas também num ser romântico e interiormente fecundo, como este artista, a motivação episódica serviu para acrescer de uma unidade ficcional, uma obra já perfeita em sua unidade de linguagem. Nos retratos das filhas da rainha Miramar temos os ousados blocos negros da impressão com os veios sensíveis da madeira valorizando aquela carne escura e linear, quebrada às vezes pela vermelhidão de um coração formalmente elementar. Uma das filhas tem cabelos de serpentes, como a medusa; um personagem masculino brota como um sinal de sedução num elemento feminista; as mesas selvagens e despojadas apresentam o delírio de uma gula venenosa, digna da intimidade de uma corte sombria. Disso tudo, com isso tudo, José Altino construiu uma série incorruptível de emblemas romanescos e trágicos, sem qualquer aparato que não seja o largo gesto do impressor, sobre matrizes trabalhadas com economia de meios e densa voltagem emocional (…)”
Walmir Ayala
ALTINO, José. Xilogravuras. Apresentação Walmir Ayala. São Paulo : Centro Cultural São Paulo, 1985.
“José Altino é polêmico: defendendo a xilogravura contra sua desqualificação pelos promotores do metal, tal como desencadeada nos anos 50 e, para ele, ainda não de todo contida, não cai no oposto, pois não erige o cordel, sua referência gráfica, como universal enquanto regional. Não se insurge contra o internacionalismo como tal, mas contra o oportunismo dos que imaginam segui-lo, inconsistentes. Para ele, o Brasil, como multiplicidade artística, tem no cordel uma possibilidade de figuração a ser preservada contra os defensores reducionistas da pesquisa técnica, insistente em críticos e gravadores de metal. (…) Mais uma vez, reaparece a oposição da tradição à vanguarda que José Altino desclassifica peremptoriamente por não hierarquizar as técnicas nem as absolutizar: para ele, são contemporâneos Mestre Noza, Gilvan Samico e muitos artistas do circuito internacional, para lá das técnicas”.
Leon Kossovitch e Mayra Laudanna
GRAVURA : arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende; design Rodney Schunck, Ricardo Ribenboim; fotografia da capa Romulo Fialdini. São Paulo : Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000, p. 27.
Depoimentos
“Cheguei ao Rio de Janeiro, vindo da Paraíba, em março de 1969. Passei um ano estudando na Escolinha de Arte do Brasil, mexendo com tudo, freqüentando todos os cursos oferecidos. Freqüentei os cursos do Augusto Rodrigues, do Sérgio de Campos Melo, da Cecília Conde e do Ilo Krugli. O almoço na Escolinha era fundamental para uma boa conversa. Toda a minha formação se deu informalmente através da convivência com educadores, psicólogos, artistas, além dos cursos que freqüentava.
Depois do fechamento do ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio, o da Escolinha de Arte do Brasil permaneceu como única resistência da vanguarda brasileira. Na década de 70, foi este ateliê que segurou a atividade em xilogravura e gravura em metal no Rio de Janeiro, com todas as deficiências, até sem dinheiro para pagar os professores. A pessoa fundamental na minha formação de artista e de arte-educador foi d. Noêmia Varella, que na brincadeira sempre digo que é minha mãe intelectual. Passei o ano de 1969 na Escolinha de Arte do Brasil fazendo todos os cursos possíveis, como disse. Era uma das primeiras pessoas a chegar pela manhã e uma das últimas a sair, à noite. Montava exposição, fazia os trabalhos e almoçava na Escolinha. Cheguei a andar na Escola de Belas Artes, no prédio onde hoje é a Funarte, assistindo a aulas de Adir Botelho (…). A questão da vanguarda versus gravura parte de um equívoco do discurso maniqueísta da vanguarda brasileira dos anos 70. Vale lembrar que a gravura brasileira gozava de grande conceito junto à crítica e ao público de arte, no Brasil e no exterior. O ateliê do MAM do Rio de Janeiro e o ateliê da Escolinha de Arte do Brasil trabalhavam normalmente e com bom aproveitamento. No MAM houve uma reestruturação dos cursos e o ateliê de gravura foi fechado com a desculpa de que gravura é técnica, e aqui a palavra técnica ganha um tom pejorativo. Os cursos do MAM, liderados por Frederico Morais, passaram a considerar a vanguarda como a grande manifestação de arte. Paralelamente a isso, marco do pseudoconflito gravura versus vanguarda, iniciou-se nos salões de arte uma supervalorização das manifestações chamadas de vanguarda, e as técnicas da gravura e da pintura a óleo começaram a ser consideradas inferiores. Anunciou-se, como mais um equívoco, a morte da pintura. Este era o contexto da arte dos anos 70. Cresceu, a partir dos salões de arte, o discurso contra a técnica e também contra o primitivo. O pintor primitivo passou a ser considerado folclórico, algo como explorar o candomblé, as manifestações populares, para ser vendido ao turista, para inglês ver. Os artistas que se autodenominavam de vanguarda desenvolviam um discurso em que a obra de arte como objeto vendável era repulsiva e servia à burguesia – como se fosse possível basear a estética no fato de vender ou comprar. Esta vanguarda era representante da grande pureza anticomercial. Baseados nesse discurso, os salões de arte por todo o Brasil recusavam a gravura e a pintura de cavalete como objetos não expressivos, como arte comercial. E premiavam a chamada vanguarda… “
José Altino – Sesc Tijuca, 5 dezembro de 1987 e 22 de março de 1996
GRAVURA : arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende; design Rodney Schunck, Ricardo Ribenboim; fotografia da capa Romulo Fialdini. São Paulo : Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000, p. 180.
Exposições Individuais
1966 – João Pessoa PB – Individual, na Faculdade de Filosofia da UFPB
1970 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Sala Goeldi
1970 – Lisboa (Portugal) – Individual, no Palácio da Foz
1972 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Instituto Italiano de Cultura. Piccola Galeria
1976 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Galeria de Divulgação e Pesquisa
1977 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Pedro Américo – UFPB
1979 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Batik
1980 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Divulgação e Pesquisa
1982 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Gamela
1982 – Rio de Janeiro RJ – Individual, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1985 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Gamela
1985 – Rio de Janeiro RJ – Individual, no CCCM
1985 – São Paulo SP – Xilogravuras, no CCSP
1986 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Gamela
1989 – João Pessoa PB – Individual, na Galeria Gamela
1999 – João Pessoa PB – Mata Atlântica, na Fundação Cultural de João Pessoa. Sala Funjope
Exposições Coletivas
1965 – João Pessoa PB – 3ª Exposição dos Professores do Curso de Artes Plásticas do Departamento Cultural da UFPB – 1º prêmio em xilogravura
1965 – Olinda PE – Artistas Paraibanos, na Galeria da Ribeira
1970 – Ouro Preto MG – 4º Festival de Inverno. Gravura: tendências várias
1971 – Rio de Janeiro RJ – 3º Salão de Verão do Jornal do Brasil – prêmio aquisição
1972 – Belo Horizonte MG – 4º Salão Nacional de Artes Plásticas de Belo Horizonte
1972 – Curitiba PR – 29º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra
1973 – Niterói RJ – 2ª Mostra de Artes Visuais do Estado do Rio de Janeiro – Prêmio Guignard de Aquisição
1973 – Rio de Janeiro RJ – 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 – Florença (Itália) – 4ª Biennale Internazionale Della Gráfica D’Arte
1974 – Rio de Janeiro RJ – 23º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 – Rio de Janeiro RJ – Coletiva, na Galeria do Ibeu
1975 – Rio de Janeiro RJ – 24º Salão Nacional de Arte Moderna
1975 – Roma (Itália) – Festival Dei Due Mondi
1977 – Goiânia GO – 3º Concurso Nacional de Artes Plásticas da Caixa Econômica do Estado de Goiás – premiado
1977 – Rio de Janeiro RJ – 1º Salão Carioca de Arte
1979 – Curitiba PR – 2ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Centro de Criatividade de Curitiba – premiado
1980 – Curitiba PR – 3ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, na Casa da Gravura Solar do Barão
1983 – Cincinatti (Estados Unidos) – Brazilian Artists, na Estevez Villas Gallery
1983 – Nova York (Estados Unidos) – Brazilian Artists, na Yvonne Seguy Gallery
1983 – Olinda PE – 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/Olinda
1984 – Curitiba PR – 6ª Mostra de Gravura Cidade de Curitiba. Sala Especial: A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 – Rio de Janeiro RJ – A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1985 – Rio de Janeiro RJ – O Rito das Cores, na Galeria Shelly
1990 – João Pessoa PB – 2ª Arte Atual Paraibana, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba
1993 – João Pessoa PB – Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1994 – São Paulo SP – Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1995 – João Pessoa PB – Mata Atlântica: bichos e pássaros, no Atelier Miramar
1996 – Rio de Janeiro RJ – 1º Salão Sesc de Gravura, no Sesc Copacabana – menção honrosa
2000 – João Pessoa PB – 9º Salão Municipal de Artes Plásticas, no Núcleo de Arte Contemporânea
2000 – São Paulo SP – Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 – Brasília DF – Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 – Penápolis SP – Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
Fontes:
http://artepopularbrasil.blogspot.com/2013/03/jose-altino.html
JOSÉ Altino. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9103/jose-altino>. Acesso em: 03 de Set. 2019. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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