O termo cristão-novo foi uma designação dada em Portugal aos judeus convertidos ao cristianismo e seus descendentes. A colonização da América Portuguesa, possibilitou a migração dos cristãos-novos e judeus para muitas regiões do Nordeste, entre elas a Paraíba. Porém, depois da intensificação da Inquisição e expulsão dos holandeses, muitos judeus se recusaram a deixar a colônia, então eles foram obrigados a adentrar cada vez mais fundo no sertão nordestino.
A Paraíba foi um foco de judaísmo desde o século XVI. Eles possuíam algumas posses, tiravam sua subsistência da agricultura e possuíam alguns escravos. Era um grupo com boas condições financeiras, coeso, fechado, endogâmico e frequentava a igreja apenas para não sofrerem represálias, mas em suas casas realizavam cerimônias que aprenderam com seus familiares, tradições que foram transmitidas entre gerações.
Por ter muitos suspeitos de judaísmo, a Paraíba foi um lugar que sofreu com diversas investigações da Inquisição. O primeiro representante da inquisição no Brasil teve ordens de investigar a região, e João Nunes, cristão-novo que teve um papel importante na nossa colonização foi denunciado por ter dito “quando me ergo pela manhã que rezo uma Ave Maria, amarga-me a boca”.
Apesar da limitação de sua liberdade, os cristãos novos forjaram uma nova identidade cultural particular, uma mistura entre as tradições judaicas e a sociedade em que estavam inseridos, possuindo um papel importante na construção de uma cultura brasileira.
Muitas tradições judaicas foram introduzidas e ressignificadas dentro da cultura paraibana. Eles impactaram na transmissão de saberes muito fortes em nossa sociedade, alguns se perderam com o tempo, outros ficaram apenas nas memórias, outros estão explícitos até hoje. Eles mudaram a forma como era tratado o pós-parto, como deveria agir durante a menstruação, como deveria acontecer o casamento e o que era bom ou não comer.
Além de influenciarem, foram influenciados por estarem inseridos em uma sociedade cristã, produzindo novas práticas e estilos de vida judaica.
Grace Vasconcelos
Fontes: