Naturalidade: Guarabira-PB
Nascimento: 03/11/1982
Atividades artístico-culturais: Atriz , diretora e professora de teatro, televisão e cinema.
Instagram: @CelyFarias
Facebook: https://m.facebook.com/profile.php?id=588504039
Site: https://www.celyfarias.com/
Coletivo Atuador: https://coletivoatuador.com.br/cely-farias/
Prêmios:
Remoinho | curta-metragem | direção de Tiago Neves
Prêmio de Melhor Atriz na Mostra Tropeiros do 15º Festival Comunicurtas | 2020 |
Prêmio de Melhor Atriz na Mostra Nordeste do IV Curta Caicó | 2021 |
Kátia Celyane Farias Schmitt, de nome artístico Cely Farias, desde criança sempre foi muito ligada às artes, à cultura popular, à dança. Fez curso de Teatro aos 10 anos pelo CENATED. Na escola e na igreja também participava dos grupos artísticos. Depois, ao ingressar no Ensino Médio no CEFET-PB (hoje IFPB), fez oficina de teatro com a Professora Palmira Palhano, onde esse se apaixonou de vez pelo teatro e então nunca mais deixou de fazer. Passou a fazer parte do grupo de teatro do CEFET durante todo o ensino médio. Em paralelo fez o curso de formação de atores do Teatro Santa Rosa, na época coordenado por Roberto Cartaxo, que dirigiu seu primeiro trabalho profissional – o espetáculo Deus Danado. Desde então não parou mais. Apesar de ter feito outras formações (Processamento de Dados, Geoprocessamento) e até ter trabalhado em outras áreas, sempre manteve a atividade artística como prioridade em sua vida. Cely se formou em Artes Cênicas pela UFPB, onde também fez a Especialização em Representação Teatral, e depois fez o Mestrado também em Artes Cênicas na UFRN. Hoje a atriz vive exclusivamente de sua arte, seja como atriz, diretora, professora, trabalhando no teatro, na televisão ou no cinema.
Além da Universidade (seu primeiro vestibular foi em Artes, contrariando as expectativas dos familiares que desejavam uma médica), ela não deixava escapar absolutamente nenhuma oficina na área. Teatro de rua, teatro de bonecos, teatro do absurdo, teatro infantil, história do teatro, etc… Se fosse sobre teatro, Cely estava dentro. Fez muitas oficinas pelo Sesc, pela Funesc, pela Funjope, ou nos Festivais de Arte promovidos pelos governos, numa época em que eram bem frequentes, ou nas maravilhosas Mostras Estaduais de Teatro. Esses eventos também proporcionavam relacionamentos com as pessoas que já estavam na estrada há mais tempo, pessoas muito generosas que em todo o tempo incentivaram ela a continuar.
“Ter trabalhado com Palmira, no CEFET, também foi primordial para eu acreditar no meu potencial e investir no meu sonho. Além dela ser uma artista incrível, ela é uma professora muito inspiradora. Roberto Cartaxo também tem um papel marcante na minha história, ele me deu muitas oportunidades ainda quando eu era aluna do curso do Santa Rosa. Fiz três espetáculos com ele somente no primeiro ano e depois continuamos trabalhando juntos por um bom tempo. Ele tinha um ar durão, mas sempre foi muito apaixonado e sabia envolver as pessoas em grandes projetos” , declarou a artista.
Com o tempo, trabalhou com outros grandes nomes, Fernando Teixeira, Eliézer Rolim, teve também grandes mestres na UFPB, como Eleonora Montenegro, Everaldo Vasconcelos, Daniela Kuhn, Paula Coelho, Christina Streva e por aí vai.
“Todos foram primordiais na minha formação e hoje somos, além de amigos, colegas de profissão”.
Em 2005 foi uma das fundadoras do Grupo Graxa de Teatro, do qual faz parte até hoje. Além do Graxa, também é integrante do Parahyba Rio Mulher e do Coletivo SerTão Teatro. E eventualmente trabalha fazendo parcerias com outros grupos e artistas da cidade.
“ O Teatro em João Pessoa é uma rede de muita troca e eu tenho um trânsito bastante fluido nesse meio. Adoro trabalhar com pessoas novas, conhecer novos modos de criar, ensinar e aprender”.
Sua família sempre a apoiou como pôde. Seus pais sempre a deixaram muito à vontade para escolher o que queria fazer. Jamais a impediram de seguir seus sonhos, pelo contrário, sempre estão presentes em suas estreias, na primeira fila do teatro ou do cinema ela sempre via carinha deles. Embora eles não tivessem muita proximidade com o meio artístico na época em que começou a fazer teatro, eles admiravam o que ela fazia e a incentivavam a continuar. Hoje Cely acredita que isso tenha influenciado inclusive o interesse deles pela arte em geral.
Antes de Cely ninguém seguia carreira nessa área. Mas depois, uma prima adolescente, Marcelle, e uma sobrinha criança, Sofia, também tem se dedicado à arte.
A principal dificuldade que ela enfrentou no início foi a incerteza sobre conseguir ou não sobreviver de sua arte. E por isso ela sempre buscou outras formações, por uma questão de segurança mesmo. Ao mesmo tempo que manteve o seu empenho e dedicação em conhecer mais, se aperfeiçoar e aproveitar todas as oportunidades que surgiam em sua área.
Em resposta a pergunta- Qual o seu trabalho preferido?
“É muito difícil escolher um trabalho preferido. Cada um tem um sabor muito especial, tem um processo de construção próprio, um recado diferente. Acho que a gente tem a tendência de gostar daquele trabalho que você está fazendo no momento, né? Porque está pulsando. Eu gosto muito dos meus últimos trabalhos no teatro: Instruções para Ser Humano, do Grupo Graxa, Parahyba Rio Mulher, e Alegria de Náufragos, do SerTão. Na televisão eu tenho muito carinho pela minissérie O Sumiço de Santo Antônio, que dirigi ao lado de Valeska Picado e que está em fase de pós produção. Já no cinema, gosto muito do longa Ambiente Familiar, dirigido por Torquato Joel, no qual atuei, e também do curta Pele Fina, de Arthur Lins, onde fiz a preparação do elenco e cujas gravações foram interrompidas por causa da pandemia”.
Durante a pandemia:
“No início foi muito difícil o impacto que eu senti, o medo, a falta de informação sobre o que de fato estava acontecendo. Acho que aconteceu com todo mundo isso de “ficar sem chão” por um tempo. Depois fui tentando separar um pouco o que era coletivo do que era pessoal e isso me ajudou a encontrar um certo equilíbrio. Infelizmente estamos vivendo um contexto atípico que além de ser intrinsecamente apavorante, é agravado pelo descaso ou irresponsabilidade de quem deveria cuidar das pessoas. Para elaborar toda essa complexidade, somente a arte pode me ajudar. Unida às minhas parceiras e parceiros de criação, temos tentado criar durante a pandemia, a partir do seu contexto e na tentativa de compreender e amenizar seus efeitos. Juntamente com o Coletivo Atuador, grupo de estudos e práticas sobre atuação no audiovisual do qual faço parte, estou em fase de pós produção da web série (a)normalidade, que será lançada ainda em setembro e que foi completamente produzida durante a quarentena. Já com o grupo Parahyba Rio Mulher, estamos em fase de montagem de um experimento cênico virtual, explorando as diversas ferramentas que o mundo digital oferece. Tenho feito também alguns experimentos audiovisuais com minha família, com quem estou confinada, contando com a expertise técnica de Guilherme Schmitt, meu marido, que também é do cinema. E é assim, buscando diminuir as distâncias e as dores através da arte, ainda que mediada pelas tecnologias, que a gente vai conseguindo se manter sã em tempos tão difíceis.”
“Tem uma frase que Fernanda Montenegro diz que é mais ou menos assim: “Se você quer fazer teatro, não faça. Se você quer ser atriz, não seja. Deixe o teatro, vá embora. Se você não conseguir viver fora dele, então volte.” E é exatamente isso. eu simplesmente não tenho a opção de viver sem o teatro, sem a arte na minha vida, porque sem ela é impossível me manter nesse mundo. Acho que é mesmo uma vocação e não me imagino fazendo nada diferente do que faço. Fazer teatro é um destino. E eu amo”, declarou a atriz.
Fontes:
Entrevista com Cely Farias por Ivanhia Kelly