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Data de publicação do verbete: 12/12/2020

Katiusca Lamara

Musicista
Data de publicação: dezembro 12, 2020

Naturalidade: Cajazeiras-PB

Data de nascimento: 24 de dezembro de 1985

Atividades artístico-culturais: Musicista

Instagram: @KatiuscaLamara

Facebook: Katiusca Lamara 

Canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=JghAzUpXctA

E-mail: katiusca.lamara@gmail.com

Natural da cidade de Cajazeiras no sertão da Paraíba, Katiusca mora em João Pessoa desde 2004. A relação da artista com a música e principalmente com a percussão teve início ainda na infância, através da capoeira. Durante muitos anos ela participou desse grupo e aprendeu a tocar os instrumentos, os cantos e tudo o mais que envolve a música dentro desse contexto. Com o tempo percebeu que gostava e desejava aprofundar os conhecimentos na área. Porém, por questões de falta de professores e escolas de música especializadas em sua cidade, não foi possível naquele momento. Anos depois ao vir morar em João Pessoa, já como estudante da Universidade Federal da Paraíba do curso de Ciências Econômicas conheceu o projeto Círculo de Tambores, e foi uma virada muito importante em sua trajetória, pois conheceu os instrumentos, ritmos e pessoas que a apresentaram novos caminhos, entre eles o professor Francisco Xavier (facilitador do projeto) que a indicou o curso de extensão de música da UFPB.

Depois do projeto Círculo dos Tambores, Katiusca entrou para o curso de extensão da UFPB e deu início aos seus estudos, foi para escola Antenor Navarro para se preparar para o vestibular e conseguiu entrar para Bacharelado em percussão da UFPB, nesse percurso conheceu músicos e projetos como a Brasis, que teve uma grande repercussão dentro de João Pessoa, e deu a ela uma boa projeção no meio artístico local, e os trabalhos seguintes com a orquestra e as calungas, além da participação em shows e apresentações com artistas de renome serviram para consolidar a sua imagem enquanto percussionista, artista e professora. Seguiu estudando e atuando como performer. Hoje é aluna do Doutorado do programa de pós-graduação em Música, atua como percussionista nos grupos Maria sem Vergonha e Orquestra Sânfonica, e ensina percussão através de oficinas coletivas. Além disso, trabalha com produção e pesquisa na área da música.

A artista decidiu seguir essa carreira por identificação, desde pequena ela sempre gostou de escutar música, em sua casa seus pais sempre tiveram o hábito de escutar muita música, principalmente pelo rádio. Quando ela estava maior participou de um grupo de capoeira e gostava de tocar os instrumentos, ela tinha facilidade para aprender e depois para ensinar aos colegas, porém, não tinha um lugar para aprofundar os conhecimentos em música onde morava. Quando veio morar na cidade de João Pessoa, teve a oportunidade de conhecer músicos profissionais e estudar música, e tudo começou a encaixar em seus desejos de se tornar uma musicista e ter coragem de se profissionalizar.

“Na verdade, eu sempre quis ser musicista, o que eu não sabia era o como fazer para começar, e a partir do momento que eu encontrei a porta certa, foi só entrar” comentou a artista.

“As minhas inspirações iniciais são da infância e vieram da escuta do rádio, a minha família, principalmente meu pai, gostam muito de escutar música e isso foi um hábito que herdei deles, então escutei muito Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Marinês, Roberto Carlos, Bezerra da Silva, Jackson do Pandeiro, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Alceu Valença, Raul Seixas e todo o pessoal que geralmente tocava nas rádios AM. Depois, quando eu tive contato com a música da cultura popular como o maracatu, coco, ciranda, ijexá, samba reggae, estes passaram a ser minhas referências também, principalmente na percussão, no tocar coletivo, na oralidade dos conhecimentos, na riqueza cultural, na interação social. Valores e aprendizados  que eu levo para a minha música e para as minhas aulas” comentou em relação às suas inspirações.

Quando perguntada sobre seus trabalhos preferidos Katiusca respondeu: 

“Atualmente eu toco com o trio Maria sem Vergonha, um trabalho que está para lançar seu primeiro episódio com músicas autorais e de amigos compositores dessa nova geração de músicos da cidade. É um projeto que gosto muito. E além do trio, participo da Orquestra Sinfônica Balaio Nordeste, estou nesse projeto desde seu início, são quase dez anos de atividades, já fizemos apresentações por vários estados brasileiros e fora do país também como França e Peru. E foi na orquestra que conheci as meninas Nívea e Carol, e juntas decidimos criar o “Maria Sem Vergonha”. Tenho realizado oficinas de pandeiro e percussão popular através do meu projeto “Quanto vale a oficina?”, uma forma de tornar o ensino de música/percussão acessível para as pessoas que desejam a prática desses instrumentos, então as pessoas contribuem da forma que puderem para participarem das aulas que são coletivas e abertas para todos, e nessas aulas eu trabalho os ritmos da cultura popular, forró, cultura nordestina e brasileira.

E na minha a minha trajetória artística gostaria de destacar alguns trabalhos que atuei, são mais de dozes anos de atuação profissional e nesse tempo pude trabalhar com artistas e projetos que contribuíram para a minha construção enquanto profissional. O primeiro deles é o Círculo de Tambores, que foi a minha porta de entrada para o universo da percussão. Depois a Banda Brasis que me deu a experiência e vivência no Palco. O projeto as Calungas, em que fui uma das fundadoras e entre as atividades têm as oficinas de percussão para mulheres, e o bloco de carnaval, foi um trabalho que atuei até recentemente, principalmente na produção do bloco e das oficinas, esse projeto gerou um movimento importante na cidade de pessoas buscando aprender mais sobre a prática da percussão, e na criação de novos grupos. E o Tambores da Lua que é uma oficina permanente de percussão com aulas semanais e totalmente gratuito”.

“Com relação a minha família essa minha escolha sempre foi vista com muita preocupação, pois existe um preconceito cultural muito grande com a profissão de músico, até hoje o músico sofre com a falta de reconhecimento de seu trabalho enquanto profissão, a falta de instabilidade da carreira, o meio no qual estamos atuando é geralmente ambientes comemorativos e as pessoas confundem o profissional com o lugar em que ele atua. Porém, no mercado de trabalho a instabilidade é algo comum nas diversas áreas profissionais, então o músico assim como qualquer outra pessoa de outra área estará suscetível às intempéries e dificuldades do mercado. Atualmente o músico ampliou seu contexto de atuação, podendo ser professor, produtor, performer, pesquisador, dentre outros, e foi isso que eu mostrei a meus pais e a minha família. Sempre tive o apoio financeiro deles, apesar das ressalvas e medos que eles tiveram quando eu optei por essa carreira. Hoje em dia eles me apoiam e respeitam minha profissão”, comentou sobre a sua família.

Em relação às dificuldades enfrentadas, Katiusca Lamara comentou:

“A primeira delas foi encontrar o caminho para estudar música, me profissionalizar. Eu sempre gostei de música, mas não tive a oportunidade na minha cidade de aprofundar esses conhecimentos como eu gostaria. Foi difícil achar a porta de entrada, eu só consegui quando eu tinha 22 anos de idade, e estava quase terminando uma graduação em Ciências Econômicas. Depois que eu achei essa porta, e decidi seguir por esse novo caminho, a dificuldade foi enfrentar a família diante da minha escolha, depois enfrentar o preconceito profissional por assumir a carreira enquanto musicista e o terceiro foi ser mulher percussionista, pois a percussão historicamente e culturalmente é um universo predominantemente masculino. Mas eu segui, sempre fui muito determinada e amo o que faço e os desafios foram vencidos, as dificuldades enfrentadas e parafraseando Gonzaguinha “começaria tudo outra vez, se preciso fosse”, por que música é o que me move é o meu combustível, e quando eu tive a certeza disso, nenhuma dificuldade foi maior do que minha força de lutar por fazer aquilo que eu gosto e acredito”.

Em 2020 durante a pandemia a artista precisou também se adaptar:

“Estou no isolamento social, sinto falta dos palcos, porém é necessário respeitar esse momento delicado em que o mundo está passando, então estou no meu segundo ano do doutoramento e o tempo que fico em casa é para estudar e escrever a minha tese. Além disso, meu grupo Maria sem Vergonha está no processo de gravação do primeiro EP, então estamos organizando a produção e as etapas de pré e pós lançamento desse projeto. Aproveito o tempo para estudar e praticar os instrumentos, ouvir músicas. Recentemente lancei uma oficina online no meu canal do YOUTUBE “Descomplicando o pandeiro”, fruto de um edital financiado com recursos da Lei Aldir Blanc. E é isso, a gente tenta se reinventar e espera passar esse período para poder atuar nos palcos e voltar as oficinas coletivas presenciais”, relatou.

Fontes:

file:///C:/Users/Bet%C3%A2nia/Downloads/PORTIFOLIO%20ARTISTTICO%202020.pdf 

Entrevista com Katiusca Lamara por Ivanhia Kelly

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