Por Jaqueline Rodrigues
O livro intitulado “Da Lama ao Caos” publicado pela Editora Triluna, é escrito pela poeta travesti, chamada artisticamente de Lama. Ela é estudante de Serviço Social na Universidade Federal da Paraíba e trabalha com outras manifestações artísticas fora a escrita e com 20 anos teve o seu primeiro livro publicado. A escritora busca trazer em sua obra as suas experiências afetivas e resistência em forma de poesia a levando a grandes Universidades no exterior, como Oxford e Yale.
Em entrevista, ela relata que recebeu o suporte emocional e validativo da Aline Cardoso, Organizadora da Editora Triluna e através disso iniciou o processo de autopercepção. O livro divide-se em três partes, sendo elas: Terra, onde relata as poesias íntimas da autora, retiradas dos seus primeiros cadernos de escritas; Metal, retrata a sua identidade e a travestilidade como forma política e por fim, o Sopro, sobre a construção do futuro, expondo o seu personagem a “Lama” em uma viagem completa sobre si mesma e do que caos que a rodeia.
Ser uma mulher travesti
Na obra, a poeta busca falar da realidade enquanto mulher travesti, segundo ela o ponto chave da sua escrita é “a particularidade única de uma travesty (sic)”, isso porque apesar de estarem conectadas em uma rede de experiências, cada uma possui a sua própria particularidade e sua vivência.
Ela ainda informa em forma de conselho ou dica, que as mulheres travestis estejam em soma, ligadas em suas redes e deixar com que elas sejam influenciadas pela potência de cada.
“E Voem, seja uma travesty (sic) alada, vise sempre o topo que há, percebendo sempre o caminho até lá”, finaliza Lama.
Produção da obra
A escrita do livro passou a ser levada em consideração quando a autora percebeu a quantidade existente de poesias em sua rede social, o Instagram e a partir disso, revisitou os seus antigos cadernos de poesias e iniciou o processo de seleção sobre o processo de autoidentificação.
A sua obra faz parte de um projeto chamado “Lua negra”, lançado pela Editora Triluna, a intenção foi de lançar 24 poetas pretas do Brasil e publicar as produções no exterior com o intuito de valorizar e espalhar a arte preta e brasileira pelo mundo. Com isso, o livro “Da Lama aos Caos” faz parte de uma dessas obras e segundo a autora, leva o título e potência da travestilidade.
Ao ser questionada sobre a vivência do lançamento de seu livro de poesias, ela informa que o ponto principal foi se encontrar como potência. No qual, há poucos anos nem sequer se imaginava como escritora e ver isso na realidade, através da Lama – sua forma artística – a fez perceber que ela é o conjunto de todas aquelas que ela leva como exemplo e as inspira. Retrata também que o mais bonito é o brilho nos olhares daquelas que a acompanham ao verem que podem existir como desejam e explorar os seus potenciais travestis.