Por Israela Ramos
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu, na última quinta-feira (9), declarar o forró como patrimônio imaterial brasileiro por unanimidade, a decisão foi anunciada através de uma reunião extraordinária do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural da entidade, o qual também considerou a expressão musical como supergênero. O processo foi aberto em 2011, a pedido da Associação Cultural Balaio Nordeste, de João Pessoa-PB.
Desde 2009 a Associação Cultural Balaio Nordeste realiza fóruns de forró raiz, o evento intitulado Fórum Nacional de Forró de Raiz acontece em edições espalhadas pelo país. O fórum nacional surgiu da união de detentores dos conhecimentos das matrizes do Forró, membros das comunidades forrozeiras de todo o país, além de produtores culturais, comunicadores, pesquisadores e gestores de instituições culturais públicas e privadas. As ações têm o objetivo de promover, estimular e incentivar o desenvolvimento de aptidões artísticas, tendo como base o ritmo do forró, além de discutir políticas e ações para registro e salvaguarda do Forró como patrimônio cultural e imaterial brasileiro.
No início, o forró ocorria como uma criação artística relativa ao universo do homem sertanejo. Pesquisas apontam que o mais provável é que a palavra forró venha do termo forrobodó. O termo já era utilizado em dicionários desde o fim do século XIX como atendendo a práticas pejorativas. A primeira gravação com o termo “forró”, conforme a pesquisa do Iphan, foi feita em 1937 pelos músicos Xerém e Manoel Queiroz, intitulada “Forró na roça”.
Mas, foi Luiz Gonzaga o principal divulgador e representante do forró em todo o País. No começo de tudo, o gênero musical era tocado com três instrumentos apenas: a sanfona, a zabumba e o triângulo. Em seguida, outros instrumentos foram acrescentados à musicalidade, como o pandeiro, a guitarra e a bateria. O reconhecimento do forró como patrimônio imaterial do Brasil aconteceu apenas quatro dias antes do Dia do Forró, celebrado anualmente no dia 13 de dezembro, dia do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião nasceu em 13 de dezembro de 1912.
Segundo Maria Cecília Londres Fonseca, relatora do processo, esse pedido foi antecedido por intensa mobilização de diferentes atores, “manifesto-me plenamente favorável ao registro pelo Iphan das matrizes tradicionais do forró, munidas das formas de expressão com abrangência nacional”, afirmou.
Um patrimônio imaterial é um consenso que abrange expressões culturais que podem ser caracterizadas pelos saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições. De acordo com o Iphan, o forró é considerado um supergênero por agrupar ritmos e expressões musicais como o baião, o xote, o xaxado, o chamego, o miudinho, a quadrilha e o arrasta-pé.