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Data de publicação do verbete: 03/11/2022

Mêves Gama

Mêves Gama foi uma cantora paraibana cujo estilo variava de frevo à MPB, e considerada uma das mais belas vozes da Era de Ouro do Rádio.
Data de publicação: novembro 3, 2022

Naturalidade: João Pessoa – PB

Nascimento: 08 de dezembro de 1939 / Falecimento: 06 de dezembro de 1999

Atividades artístico-culturais: Cantora

Idelvita Pereira Gama deveria se chamar “Mavis”, nome de uma amiga americana da sua mãe, mas o tabelião não sabia como escrever, então sua madrinha Júlia, que foi ao cartório no lugar dos pais, achando que poderia corrigir depois, pediu que colocasse o nome da mãe dela, Idelvita. Ao chegar em casa os pais não concordaram com o nome registrado e todos a chamavam de Mêves.

Nascida em 08 de dezembro de 1939, na rua 12 de outubro do bairro de Jaguaribe em João Pessoa-PB, era filha de Manoel Gama e Inalda Pereira Costa. O seu pai era sapateiro e sua mãe lavandeira, juntos possuíam uma grande quantidade de filhos e por isso passavam por dificuldades financeiras. Mâves e sua irmã Gildete, em janeiro de 1951 quando voltaram os radioteatros com Linduarte Noronha, participaram de um programa de auditório chamado “Matinal do Guri”, no qual tinha disputa de calouros. Ela foi vencedora em uma dessas disputas e logo depois foi convidada para ser atração do programa com apenas 11 anos de idade.

Nessa época os gêneros de maior sucesso eram o samba, o chorinho e o baião, esse último tendo poucos anos antes ganhado projeção através de Luiz Gonzaga. De início, foi com chorinho que Mêves chamou mais atenção, chegando a ser chamada “Garota do Chorinho”. 

Ela era o ritmo em pessoa, uma cantora por demais escolhida para apresentações nos programas de auditório, sempre como atração principal. Considerada a “Rainha do Chorinho”, gostava de executar sambas e chorinhos. Meves tinha orgulho de ser “paraibana da gema”. 

O talento de Mêves chamou atenção de outras emissoras que a queriam no seu “cast”, principalmente as grandes rádios de Pernambuco. Assim, após recusar convite da Rádio Jornal do Comércio, no início de 1956, veio uma oferta melhor da Rádio Tamandaré de Recife, assim o sr. Manoel Gama, vislumbrando a possibilidade de ascensão da filha e a esperança de uma vida melhor em Pernambuco, permitiu que Mêves aceitasse a proposta e a família se mudou para Recife. 

A versatilidade de Mêves também pode ser comprovada no LP “Psicose Musical”, lançado em 1960, o primeiro LP totalmente na voz dela, com músicas do paraibano Arnaldo Leão onde Meves interpreta dentre outras o rock “Canção do Recruta”, primeira das doze faixas, que incluíam ritmos como swing, fox e valsa. Algumas faixas questionam tabus da época e caíram como uma luva na voz de Mêves, que gostava muito de dançar, usar saias mais curtas e pintar os cabelos. 

O LP foi gravado pelo selo “Constellation”, de Campina Grande (PB) e fabricado pela Rozeblint, de Recife. Em consulta a vários colecionadores e pesquisadores, entre eles o professor universitário Ramsés Nunes que está lançando um livro sobre o rock na Paraíba, pudemos constatar que esse foi o primeiro disco com música de rock gravado na Paraíba e Mêves, além de pioneira gravando forró, também foi a primeira paraibana a gravar rock.

Mêves Gama faleceu em 06 de dezembro de 1999, em Recife (PE), vítima de câncer no pulmão, doença adquirida pelo fato dela ser fumante. Na vida pessoal, do casamento com Luiz Queiroga, vieram sete filhos, todos artistas: “Lula Queiroga”, cantor, compositor, poeta, cineasta e escritor; Flávio Queiroga, empresário e produtor cultural; Mevinha Queiroga, cantora e pesquisadora cultural; Lucke Luciano, compositor e músico; “Tostão Queiroga”, baterista; Neno Queiroga, produtor de palco e músico; e “Nena Queiroga”, cantora, considerada “Rainha do Carnaval de Pernambuco” e “A Voz do Galo da Madrugada”. Sua Neta Ylana Queiroga também é uma renomada cantora e seu neto Rafael Queiroga é ator, roteirista e comediante, já tendo atuado em várias novelas e programas de humor. 

Dentre os seus trabalhos podemos citar: Coletânea de músicas juninas “Viva São João” (1958); Interpretou o baião “Receita de Canjica”, e “Forró da Dorotéia”; No Frevo “Segure seu Homem” do renomado compositor Capiba; “Balãozinho Azul” e “Adivinhações” (1959), composições de Nelson Ferreira e Luiz Queiroga; “ A Rifa do Menino” (1960); “A Tomada da Fogueira” (1961); “Balão da Esperança” e “Lesou, Lesou (1962); “Arranjei um Casamento”, “Por que Mudou” e “Minha Roseira” (1963); “Nordeste Cabra da Peste”; “Canto sem Protesto” (1968); “A Volta” (1969); “O Filé de Jumento” (1975); “Só falta chover”; “Zé Piaba”, lançada em um compacto; “Bonde de Burro” e “Banho de Cachoeira” (1976); “Carro de Boi” (1977). 

Provavelmente em 1987 foi produzido mais um disco de Mêves, seria uma guinada na carreira da cantora, com participações de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Genival Lacerda. Porém, segundo o sobrinho da artista, Ricardo Costa, antes do lançamento a gravadora Colibri faliu e esse material nunca foi lançado. Entre as faixas se encontra um dueto de Mêves Gama com Luiz Gonzaga, a faixa “Forró no meu Pé de Serra”, música do compositor paraibano Taty Veloz, seu genro a época, localizamos essa música e trata-se de uma canção inédita com participação do Rei do Baião.

Maiara Alves

Fontes: 

Mêves Gama, cantora de sucesso em pernambuco, primeira paraibana a gravar Forró e Rock* (Jocelino Tomaz de Lima).

* Artigo publicado na revista Correio das Artes (PB), agosto de 2022

Disponível em:

https://auniao.pb.gov.br/servicos/correio-das-artes/edicao-digital-2022/correio-das-artes-agosto-2022.pdf/view

https://ouvindofrevo.wixsite.com/frevo/meves-gama-

Mêves Gama foi a primeira paraibana a gravar forró e rock

Disponível em:

https://globoplay.globo.com/v/10982064/ 

Imagens cedidas pelo pesquisador Jocelino Tomaz de Lima.