O entretenimento é uma das garantias sociais contidas na constituição para toda a sociedade, seja o indivíduo mais abastado ou não. Fazendo jus a esta seguridade alicerçada ao baixo custo do cinema, além da grande capacidade de público e sua variedade de gostos. As salas de cinema, principalmente os cinemas de rua, tiveram grande ascensão em todo país, em destaque no nordeste no século passado.
Porém a decadência começou na década de 70, por diversos motivos: a chegada da televisão, do VHS e, principalmente o crescimento da metrópole, que traz consigo problemas sociais e um inchaço populacional que as grandes salas não puderam suportar. Algumas cidades na PB se destacaram com seus cinemas de ruas.
Cajazeiras:
O Cine Éden teve a presença marcante do gênero pornochanchada na exibição de filmes nacionais. Com o passar dos anos várias mudanças ocorreram na estrutura física e mesmo com as medidas que foram implementadas e estratégias utilizadas para conseguir manter o cinema em funcionamento, logo veio o declínio e processo de fechamento.
O Cine Teatro Apolo XI era parte do complexo de comunicação, instalado pela diocese de Cajazeiras. O complexo era formado por uma emissora de rádio – a Rádio Alto Piranhas, ainda em atividade; um cinema teatro – o Cine Teatro Apolo XI. O espaço destinado ao cinema era moderno para os padrões da época, formado pelo hall, pequenas rampas que davam acesso ao auditório térreo e uma escada que dava acesso ao pavimento superior, onde ficavam os camarotes e a cabine de projeção.
Patos
No ano de 1934, o Cine Eldorado foi incorporado ao cotidiano de Patos. Funcionou de 1934 a 1946 no prédio que se localizava na rua Grande. Com o Eldorado, o imaginário do mundo moderno, foi cada vez mais penetrando no cenário tradicional da cidade. O Cine Eldorado foi ponto de encontro da juventude patoense, onde foram exibidos filmes como O ébrio, E o vento levou, Casablanca, entre outros clássicos. Os jovens sempre arranjavam um jeitinho de ir ao cinema e lá assistiam os romances cinematográficos, mas também viviam os seus.
Sousa
O antigo Cine Moderno foi instalado nos anos 60, era fruto de uma parceria entre Emídio Sarmento e Zabilo Gadelha. Sarmento construiu o prédio e Gadelha instalou as cadeiras e os equipamentos técnicos do cinema. Nos anos 80, a cidade de Sousa ganhou uma sala mais moderna, o Cine Teatro Gadelha; planejado para ser a melhor sala de exibição de sertão da paraibano. A sala ficou em atividade até o final da primeira metade da década de 90.
João Pessoa
Fundados em sua maioria nos anos 1930, tendo seu apogeu entre as décadas de 1950 e 1960 e entrando num período de decadência a partir dos anos 1980, os cinemas do bairro de João Pessoa eram pequenos espaços com lotação que variava entre 250 e 300 lugares.
O primeiro cinema de rua funcionou no Ponto de Cem Réis e chamava-se Pathe. À época, João Pessoa era uma cidade com apenas 30 mil habitantes, concentrada praticamente na parte baixa do Centro.
Em 1911 os italianos Rattacazzo e Cozza instalaram o Cine Rio Branco, no Ponto de Cem Réis. O Cine Jaguaribe pertenceu a Svendsen e depois a Cia Exibidora de Filmes SA, de Luciano Wanderley, foi a primeira sala de cinema de bairro da cidade, fundada em 16 de dezembro de 1932. O Cine Felipéia, inaugurado em 1935, funcionou na Rua da República. Pertencia à Cia exibidora de Filmes SA. Fechou na década de 1960.
Em 1962, a cidade contou com a maior quantidade de cinemas em funcionamento: 14. Havia, então, dois tipos de cinemas: os chamados lançadores, na parte central da cidade, e os dos bairros. O bairro que teve a maior concentração de cinemas foi Jaguaribe, com quatro, e a Rua da República, com três.
Ainda existiram os cinemas Glória, Astória, Brasil, Metrópole, Rex, Santa Catarina, Santo Antonio, São José, Plaza, São Pedro e São Luiz. Os filmes que mais atraíram público nas décadas de 1960/70 foram O Exorcista, Candelabro Italiano, Tubarão, Lagoa Azul, Os Dez Mandamentos e Bem-Hur, todos exibidos em cinemas do centro, como o REX, Municipal e Plaza.
Os cinemas Plaza, Rex e Municipal foram referências no que diz respeito ao cinema de rua em João Pessoa. O Plaza foi o cinema que durou mais tempo na cidade. Foram quase 70 anos de história e exibições. Por sua vez, o Rex e o Municipal são os que conseguiram manter a arquitetura praticamente intacta. Para o escritor Wills Leal o fechamento das casas de exibição foi decorrente da chegada da televisão, reforçado pelo surgimento da internet e shopping centers.
Campina Grande
O cinema em Campina Grande surgiu com a inauguração do Cine Brazil, em 1909 no bairro das Boninas. Em sequência, surge em 1910 o Cine Popular, e por aí foram surgindo mais salas como o Cine Apollo e o Cine Fox, em 1912 e 1918, respectivamente. E mais a frente surgem o Cine São José, o Capitólio e o Cine Babilônia, fazendo a cidade ser parte das principais rotas de exibição de grandes filmes nacionais e internacionais.
Em 1934 o Cine-Theatro Capitólio abriu como portas para espectadores da elite de Campina Grande encerrando com os experimentos dos cines Apollo e Fox. Pouco depois, viria o concorrente Cine Babilônia, inaugurado em 1939 e o Cine São José, em 1949, que ganharia fama por seus preços mais baratos.
O Cine São José encerrou suas atividades no final da década de 1970. O pomposo Cine-Theatro Capitólio sucumbiu em 1999, igualmente exibindo pornô em seus últimos anos.
A falência do Babilônia veio logo depois, em 2000, transformado anos depois em shopping center. Dentre os prédios, apenas o Cine São José mantém a fachada original, apesar de abandonado durante mais de três décadas.
Guarabira
A sétima arte chegou ao município no final da década de 20, a partir da instalação do “Cinema Independência” por Sindô Trigueiro. Naquela época eram exibidas sessões de cinema mudo, pois o progresso ainda não havia chegado à região.
Somente na década de 30 é que o cinema em Guarabira ganha maior intensidade. Na mesma época, o diretor do cinema decidiu mudar o nome da casa para “Cinema João Pessoa”, em homenagem ao mártir da ‘Revolução de 30’. Posteriormente, em 1933, houve a compra de todo maquinário que até então era alugado pela viúva de Sindô Trigueiro, precursor do cinema em Guarabira.
Novamente, o proprietário do cinema resolve mudar o nome do local para “Cinema Guarany”, onde ocorreu a primeira exibição de um filme nacional, ainda em 1933. Como ainda não havia rádio no município, a propaganda dos filmes era feita por meio de cartazes e anúncios públicos.
Já bastante prestigiado em Guarabira, em 16 de agosto de 1935 o cinema teve uma ascensão ainda maior com a chegada do cinema falado. O primeiro filme falado exibido foi “Sombra da Noite”.
Ainda nos tempos passados, a cidade de Guarabira teve mais alguns cinemas, três deles fizeram muito sucesso. O Cine São Luiz foi inaugurado na década de 50. Atualmente o prédio ainda existe. Depois dele, foi a vez do Cine São José, inaugurado por volta dos anos 60. Hoje o prédio continua bastante preservado. Por fim, o último cinema a ser inaugurado na cidade foi o Cine Moderno, por volta dos anos 70. O prédio continua de pé.
Informações dão conta de que a falta de incentivos por parte do poder público fez com que esses equipamentos culturais fossem fechados. Atualmente para ter acesso à sétima arte, os guarabirenses viajam para a capital do Estado, onde é possível assistir às grandes produções cinematográficas.
A queda
A decadência começou na década de 70, por diversos motivos: a chegada da televisão, do VHS e, principalmente, o crescimento das cidades.A especulação imobiliária começou a ocupar os espaços dos cinemas, muitos privilegiados por serem de grande porte e localizados em grandes centros, além de já serem pontos conhecidos pela população. Na mesma época houve o crescimento das igrejas evangélicas, que começaram a ver nas grandes salas espaços ideais. A maioria dos cinemas de rua se transformou em igrejas, mas alguns se tornaram sacolões, estacionamentos e outros tipos de estabelecimentos.
A falta de intervenção do poder público também é um dos principais fatores com a virada da década de 70 para a de 80 em que os cinemas começaram a migrar para os shoppings centers e ofereciam a segurança e conforto que os cinemas de rua já não estavam mais sendo capazes de oferecer. Os shoppings se tornaram um grande centro de convívio e de consumo.Apesar da extinção de boa parte dos cinemas de rua na PB, um único resiste no agreste, na cidade de Remígio.
Euclides Costa
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