Município: João Pessoa – PB
Localização: Centro, Varadouro
Origem: Século XIX
A Rua da Areia é composta por traços neoclássicos, uma das mais antigas ruas de João Pessoa, surgiu no caminho entre duas áreas que são denominadas: Alta e Baixa. Apesar de sofrer com estereótipos e com a marginalização social, a rua se encontra nos perímetros de proteção do Centro Histórico de João Pessoa delimitado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP).
No início do século XX a capital paraibana tinha poucas ruas calçadas, a inclinação da localidade recebia muita água das chuvas que acumulavam muita areia no final da via, surgindo assim o nome “Rua da Areia”. No entanto, em 1870 a rua foi intitulada como “Barão da Passagem” em homenagem a um chefe veterano da esquadra da guerra do Paraguai, chamado Delfim Carlos de Carvalho, entretanto a população não se apoderou da nova denominação, voltando a se chamar “Rua da Areia”. De acordo com Vicente Gomes Jardim em publicação nomeada “Monographia da Cidade da Parahyba do Norte” de 1889, havia cento e quatorze prédios, onde oito eram sobrados, os quais tornavam a Rua da Areia uma das principais vias do Varadouro com um grande número de edificações.
Em 24 de dezembro de 1859 a rua recebeu Dom Pedro II que percorreu com bondes puxados a burro na presença das famílias da alta sociedade pessoense, que lá moravam. Foi na Rua da Areia que surgiu o primeiro carnaval de rua ao longo da década de 10 no século XX, pois não existiam clubes carnavalescos. Os participantes passeavam pelas ruas acompanhados de música. Como relata Aguiar e Mello (1985, p. 108) “Carnaval do passado. Ingênuo pierrôs, alegres colombinas, arlequins multicores. Batalhas de confetes e serpentinas. Rosa Dalva debruçada numa janela na Rua da Areia, vigiada pelo seu pai…”
Foi também na Rua da Areia onde instalaram primeiro os sistemas de iluminação e saneamento públicos. A rua estava entre as primeiras a receber calçamento, passeio e os trilhos por onde viriam a circular o Ferro-Carril, sem contar outros equipamentos da modernidade como saneamento, água tratada e iluminação pública. Assim, sabe-se que a escolha da rua foi devido a parte da elite que lá residia ou era proprietária de imóveis ali localizados.
Sendo assim, durante o século XIX a rua era ocupada pela elite pessoense que era composta por ricos negociantes e senhores de engenho, porém com a expansão da cidade e a abertura da avenida Epitácio Pessoa os moradores foram se deslocando para outras áreas, vendendo ou alugando os seus imóveis, trazendo assim a desvalorização da região. Atualmente (2022), a rua possui três pavimentos da mesma largura, durante o dia há prédios públicos em funcionamento, estabelecimentos comerciais abertos e algumas residências. No entanto, entre os cidadãos a rua é famosa pela boemia, por ser uma área de prostituição e bares, quando a noite cai a rua é dominada por pessoas em busca dos cabarés.
Assim, observa-se que a Rua da Areia era uma das principais vias da cidade por ser essencialmente residencial e abrigar alguns serviços. Esta rua também foi palco de acontecimentos importantes ocorridos na Cidade da Parahyba. Ainda hoje, pode ser encontrado grande parte das antigas edificações imperiais e dos primeiros tempos da República na rua, porém o estado de conservação dos prédios é precário e grande parte dos estabelecimentos encontra-se fechado ou em ruína. O estado da rua só não é de total abandono devido a maior movimentação no espaço que é através dos frequentadores nos pequenos comércios e bordéis.
Suzana Sousa
Fontes:
https://www.visiteobrasil.com.br/nordeste/paraiba/joao-pessoa/cultura/ruas-historicas
https://www.eliashacker.com.br/historia-da-famosa-rua-da-areia-joao-pessoa1/