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Data de publicação do verbete: 29/05/2022

Ruínas da Ponte Férrea do Salgado

Localização: Município de Casserengue – PB.
Data de publicação: maio 29, 2022

Localização: Casserengue-PB

Início da construção: década de 1950

Situação atual: inacabada

Linha Férrea: Independência-Picuhy

História

O trem chegou à província da Paraíba ainda no século XIX. Antes de sua chegada, o problema de distância por aqui era resolvido, na maioria das vezes, pelo carro de boi, que fora uma das principais alternativas até a chegada do trem na província. Por muito tempo a Paraíba se viu limitada a apenas 114 quilômetros de estrada de ferro. Percebe-se assim que, as microrregiões do agreste, brejo e sertão permaneceram distantes das estações ferroviárias. Fato que atrapalhava bastante o crescimento econômico do estado, já que, algumas cidades do agreste, brejo e sertão se destacavam por sua prosperidade econômica.  Muitos foram os decretos que tramitaram nas mãos dos parlamentares da época com o objetivo de prolongar as ferrovias. Entre eles o decreto n° 7632, de 28 de outubro de 1909 o qual fazia menção ao prolongamento de Independência (Guarabira) à Picuí, no qual estava inserida a região estudada. A linha atravessaria uma região de grande produtividade, como também a região do Curimataú, propícias as frequentes secas. O desenvolvimento esperado se manifestava no plano econômico.  A falta de estradas de rodagem de boas condições no estado fazia com que a produção e o transporte de gêneros alimentícios entre regiões gerassem grandes despesas ou perca da carga.  Ao assumir o governo, o presidente Epitácio Pessoa iniciou a construção de novas linhas férreas, que segundo Epitácio seria o combate ao flagelo. Em 1913 o prolongamento da linha Independência-Picuhy atingiu Borborema  e o governo federal se viu obrigado a suspender os trabalhos por falta de recursos. Reiniciados os trabalhos de 1920 e com certa rapidez a linha chega a Bananeiras, com direito a estação e armazém para servir depósito. O plano governamental de seguir com a estrada ferroviária até o município de Picuí encontrava uma certa dificuldade no trecho de Bananeiras, devido a serra da viração, porém esta não impediu que o plano fosse adiante e a solução foi a abertura do túnel para que o trem pudesse passar. O Projeto que ligaria as regiões do Brejo e Curimataú não chegou a ser concluído parando na cidade de Bananeiras. A estrada de ferro era financiada com recursos federais e, ainda em 1922, devido à política econômica adotada por Arthur Fernandes, presidente do Brasil na época. As obras, ora em andamento no Nordeste sofreram diminuições, devido à crise financeira do país.

Logo após a conclusão das obras do túnel de Bananeiras, 25 de novembro de 1923, chegou a primeira locomotiva a cidade atravessando o túnel. O fato foi considerado de grande importância para o município, pois poderia abrir as portas para a propriedade. As obras férreas chegam a essa região por volta da década de 1950, onde ainda não existia a cidade de Casserengue, nem a cidade de Solânea, tudo ainda era município de Bananeiras. Os trilhos nunca chegaram a ser colocados, o trem viria de Solânea em linha reta e seguiria para Barra de Santa Rosa. Até hoje, ainda existem as lembranças. Para cruzar essa região foram usados cortes aterros, pontilhão e a ponte férrea sobre o Rio Salgado. Segundo moradores antigos os cortes de terra eram cavados manualmente e para quebrar as pedras usavam-se bombas e a terra era retirada de jumentos.

A ponte férrea seria o ponto chave de ligação entre as regiões o sítio Salgado (atualmente município de Casserengue, antes Bananeiras) com o sítio Bola (atualmente município de Santa Rosa, antes Serra do Cuité), pois o rio do Salgado é um dos pontos de limites entre o município. Por volta dos anos 1970, foi um período de fortes chuvas e grandes cheias no rio do Salgado, tão fortes que chegaram a mover um dos pilares da ponte, fazendo com que toda a estrutura viesse a ser destruída. Os trabalhadores da linha férrea fizeram grandes amigos e ajudavam as comunidades que passavam. No sítio Salgado, existem fatos que marcam e ajudam a contar a história da ferrovia, na época das obras férreas, também foi tempo  de construção do piso da capela de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do lugar, datada sua inauguração em 08 de dezembro de 1939, segundo  os moradores o piso e o altar da capela foi doação dos trabalhadores da linha e eles mesmo o construíram. O plano de governo de fazer chegar o trem até o Curimataú não obteve êxito, indo apenas até Bananeiras. E, depois de tanto trabalho, quando o trem atinge a cidade, aparece a figura de um novo ministro da Aviação e obras públicas e apaga o sonho dos que tanto esperavam pela passagem do trem. Ele extinguiu a estrada de ferro e arrancou os trilhos que tinham sido postos sob grandes sacrifícios e atualmente existem poucos registros históricos, é como se aquela linha nunca tivesse existido.

Jonas do Nascimento

Fonte:

https://portalintercom.org.br/anais/norte2018/resumos/R59-0088-1.pdf