Fenômeno iniciado nas primeiras décadas dos anos 1800, o Cangaço tomou o sertão do Nordeste e lá se estabeleceu por cerca de um século.
Os cangaceiros são tidos pela maioria dos historiadores como uma espécie de “bandidos pomposos”, muitas vezes narrados com características de justiceiros à la Robin Hood e outras como impetuosos sanguinários.
Seus mais famosos membros, Virgulino Ferreira da Silva e Maria “de Déa” Gomes de Oliveira, conhecidos pelas alcunhas Lampião e Maria Bonita, reinaram com seu bando por onde passaram até encontrarem a morte num cerco ao esconderijo em que estavam em julho de 1938.
Mas, antes de morrerem e findarem suas façanhas, Lampião e seu bando tiveram algumas passagens pelo estado da Paraíba, como narrado nos livros “Lampião e o cangaço na Paraíba” e “Vingança, Não”, entre outros.
A história de “Vingança, Não” narra a vida de Chico Pereira, que se tornou cangaceiro para vingar a morte do pai, que ironicamente havia pedido a Chico no leito de morte que não fosse atrás dos culpados. Chico Pereira capturou o assassino Zé Dias e o entregou às autoridades, que o libertaram dias depois.
Frustrado com a impunidade do crime, Pereira procurou Lampião e se juntou ao seu bando para fazer justiça. O cangaceiro permaneceu na ativa até 1928, quando foi preso na cidade paraibana de Cajazeiras e levado para execução em Acari, no Rio Grande do Norte.
Foi também na Paraíba que Lampião teria sofrido seus primeiros ferimentos por arma de fogo.
Diz-se que, após fugir da cidade de Mossoró, o bando do cangaceiro queimou dois engenhos no município paraibano de Conceição. Após os incêndios, acamparam em um sítio na cidade e exigiram tributos para não atacar o município.
O prefeito aceitou de prontidão e levaria pessoalmente o que foi exigido até o bando de Lampião. Porém, ao saber que os cangaceiros ameaçavam a cidade, homens que moravam por lá pegaram suas armas e surpreenderam o bando, acertando tiros no braço e na virilha de Lampião.
O cangaceiro relata o feito dos moradores da cidade no filme “Baile Perfumado”, em uma entrevista concedida ao fotógrafo Benjamin Abrahão, famoso por seus registros de Lampião e seu bando.
Por fim, há ainda relatos de outros expoentes do cangaço nas terras paraibanas, como é o caso de Antônio Silvino e seu bando que, entre suas proezas, rendeu calma e silenciosamente todas as autoridades da vila (hoje município) de Barra de São Miguel.
Na noite do acontecido, o bando conteve as forças armadas locais e usou o delegado de guia enquanto saqueava o resto da cidade. Silvino atuou no cangaço até ser preso em 1914, tendo um bom comportamento e sendo solto por um indulto do Presidente Getúlio Vargas em 1937. Antônio Silvino morreu livre, no ano de 1944, aos 68 anos de idade.
Adailson Paiva
Fontes:
https://jornaldaparaiba.com.br/cultura/2021/12/27/casa-cangaceiro-chico-pereira-tombada
https://www.maispb.com.br/186446/186446.html
https://www.brasildefato.com.br/especiais/os-sentidos-do-cangaco
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Silvino
https://www.memoriabsm.com.br/2017/07/1907-o-ataque-do-cangaceiro-antonio.html?spref=pi
https://www.themoviedb.org/movie/232739-baile-perfumado/images/posters
https://www.ideiaeditora.com.br/produto/lampiao-e-o-cangaco-na-paraiba/
http://lentescangaceiras.blogspot.com/2008/10/vingana-no.html
http://cgretalhos.blogspot.com/2018/01/o-cangaceiro-antonio-silvino-viveu-e.html#.YgHjN7rMKUk
https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=9527