Jaqueline Rodrigues
Valeska Asfora, produtora cultural, mestre em políticas sociais e escritora, lança o primeiro livro intitulado: “Anayde Beiriz – a última confidência”, publicado pela Editora União. O livro busca trazer a trajetória de uma mulher que é conhecida por anos 20 estar à frente do seu tempo, deixando de lado as diversas versões que são contadas sobre o caso.
A entrevistada ressalta que o motivo principal para a escrita do livro surgiu da vontade de procurar entender a história da personagem que apesar da curta vida, continua viva diante de várias gerações. A produtora cultural conta: “São versões criadas a partir da falta de informações mais precisas, ou a partir do imaginário de cada pessoa que tenta recontar a sua história. Naturalmente me veio a vontade de saber mais sobre essa mulher que teve uma curta trajetória de vida, mas que seu nome se faz vivo, presente por várias gerações”.
Na busca de materiais para a construção do livro, a autora buscou um caminho de descobertas carregadas de emoção, com base em documentos que teve acesso pela família de Anayde Beiriz. Ela explica: “Acredito que o livro traz exatamente esse percurso e seu resultado: primeiramente o que no livro chamo de “diálogo entre duas mulheres através da vidraça do tempo”, o que eu via dessa personagem através dessa vidraça embaçada por tantas versões ao longo de décadas, depois a “sua fala” através do questionário (que de fato foi o primeiro material a que tive acesso), a sua correspondência com o namorado que mostra nas entrelinhas o que pensava, o que fazia, um pouco de sua personalidade, a sua produção literária – que estava apenas começando, e por fim a sua morte, a carta de despedida – sua última confidência”.
A autora ainda ressalta que a principal inspiração partiu do fato de que mesmo Anayde Beiriz ter sido uma mulher que desafiou a sociedade com sua ousadia e liberdade, não escapou dos preconceitos, da violência que o patriarcado impõe até os dias de hoje.
“(…) das raízes mais remotas do patriarcado se estendem os preconceitos, o cerceamento de nossas ideias, ações, atitudes, o feminicídio, a violência física e psicológica, todo esse mal que nos alcança e que buscamos enfrentar ainda no século XXI e essa constatação alimentou ainda mais a minha inspiração inicial”, concluiu a escritora.
Ao ser questionada sobre futuras publicações, ela já pensa em seguir outro gênero, como um livro de crônicas ou contos. Ainda adianta que o momento é de cuidar da circulação de sua primeira publicação, com agenda durante todo o ano de 2022. A obra foi realizada com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc/ Secretaria de Estado da Cultura/ Governo do Estado da Paraíba, Edital Prêmio Parrá/ Paraíba, 2022.