Gustavo D.
No último sábado (15), o Paraíba Criativa comemorou seus dez anos em um evento realizado na sede social do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior da Paraíba (SINTESPB). A festa teve como atração principal a apresentação do cantor e instrumentista Escurinho, com seu mais novo projeto ‘Toré’, parceria com o produtor musical Flávio Metralha.
A apresentação trouxe as batidas eletrônicas de Flávio e mesclou-as à sons de instrumentos como pandeiros, chocalhos e berimbaus e à cantoria de versos da cultura popular nordestina, como os da música ‘Eu já vivo enjoado’ do Mestre Pastinha e do poema “Solitário” de Augusto dos Anjos. Além disso, ele adaptou alguns versos à realidade paraibana, como foi o caso do trecho do medley Coroa de Imperador/Caça e Caçador, da banda Angra. “É de Paraíba ele é, do canavial”, cantou Escurinho.
Além dos versos cantados, a performance contou, ao seu encerramento, com a formação de uma roda de ciranda em volta de André Piva, o coordenador e fundador do Paraíba Criativa, outorgado no dia anterior como cidadão paraibano pela Assembleia Legislativa do estado (ALPB). Uma homenagem foi realizada à Piva, cantando a música Cavaleiro de Aruanda de Ney Matogrosso, e compondo versos sobre ele e a celebração dos dez anos de seu projeto.
Para Escurinho, os shows do ‘Toré’ consistem em trazer a discussão sobre a arte e a cultura indígena, assim como sobre a história brasileira contada na visão cultural desses povos. O projeto traz releituras de músicas antigas do cantor, como ‘Como eu acredito’ e ‘Roendo Coiro’, e três músicas inéditas, compostas por ele, intituladas ‘Iemanjá’. ‘Ainda se pesca’ e ‘Todas as tribos’.
As apresentações fogem bastante do tradicional feito pelo artista, já que são a sua primeira experiência trabalhando com batidas eletrônicas. Geralmente, Escurinho tocava com sua banda de amigos músicos ou outras bandas, como o Quinteto da Paraíba, no ano passado.
O nome ‘Toré’, dado ao projeto, origina de um ritual e manifestação cultural comum a diversos indígenas do Nordeste brasileiro (estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande de Noite), responsável por unir dança, religião, tradição e brincadeiras.
Apesar de variar entre ritmos e pela maneira dos povos se expressarem, a cerimônia geralmente acontece com uma dança circular ao ar livre, seja em fila ou pares, que é regida por uma música, chamada de toante, cantada pela figura do cantador e acompanhada por gritos ritmados dos dançarinos e pelo som de instrumentos como maracas, gaitas e apitos. O ritual é comum entre várias tribos, como os Potiguara. Pankararu, Pankararé, entre outras.
Sobre o Paraíba Criativa, Escurinho afirma que se sente orgulhoso por ter sido contemplado com as expectativas e experiências do portal, enquanto o Veejay Flávio agradece pela iniciativa do programa de dar visibilidade aos artistas locais e à cultura popular paraibana e nordestina. ‘‘Mais 10, vinte , trinta anos para o Paraíba Criativa’’ afirma.