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Data de publicação do verbete: 30/12/2022

Elizeu Elias César

Poeta, jornalista, advogado e político.
Data de publicação: dezembro 30, 2022

Naturalidade: cidade de Parahyba  – PB

Nascimento: 21 de julho de 1871 

Atividade artístico-cultural: poeta

Atividade exercício-profissional: jornalista, advogado e político.

Eliseu Elias César nasceu na Cidade de Parahyba (denominada atualmente de João Pessoa), então capital de uma das Províncias do Norte, em 21 de julho de 1871. Apesar de sua origem negra, veio ao mundo dois meses antes da aprovação da Lei Rio Branco (mais conhecida como Lei “Ventre Livre”, promulgada em 28 de setembro de 1871), ele e sua mãe não eram cativos. Quanto ao seu pai, consta que se chamava Dulcídio Augusto César,e tinha etnia branca e teria assumido posicionamentos abolicionistas naquela época. O mesmo  não foi criado pela mãe, cujo destino permanece desconhecido, mas pela avó materna, Vicência Ferreira de Albuquerque César, que o acolheu em  seu lar, onde o  criou com o maior zelo, colocando-o para a escola, o qual teria granjeado uma formação letrada, onde fez  o “preparatório” no Lyceu Paraibano. Caminhada pouco comum para crianças e jovens negros na última década da escravidão no Brasil.

Cedo começou a trabalhar como tipógrafo e  mais tarde, tornou-se “praticante dos Correios”. Nesse ínterim, lançou-se ao mercado das letras nas oficinas dos jornais da Parahyba do Norte. Iniciando-se como bardo com apenas dezesseis anos, onde  Eliseu publicou poemas e folhetins em, pelo menos, sete desses jornais e atuou como colaborador: Sorriso (1886-1887);

 Arauto Parahybano (1888);  O Cisne (1889);  O Estado (1889/1890); O Parahybano (1892);

O Artista (1895); O Estado do Parahyba (1891-1894);

Eliseu César preparou o seu primeiro (e único) livro literário com um total de 58 poemas e atribuiu-lhe o título Algas (1894), aos 22 anos de idade, sendo comparado a Castro Alves e outros românticos do seu tempo,  obra essa hoje, rara nos acervos paraibanos, tendo sido ainda  o Patrono da cadeira número 14, da Academia Paraibana de Letras. 

O jovem afro-paraibano aderiu à causa republicana e, diante da queda da Monarquia e do advento da República, em 15 de novembro de 1889, encheu-se de esperanças de que a nova forma de governo pudesse garantir conquistas no campo dos direitos e da cidadania, além de promover uma renovação política na nação. Elizeu também foi em 1892 um dos fundadores do Club Cardoso Vieira – uma associação cívico- literária de orientação republicana –, onde fez parte da diretoria, ocupando o cargo de orador .Em 1895,  se transferiu para o Recife (PE), a fim de cursar a Faculdade de Direito e  a partir dali, levou uma vida em trânsito, diaspórica. Quando se aproximava do término do curso superior, tornou- se promotor público na cidade de Vitória do Espírito Santo e em seguida, estabeleceu-se em Belém do Pará, onde se dedicou ao jornalismo, à advocacia e fez carreira política. Ainda teve uma breve passagem por Santos (SP), mas acabou regressando à Capital da República, onde faleceu, inesperadamente, em 1923, com 51 anos de idade. Mesmo sendo considerado um intelectual competente e dotado de uma cultura singular, o afro-paraibano, ao longo da vida, colecionou dissabores relacionados à sua cor.

Sandra da Costa Vasconcelos

Fontes:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/elizeu_cesar.html

https://cronicascariocas.com/colunas/cronicas/o-imortal-filho-de-escrava-eliseu-cesar-e-o-filho-imortal-de-ramadinha-seraphico-da-nobrega/

https://www.researchgate.net/publication/331140557_ELISEU_CESAR_E_AS_ALGAS_DE_UM_POETA_NEGRO