Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: 12 de agosto de 1992
Atividades artístico-culturais: Dançarino, cantor, ator e produtor
Formação: Graduando Comunicação Social com Habilitação em Mídias Digitais pela UFPB
Instagram: https://www.instagram.com/melohdc/
Luiz Henrique Melo, nascido em 1992 e criado em João Pessoa desde então, conheceu a música e a dança dentro da igreja. Cercado pelos valores da religião de sua família, ele se adaptou aquela comunidade cujos fundamentos cristãos o guiaram na construção de uma identidade artística ainda em desenvolvimento. O medo de se assumir gay, questionar autoridades, tornar-se vulnerável entre seus pares, consumir e sentir-se pertencendo a cultura da sua cidade o levou a abafar o seu desejo por se expressar e conhecer melhor quem ele era. Fez circo, teatro e dança quando pequeno (13, 14 anos), mas foram experiências descompromissadas e sem total apoio dos seus familiares.
Aos 20 anos resolveu dar uma chance para si mesmo, e decidiu assistir uma aula experimental de Ballet clássico no Centro de Movimento Saltarello, o que lhe rendeu oportunidade como bolsista e consequentemente participação em ballets de repertório tanto como corpo de baile como solista em Lago dos Cisnes, Romeu e Julieta e em musicais da dessa escola.. Desde então, conciliar a dança e o curso de graduação em psicologia fez parte dos 4 anos enriquecedores na sua formação.
No entanto, dilemas familiares e vida acadêmica o distanciaram das vivências que sempre desejara na arte. Henrique ainda não havia compreendido que o seu corpo fazia parte de uma sociedade que cria expectativas incongruentes com as suas necessidades, fazendo com que suas inspirações partissem de um lugar repleto de medo, comparações e desejos.
Foi durante uma leitura despretensiosa das suas anotações diárias que ele se deparou com a seguinte frase: “Como eu posso fazer escolhas quando só existe uma opção (correta)?”. A partir de então, o ‘ser artista’ se apresentou para ele de forma clara e natural. Juntamente com seu coletivo (Coletivo Efêmero) criou seu primeiro projeto que foi apresentado no teatro Lima Penante em 2019 intitulado “Adeptados”. Utilizou-se dos seus aprendizados no clássico e inspirou-se no contexto sócio-político violento e preconceituoso que a comunidade LGBTQIAP+ vivia.
O coletivo Efêmero também teve a chance de participar do videoclipe do cantor Elon “afoita corrente”, produzido pelos estudantes em Mídia Digitais em 2020. O trabalho contou com a criação de uma coreografia criada por Henrique, introduzindo assim um novo interesse pelo audiovisual a partir de então. Usufruindo dos cursos em dança e canto oferecidos pela FUNESC, consumindo performances culturais, entrando em contato com outras bolhas como a comunidade BallRoom PB, submetendo propostas em editais com incentivo à cultura fez parte de outra fase de descobertas e apropriação do ser artista paraibano de Henrique. Augusto Boal, em “A estética do oprimido” tem sido uma referência durante seu processo de aprendizado como artista, levando a se interessar cada vez mais em formas além da dança para dar lugar ao “belo” dentro desse ambiente que inicialmente reprimia uma autenticidade.
Euclides Nunes
Fonte: Dados cedidos em entrevista a Henrique Melo por Euclides Nunes.