Ângela Duarte
Campeã do VI Festival de Música da Paraíba. Foto: Tham Toscano.
No último sábado (3), 14 artistas subiram ao palco da Praça do Povo do Espaço Cultural José Lins do Rego com o mesmo objetivo: encantar o público e os jurados e, assim, conquistar o prêmio de R$ 10 mil reais para a melhor canção do VI Festival de Música da Paraíba.
A grande vencedora da noite foi Bianca Costa, de Sapé. Com sua alegria contagiante, a artista de 24 anos entoou ‘Dona Maria’ (composta com Jamylli Ferreira) e colocou o Espaço Cultural inteiro para dançar o coco de roda. Além de cantar e compor, Bianca também é atriz, e faz parte do Coletivo Casaca de Couro, em Sapé, e da Cia Cênica Torre de Papel, em Guarabira.
A repórter do Paraíba Criativa, Ângela Duarte, entrevistou Bianca, e ela nos contou mais sobre sua trajetória artística e o que ela pensa dessa grande vitória. Confira:
ÂNGELA DUARTE: Bianca, como você está se sentindo após a vitória no 6º festival de música da Paraíba? Foi a sua primeira participação no evento?
BIANCA COSTA: Eu tô me sentindo extremamente feliz, não só por ter conquistado o 1° lugar mas por toda a experiência que vivi. Sim, foi a minha primeira participação em um Festival.
Â: Me conta mais sobre sua trajetória com a música e a cultura popular.
B: Comecei a ter um contato com as músicas da cultura popular no Coletivo Casaca de Couro que faço parte, mas foi na Cia Cênica Torre de Papel que descobri minha forte conexão com a cultura popular e o coco de roda.
Â: Quem é a ‘Dona Maria’? A personagem da música é inspirada em alguma pessoa real? Como foi o processo de composição da música?
B: Dona Maria não é uma pessoa específica, mas ela existe e também é uma personagem do imaginário popular que está na cabeça de todos nós nordestinos, assim como Rosa da Venda, Luís, o sanfoneiro e diversos outros personagens que são citados na canção. No ano que compus ‘Dona Maria’ eu estava muito imersa nos estudos de coco de roda e cultura popular que estava fazendo por conta do espetáculo que eu fazia parte, “O Pavão Misterioso e o Romance da Donzela” e durante um banho comecei a cantarolar inventando a música na hora, quando saí do banho corri pra gravar e enviei pra Jamylli (Ferreira, compositora) e uns dias depois terminamos de compor juntas.
Â: Você participa ativamente da cena cultural de Sapé. Como se sente levando essa vitória para a sua cidade?
B: Comecei a participar da cena cultural de Sapé graças ao Coletivo Casaca de Couro. Fico muito feliz de levar essa vitória pra casa e mostrar para os Sapeenses que a cultura popular continua viva e que ela e os artistas da terra merecem ser valorizados.
Â: Na sua apresentação você clamou ‘viva’ para a cultura popular nordestina. Você é uma pessoa jovem, você vê a sua vitória como importante para a valorização e resgate da cultura popular pelas novas gerações?
B: Com certeza. Acredito que a minha imagem como uma mulher jovem e negra exaltando a importância, o amor pela cultura nordestina e nossos ritmos tradicionais tem um grande poder de gerar interesse das pessoas mais jovens pela nossa cultura e resgatar a paixão adormecida das pessoas mais velhas que já não mais a celebram como no passado.
Um grande indício disso pra mim foi quando comecei a cantar coco para os meus amigos que não tinham uma ligação forte com a cultura popular e talvez nem conheciam o coco, e agora todos aprenderam as músicas, aprenderam a dançar, pedem pra que eu cante e se divertem. A partir disso, consegui ver que é possível sim resgatar nossa cultura através das novas gerações.
Â: Você já tem planos para o seu futuro enquanto artista? Novos projetos em mente, ou a caminho?
B: Sobre meus planos, eu quero gravar a música Dona Maria e mais outras se for possível. Além disso, eu, Jamylli Ferreira e Ester Nascimento iremos finalmente dar início ao projeto musical “Alumiô”, um grupo formado por nós três, todas sapeenses, e com produção musical de Xande Viajante, meu amigo músico que me acompanhou nos palcos desse festival.
Além de Bianca Costa, foram premiados no VI Festival de Música da Paraíba: Iago d’Jampa, com a música ‘Terra de mlk doido’ (voto popular), João Marcos Jr, com ‘Homem Branco’ (melhor intérprete e terceiro lugar), e MC Negrão, MC Salah e DJ Adriano, com ‘Conto de Fadas’ (segundo lugar).
Este ano, o Festival homenageou Zé do Norte, cajazeirense que compôs mais de 100 canções, entre elas, ‘Lua Bonita’, ‘Sodade Meu bem Sodade’ e ‘Mulher Rendeira’. No total, 157 composições inéditas foram inscritas.