Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: 26 de maio de 1886 //Falecimento: 12 de março de 1977
Atividades artístico-culturais: poetisa e escritora
Atividade exercício-profissional: educadora
Obras Literárias: Pérolas Esparsas, Migalhas de Inspiração, o Barão do Abiahy
Cargos Públicos: professora de geografia na Escola Normal da Paraíba e de língua portuguesa no Liceu Paraibano
Títulos e Homenagens: Escola Estadual Olivina Olívia Carneiro da Cunha criada pelo decreto nº 7.352 de 18 de Agosto de 1977; homenagem póstuma da Revista Sol em 1985.
De família nobre, Olivina Olívia nasceu em 26 de maio de 1886, na atual cidade de João Pessoa, filha de Silvino Elvídio Carneiro da Cunha (Barão do Abiahy) e de Maria Leonarda Bezerra Cavalcante (Baronesa do Abiahy). Durante sua infância residiu no palacete localizado na Rua das Trincheiras, atual prédio da Delegacia Regional do Trabalho, juntamente com seus irmãos: Rita Ricardina Carneiro da Cunha, Claudiano Cláudio Carneiro da Cunha, Julita Julieta Carneiro da Cunha, Horácio Hermeto Carneiro da Cunha. Desde criança, Olivina Olívia demonstrava interesse pelo magistério, ensinando em sua residência, juntamente com sua irmã Rita Ricardina, as primeiras letras para os filhos dos empregados de seu pai.
No ano 1904, com apenas 15 anos incompletos, diplomou-se pela Escola Normal, templo do ensino público paraibano que formou gerações de professores. No ano seguinte, foi nomeada para a 9ª Cadeira do mesmo educandário, onde passou a ensinar Música e Trabalhos de Agulha. Dois anos depois (1907), foi admitida para a 1ª Cadeira do Grupo Escolar Modelo, anexo à Escola Normal. Como nunca se casou, viveu com suas irmãs na mesma residência em que passou a infância com seus pais. Era considerada uma pessoa religiosa e de absoluta integridade em todos os atos que praticava na vida, era uma mulher culta, amante da poesia e da literatura brasileira, tinha grande admiração por escritores como Camões, Alexandre Herculano, Assis de Queiroz, entre outros. Apreciava escrever poesia e era colaboradora de revistas como Era Nova e de jornais como o Jornal da Festa das Neves. Segundo a escritora e amiga de Olivina, Balila Palmeira, suas contribuições para esses jornais e revistas locais se davam sempre de maneira a favorecer a mulher na defesa de seus direitos de cidadania.
Lecionou durante 56 anos ininterruptos a sucessivas gerações de paraibanos, nas mais diversificadas matérias. Em 1917, foi designada pelo Presidente do Estado, Antônio Pessoa, para reger a Cadeira de Desenho e Trabalhos Manuais no Grupo Escolar Dr. Thomáz Mindello E, a pedido do diretor da Escola Normal, deu aulas de Matemática, na falta do seu titular, ensinando nesta instituição durante um período considerável. Entre 1918 e 1920, passou a substituir o mestre de Geografia e Corografia do Brasil aos alunos do 1º ano. Em 1925, o Governo a designou para dirigir a 2ª cadeira de Geografia Geral e Corografia do Brasil. Sem prejuízo dessas funções, em 1926, substituiu o Professor de Pedagogia, no 4ºano, e o de Álgebra e, posteriormente, o titular de Pedagogia, do 3º ano, em 1928. No dia 1º de março de 1929, suprimida a 2ª cadeira de Geografia, ficou em disponibilidade, mas voltou a ensinar, no mês seguinte, como auxiliar da disciplina de Geografia, no 1º ano Curso Normal. Em 8 de setembro de 1930, dispensada da função de Geografia, o interventor Antenor Navarro a colocou em disponibilidade sem vencimentos. Mas, a 14 de março de 1931, o mesmo governante a nomeou para ensinar Português na mesma Escola.
Em 8 de abril de 1934, o Interventor Argemiro de Figueiredo a nomeou para exercer o cargo de professora de História da Pedagogia, na Escola de Aperfeiçoamento. Já em 29 de julho de 1937, recebeu as cadernetas de seu registro de professora, nos dois ciclos (ginasial e colegial), expedidas pelo então Ministro da Educação e Saúde Pública. Mesmo assim, não tinha disponibilidade, até que, a 12 de abril daquele mesmo ano, o governo do Estado aproveitou-a como auxiliar da cadeira de Geografia do Liceu Paraibano e, em 22 de junho, nomeou-a para exercer, interinamente, o cargo de professora da 1ª cadeira de Português do mesmo Liceu. Era Irmã Definidora da Santa Casa de Misericórdia e foi uma das fundadoras da Associação Paraibana pelo Progresso Feminino, onde estabeleceu como principal meta licenciar as mulheres na busca dos direitos como ser pensante e atuante na sociedade. Em 06 de abril de 1938, entrou para o quadro de sócios do Instituto Histórico Geográfico Paraibano (IHGP). Também se dedicou à poesia, tendo escrito três livros: “Pérolas Esparsas, Migalhas de Inspiração” e publicou um livro referente à memória do seu pai intitulado “Barão do Abiahy”, em 1940, publicou muitos artigos em revistas e jornais de destaque no período.
No dia 24 de agosto de 1940, exonerada das funções da 1ª cadeira de Português, voltou à disponibilidade em que se achava anteriormente. Em 1943, submete-se a concurso de títulos para o cargo de Professor Categórico de Português, classificando-se em primeiro lugar. O Interventor Federal da época, no entanto, não a nomeou como devia e mandou arquivar o concurso. Apelou para a banca julgadora, pretendendo a reforma da sua decisão, mas a banca não se submeteu e a manteve. Por isso mesmo, sua nomeação de professora catedrática demorou tanto a sair. Ficou, assim, jogada de uma para outra função, até que em 1951, obteve, em caráter efetivo, a nomeação de Professora Padrão “J” do Quadro do Estado. Mesmo com todos esses atropelos vivenciados em sua profissão, a professora Olivina Olívia, manteve-se comprometida com a docência, ensinando, permanentemente, em três turnos. Daí por diante, sua situação ficou tranquila e, mais segura ainda, a partir de 1956, quando passou à categoria de Professor Catedrático, Padrão “N”, da Cadeira de Português do Quadro Permanente do Estado, no curso noturno do Colégio Estadual de João Pessoa. Porém, demonstrando problemas de saúde, mesmo assim, comparecia às suas aulas, no turno da noite, com assiduidade.
Em 1960, o Governador Pedro Moreno Gondim designou-a para realizar um estágio de observação no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, durante três meses, com as vantagens e direitos do seu cargo. Por lá ficou, então, em casas de parentes e pôde, assim, descansar um pouco de suas atividades no magistério público. No ano de 1961, em 22 de fevereiro, posta à disposição da Secretária de Educação e Cultura, ficou naquela pasta, dando assessoria ao seu titular e participando de bancas examinadoras das seguintes matérias: Português, Pedagogia, Música, História da Civilização e do Brasil. Dizia-se, então, que era habilitada em sete instrumentos. Elaborou programas de Geografia da 1ª, 2ª e 3ª séries, assim como de Pedagogia das 3ª e 4ª séries. Em 2 de agosto de 1961, a mestra de tantas gerações aposentou-se, com todos os direitos e vantagens a que fazia jus. Segundo o escritor e ex-deputado Joacil de Brito Pereira, essa mulher influenciou a muitos com a sua dedicação profissional.
Olivina Olívia Carneiro da Cunha faleceu em 12 de março de 1977, aos 90 anos de idade, o Jornal A União, de 15 de março, noticiou o seu falecimento. Logo após sua morte, segundo informações obtidas junto a Secretaria Estadual de Educação do Estado da Paraíba, foi decretada pelo Governo de Ivan Bichara Sobreira, como patronesse da Escola Estadual Olívina Olívia Carneiro da Cunha. Todavia, passado alguns anos de sua morte, a sua memória foi sendo reduzida a um nome na fachada da referida instituição escolar, haja vista que na mesma, dentre direção, professores e alunos, poucos conhecem o seu legado no cenário intelectual e educacional paraibano. A Escola Estadual Olívina Olívia Carneiro da Cunha foi criada e oficializada pelo decreto nº 7.352 de 18 de agosto de 1977. No governo de Dr. Ivan Bichara Sobreira, sendo classificada como escola de primeira categoria e funcionado até os dias atuais. Além do nome na cita instituição escolar, a educadora recebeu uma homenagem da Revista Sol com uma matéria intitulada: Mestra Imortal: Uma vida dedicada à Educação, escrita por sua amiga Balila Palmeira em 1985.
Em suma, podemos concluir que Olivina Olívia Carneiro da Cunha foi uma mulher de múltiplas faces atuando como escritora, poeta, educadora etc., e despontando como pioneira na fundação de diversas instituições. Por fim, Olivina Olívia Carneiro da Cunha soube deixar suas marcas nos mais variados âmbitos da sociedade paraibana contribuindo, assim, para a construção da História da Paraíba.
Jonas do Nascimento dos Santos
Fontes: