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Lançamento do livro ‘Na embolada do coco’ acontece hoje em João Pessoa; obra retrata a cultura popular paraibana

Foto: Reprodução// Internet.

Laura Moura

Acontece hoje (30), às 20h, o lançamento do livro ‘Na Embolada do Coco’. Com a contribuição de 11 mestras da cultura popular, a obra exalta a importância da cultura paraibana, destacando o coco de roda no estado. Com entrada gratuita, o evento será realizado na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, e contará com a presença de todas as mestras homenageadas. Além da tradicional venda da versão impressa, serão disponibilizadas gratuitamente as versões digital e audiobook.

A produção apresenta os perfis das mestras Ana do Gurugi, Cícera, Cida, Edite, Lindalva, Odete de Pilar, Penha Cirandeira, Senhorinha, Têca do Coco, Vó Mera e Zefinha, figuras que carregam um pouco da tradição da ciranda e coco de roda. Além de representar a diversidade cultural paraibana, a obra traz as histórias, lutas e desafios das personagens, evidenciando também a colaboração de cada uma delas para consolidar a identidade cultural do Estado.

“Com meus nove ‘aninho’ de idade, eu já cantava coco de roda e ciranda no interior, com dezoito anos eu vim pra João Pessoa, aqui eu fui descoberta e não parei mais. […] Dei o maior apoio, e dou porque é muito importante ficar na história o nosso trabalho, ficar uma verdade, porque cultura é isso. É a gente dar valor a tudo aquilo que a gente aprende e sabe que pode passar para o povo e para o mundo, e é por isso que estou aqui falando, minha netinha, que me sinto muito honrada e feliz de ter sido convidada pra esse trabalho.”, conta Vó Mera, cantora, cirandeira e uma das 11 mestras que participou da produção da obra.

Vó Mera é uma das cirandeiras presentes ‘Na embolada do coco’. Foto: Reprodução/Internet.

Outro objetivo do livro é estimular uma aproximação entre o papel da cultura popular e as lutas vivenciadas por cada figura. É perceptível, em várias referências da obra, a ligação da história de vida das 11 mestras com a da luta pela terra, pelo fim do trabalho exaustivo da agricultura e pela igualdade racial.

“E eu me sinto muito honrada em passar todas essas palavras do pouquinho que eu sei fazer.  A gente sempre tem que falar porque cultura é isso. Cultura é trabalho, cultura é cantar, cultura é trabalhar, como eu fui uma pessoa que, desde os meus sete anos de idade, eu comecei a trabalhar na agricultura com a minha mãezinha no roçado, e de tudo Vó Mera conhece um pouco das ‘história’. E, pra mim, o mais importante na minha vida é hoje eu saber que sou uma mestra da cultura popular. De cantar coco de roda e ciranda pra alegrar todo o povo de Deus”, continua Vó Mera, falando um pouco da sua história.

A experiência também foi ilustre para a equipe da Atua Comunicação Criativa, empresa responsável pela realização do projeto cultural. “O processo de produção foi fantástico. Fomos à casa de cada uma delas, nos seus terreiros, e conversamos, foi um bate-papo entre nós e elas, e foi muito interessante porque elas abriram seu baú de memórias, explicaram de onde é que vem o coco, de onde é que vem a ciranda, como era antigamente e, para nós, foi muito importante essa conversa porque percebemos que elas também se sentiram reconhecidas”, comenta Dina Faria, diretora executiva da empresa.

Para ela, a compreensão e o reconhecimento das mestras é primordial para entender as cicatrizes sociais feitas no passado, mas presentes até hoje, e usá-las como pontapé inicial para a mudança na sociedade.

“Isso foi muito importante, elas sentirem que têm um legado, uma presença, uma voz, além de ouvir o que elas falam, entender as dinâmicas do racismo estrutural, compreender o peso do capitalismo, o peso da questão socioeconômica, né? […] Então isso foi riquíssimo e só nos fez ter a certeza que a gente estava super no caminho certo”, ela retoma seu pensamento.

Dina Faria ainda afirma o impacto e o valor da obra que é não só registrar a memória, mas também dar visibilidade às mestras como forma de assegurar e enaltecer o patrimônio cultural paraibano. Para ela, o diferencial das versões digital e audiobook gratuitas é essencial. O livro ‘Na Embolada do Coco’ ainda contará com o modelo tradicional impresso, pelo valor simbólico de R$50. Além disso, cada mestra homenageada receberá 35 exemplares e outros 200 serão destinados para as bibliotecas do Estado da Paraíba. 

O projeto não para por aqui. Dina declara também a pretensão da equipe em continuar o desdobramento da coletânea numa série de podcasts para levar essas vivências ainda mais longe.

“A gente tem muitas expectativas que o livro chegue longe, não é? Que chegue além das fronteiras, que chegue por esse Brasil todo e as pessoas conheçam as mestras.”, ela conclui.

Por fim, Vó Mera demonstra o seu entusiasmo com o projeto fazendo um convite especial ao público: “Hoje à noite vai ter um grande encontro na Energisa e eu convido todos os ‘netinho’ pra participar. Vai ser o lançamento do livro das ‘mestra’, Na Embolada do Coco, e eu me sinto muito honrada ao ver ‘todo’ meus ‘netinho e netinha’ lá pra participar com a gente. Abraço e beijo, com muito carinho”.

Serviço:

Evento: Lançamento do livro ‘Na Embolada do Coco’

Data: Sexta (30), às 20h

Local: Usina Cultural Energisa

Ingresso: Entrada gratuita / Venda de livros na ocasião

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