Sede: Bananeiras – PB (posteriormente transferida para João Pessoa)
Periódico: Quinzenal
1º Edição: 27 de março de 1921
Última Edição: 31 de dezembro de 1925
Fundadores: Severino de Lucena e Sinésio Guimarães Sobrinho
Assuntos: moda, artes plásticas, anúncios, ficção e poesia
Era Nova era uma revista quinzenal ilustrada que foi publicada pela primeira vez em 27 de março de 1921, ficando em circulação até 31 de dezembro de 1925. O seu caráter era literário e noticioso, com redação originalmente sediada na cidade de Bananeiras, na região do brejo paraibano. Depois, foi transferida para a João Pessoa (na época chamada Parahyba do Norte), seus fundadores foram Severino de Lucena, que era o diretor, e Sinésio Guimarães Sobrinho, que foi o redator-chefe, entre outros colaboradores de um grupo de intelectuais que buscava abrir espaço para a crônica literária (a exemplo de Peryllo Doliveira, com o pseudônimo de Paulo Danízio), a moda, as artes plásticas, os anúncios, a ficção, a poesia. A revista Era Nova se transformou num baluarte da literatura moderna paraibana, pela influência de alguns poetas, como Peryllo Doliveira, Eudes de Barros, Silvino Olavo, Joaquim Inosoja, além de escritores reconhecidos nacionalmente, a exemplo de Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Ruy Barbosa, Machado de Assis, entre outros. o espaço onde circulava todos os gêneros e todos os escritores – anônimos e célebres ficou conhecido como “Miscelânia”.
Os editores esclarecem ainda a razão do título “Era Nova”, que se enquadra no entranhado amor que a direção do magazino consagra à cidade de Bananeiras, terra natal de grande maioria dos que redigiam esta revista. A redação destacava que houve, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, dois periódicos com esse mesmo título, nessa época, alguns jovens bananeirenses ali estamparam uma pequena ‘Era Nova’, em que se concentravam os seus ideais e as suas aspirações de arte, letras e civismo, a adoção deste título é, pois, uma devida e saudosa homenagem aos pioneiros daqueles orgãos de imprensa. Um dos fatores que mais chamou a atenção para a revista foi a qualidade de suas impressões, o que exigia um tipo melhor de papel, além do domínio técnico e gráfico, com oficinas de gravuras próprias, a cargo de competente photo-gravador, mantendo em suas páginas uma impecável qualidade.
Para se fazer a capa da revista Era Nova, era lançado um concurso para escolha da melhor imagem, visto que a “capa representava para a revista o mesmo papel que representa na mulher. Envolve suas formas e sensações, e mais que na mulher, a revista precisava desta causa de atração. Além da qualidade de suas impressões, que faziam sucesso entre seus leitores, a parte intelectual era um dos brilhantes fatores do seu sucesso, a sua direção lhe tinha sabido imprimir um cunho de inexcedível brilho escolhendo um luzidio corpo de colaboradores. As ilustrações contribuíram para aprimorarem a modernização dos periódicos e atrair o gosto de um público leitor que cada vez apurava os sentidos. O uso de imagens, como as fotografias e/ ou do pictoriatismo, é um dos fatores que agregaram valores às revistas. Eram comumente usados para estamparem capas com a imagem de personalidades da sociedade, paisagens da cidade, destaques acerca das melhorias urbana, assim como ícones da modernidade, tais como carros, máquinas de escrever e outros.
A revista circulava na capital paraibana, também no interior e nos estados vizinhos. A Era Nova apresentava um público específico, a classe média/alta paraibana que tinha acesso à revista, era criada uma seção para que fossem estampadas fotos dos leitores e retratos de cidades, sua assinatura podia ser feita anualmente, semestralmente ou por compra avulsa. Os redatores da Era Nova informavam que sua publicação era a de maior circulação no estado, desde o litoral até o alto sertão, sendo inegável a sua situação em outros estados, nos quais foi adquirindo a simpatia e a admiração de seus leitores. Desse modo, o autor chama a atenção para o crescimento da revista, através de seus assinantes, que divulgavam para outros o sucesso do periódico pelo seu conteúdo.
A Era Nova se destacava também por atrair o público feminino e por ter uma participação mais intensa em seus textos de autoras mulheres, os periódicos abriram as portas para elas, muitas das quais ultrapassaram a mera colaboração, sua participação, geralmente anônima, ou sob pseudônimo, se dava através da escrita de poesias, de charadas, contos e muitas vezes tradução. Vários nomes de mulheres apareciam assinando escritos na Era Nova, a exemplo de Eudesia Vieira, Palmyra Wanderley, Wanda Novaes, Violeta, Alba Regina, entre outras, as que mais se destacavam eram Violeta e Alba Regina. Outro assunto que atraia muito a atenção das leitoras da revista era o concurso da mais bela da Paraíba.
Um dos entretenimentos mais apreciados da revista Era Nova eram os enigmas de palavras cruzadas, os enigmas pitorescos, as charadas, que tinham concurso para que os leitores participassem, seus principais conteúdos eram: crônicas, opiniões, poesias, romances, contos, suplementos, que eram as novelas inéditas, coluna com fotos de crianças que retratavam como seria o futuro da Paraíba, lendas, contatos, notícias sobre a agenda cultural da cidade, anúncios de vendas de livros, revistas femininas e jornais, notas esportivas, telas paraibanas de filmes esperados, moda, cuidados com a casa e guias de como ser uma boa esposa, propagandas comerciais, reportagens sobre ciências, artes, notas sobre os assinantes da revista, como: aniversário, casamentos e falecimentos, homenagem entre outros. Vale ressaltar que, além dos números quinzenalmente, a revista tinha os números especiais de datas comemorativas do estado, como exemplo: festas centenárias no interior e na capital, obras do porto, homenagem ao corpo administrativo da imprensa, notícias sobre cada um que constituem a vanguarda da revista, as rainhas da formosura, eventos, obras do nordeste, inauguração de praças, concurso da mais bela mulher do Brasil, homenagens de personagens importantes, homenagens a poetas célebres.
Muitos foram os poetas paraibanos que publicaram na revista Era Nova, como Peryllo Doliveira, Américo Falcão, Carlos D’ Fernandes, Mathias Freire, S. Guimarães Sobrinho, José Américo de Almeida, Silvino Olavo, Pereira da Silva e também de outros estados do Brasil.
Jonas do Nascimento dos Santos
Fontes:
Uma resposta
Muito bom reviver a história da nossa gente!