Naturalidade: Catolé do Rocha- PB
Nascimento: 29 de novembro de 1939
Atividade exercício-profissional: política
Desde a publicação do Decreto nº 21.076 de 24 de fevereiro de 19323, instituindo o voto feminino no Brasil, Neuza Bezerra Santos foi a segunda mulher a ocupar essa posição de ascensão a um cargo majoritário municipal na política eleitoral do estado da Paraíba.
Neuza Bezerra Santos, “Madrinha Neuza” ou “Dona Neuza”, como ficou conhecida ao longo da vida pública, nasceu no município de Catolé do Rocha , coração do sertão paraibano, sendo a terceira filha do casal Euclides Bezerra Cavalcanti e Maria Eterna Sampaio Cavalcanti. Viveu parte da sua infância e adolescência na cidade de Esperança, posteriormente, mudando-se em 1951 com a família para Cuité, cidade escolhida pelo genitor, que vislumbrava organizar um novo empreendimento comercial, visando melhorar de vida e, por conseguinte, criar condições de educar os nove filhos, dos doze que sobreviveram quando crianças. Em Cuité, Neuza Bezerra Santos passou ao convívio juvenil em uma nova cidade, nascendo assim a relação com novos amigos e os contatos escolares. Por decisão dos pais foi matriculada no Instituto América, instituição educativa particular de ensino primário mas que estava autorizada pelo Decreto nº 460/52, a formar futuros professores do ensino primário. Na referida instituição, “A habilitação desses profissionais se dava por meio do cumprimento do Curso Normal Regional de duração de cinco anos”. Foi no referido instituto educacional que ela conheceu Orlando Venâncio dos Santos, então professor de desenho e língua portuguesa, e chefe político local. Embora já tivesse conhecimento do mesmo, por se tratar do prefeito constitucional da cidade, até então não tinham qualquer contato pessoal mais íntimo. Da admiração juvenil escolar surgiu posteriormente um flerte entre ela e o ex professor. Ressalte-se que, com apenas dezoito anos de idade, Neuza Bezerra Santos tinha vivenciado poucas experiências de namoro, algo justificado por ela como normal, mediante os padrões culturais e as imposições ao feminino à época. Com Orlando Venâncio Santos, professor e prefeito da cidade, quatorze anos mais velho, o namoro rapidamente evoluiu para o noivado. Em pouco mais de um ano ocorreu o casamento, em 09 de março de 1958, quando Neuza Bezerra Santos tinha apenas dezenove anos. Com essa trajetória Neuza Bezerra Santos certamente seguia o padrão cultural comum reservado às mulheres da sua época: dedicar-se ao lar, à família, ao cuidado e à educação dos filhos, como recomendam as tradições patriarcais em relação aos papéis estabelecidos na estrutura familiar.
Além desse papel de tradição da mulher na família patriarcal, Neuza Bezerra Santos teria também que assumir a condição de Primeira Dama do Município de Cuité, mesmo em final de mandato do marido como prefeito constitucional daquela cidade, cabendo-lhe auxiliar o esposo nas tarefas sociais e políticas, dentro dos limites e regramentos culturais que impunham essa institucionalidade à mulher na vida pública. O curto período como primeira dama permitiu ampliar sua relação com a população de Cuité, participando de uma agenda assistencial que a tornaria conhecida na cidade como “Madrinha” Neuza, em referência ao seu estilo de convívio com os problemas das famílias mais pobres da cidade.
Dez anos depois, com apenas 29 anos de idade e já mãe de cinco filhos, foi escolhida como candidata à prefeita de Cuité pelo MDB, para suceder o cunhado do esposo. Sua presença no embate eleitoral de 1968 marcaria definitivamente o momento histórico e político da cidade. Era a primeira mulher a disputar um pleito naquele município e a segunda nesta condição de representação majoritária na política do estado da Paraíba.
A Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou o Projeto de Resolução de autoria do deputado estadual Michel Henrique (Republicanos) que concede a Medalha Honorífica Governador Antônio Mariz à ex-prefeita de Cuité, Neuza Bezerra Santos pelos relevantes serviços prestados ao estado da Paraíba. Atualmente, aos 84 anos, Neuza Bezerra é lembrada pelo povo cuiteense, como madrinha Neuza, Dona Neuza e Mãe dos Pobres.
Sandra da Costa Vasconcelos
Fontes:
