Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: 29 de abril de 1988
Formação acadêmica: Formação em Psicologia pela UFPB
Atividade artístico-cultural / profissional: Bailarina e Coreógrafa / Psicóloga e Psicoterapeuta Corporal
Contato: (83) 988693648
Redes Sociais: @arethapaivamove
“A auto expressão é um instrumento de manutenção da autenticidade da persona e a expressão corporal é um facilitador para liberar cargas de experiência traumática, destruir couraças e libertar os nódulos emocionais que a vida muitas vezes nos obriga a enrijecer.”
-Aretha Paiva
A dança parece ter sido inserida na vida de Aretha Paiva pelo destino. Filha de bailarina, nascida no dia internacional da dança, todo o ambiente ao seu redor proporcionou o seu encontro com a arte. Iniciou as aulas de ballet na primeira infância, e continuou seu estudo do movimento aos 12 anos, quando entrou na companhia de dança da escola onde estudava.
Em 2003, sua mãe, Arcila Paiva, reencontrou com Rosa Cagliani (referência da dança, artista argentina que atuava na Paraíba), fundadora da escola de arte Fazendo Arte, onde Aretha iniciou seu contato com a técnica de dança contemporânea e reencontrou-se com o Ballet Clássico. No mesmo ano, Rosa criou a companhia de dança ‘ACena’, a qual Aretha fez parte até 2009.
Entre os anos de 2003 a 2014, Aretha Paiva mergulhou profundamente na cena da dança paraibana ao integrar diversas companhias. Após sua passagem pela ACena, atuou também na Cenário Cia de Dança, dirigida por Izabella Aranha, e a Paralelo Cia de Dança, liderada por Joyce Barbosa
Foi com a Paralelo que Aretha experimentou a expansão para além das fronteiras da Paraíba, participando de circuitos de apresentações pelo Nordeste, impulsionada por conquistas como o Prêmio Klauss Vianna, da Funarte. Esse reconhecimento não só permitiu a circulação de seus espetáculos por estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba, mas também evidenciou a importância da organização da Paralelo e das políticas públicas da época, como o Circuito da Praça, que garantiram uma certa estabilidade e regularidade às apresentações da companhia. A participação em festivais de arte e dança regionais, como o Fenart, a Mostra Estadual de Dança e Teatro, o Festival de Areia, o Festival de Inverno de Campina Grande e o Palco Giratório, enriqueceu ainda mais sua experiência, proporcionando trocas com diversos públicos, artistas e companhias, além de contribuir para sua formação artística e a divulgação do trabalho. Aretha, posteriormente, optou por se afastar das companhias de dança para se dedicar à maternidade e à Psicologia, embora mantendo um vínculo tangível com o movimento artístico.
Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba, Aretha atua numa mistura entre a sua área de formação e seu trabalho artístico. “Busco trabalhar a Psicologia e o fazer artístico em diálogo, por mais que tenham fins, espaços e propostas diferentes, muitas vezes utilizo dos conhecimentos em psicologia e da técnica da análise bioenergética, minha abordagem enquanto psicóloga clínica, para compor personagens, como instrumento de inquietação para temáticas artísticas e recurso para encontrar caminhos, qualidades e estéticas de movimento” afirma a artista. Em uma via de mão dupla, as duas áreas se encontram para compor as esferas profissionais de Aretha, utilizando da psicologia e da bioenergética como recurso artístico para gestar e engatilhar emoções e sensações para uma cena; e utilizando das projeções da experiência artística para construir recursos terapêuticos criativos para seus clientes.
Aretha Paiva adentrou o universo teatral como coreógrafa e diretora de movimento, revelando uma habilidade singular em dar vida ao palco através do corpo dos atores. Sua incursão começou em 2018, ao receber o convite do diretor João Paulo Soares para coreografar o monólogo “Outubros”, de Dudha Moreira, marcando o início de uma jornada que a levaria a explorar novas nuances da expressão corporal no teatro. Em 2019, sua expertise se estendeu ao ministrar o módulo de Corpo e Movimento em um curso de formação de atores e atrizes sob a orientação do diretor e ator Daniel Porpino. A partir desses marcos, Aretha passou a ser requisitada para trabalhar em diversos espetáculos, incluindo “Instruções para Ser Humano”, do Grupo Graxa de Teatro, “XEPA” e “Fevereiro ou Fica, vai ter bolo”, do Grupo Parahyba Rio Mulher.
Em seu papel de coreógrafa e diretora de movimento, Aretha mergulha nas intenções e na estética de cada obra, buscando harmonizar o corpo dos atores com a narrativa proposta pelo diretor ou diretora. Seu enfoque reside em desvendar o corpo atravessado pela história, potencializando a qualidade de movimentação e a expressão emocional de cada intérprete. Paralelamente, seu trabalho como preparadora de elenco consiste em mergulhar fundo nas nuances dos personagens, utilizando ferramentas como a análise bioenergética para desvendar a estrutura de caráter de cada papel e guiar os atores na construção de suas performances. Para Aretha, preparar o elenco é uma busca constante pela integração entre corpo, mente e emoção do ator, permitindo-lhes habitar plenamente os personagens que interpretam.
Seu compromisso com a conscientização corporal e a integração mente-corpo a levou a desenvolver projetos significativos, como a oficina de Corpo e Movimento “Move”, e o grupo terapêutico para mães em situação de vulnerabilidade na comunidade 1º de Abril. Em seus trabalhos artísticos, a temática da mulher emerge como uma fonte de inspiração inesgotável, explorando em suas coreografias e direções de movimento a complexidade da experiência feminina em uma sociedade patriarcal. Aretha encontra inspiração em figuras marcantes como sua mãe, que a introduziu ao mundo da dança, e em mentores como Rosa Cagliani e Pina Bausch, cujas influências permeiam sua trajetória com um profundo conteúdo humano.
Momentos de profunda emoção marcaram sua jornada, desde homenagens póstumas a figuras queridas da cena paraibana até a oportunidade de honrar a história de amor de seus avós através da dança. Em meio à dor do luto, a arte se revelou como uma poderosa ferramenta de transmutação e consolo, permitindo a Aretha transformar suas perdas em celebrações de vida e amor.
Olhando para o futuro, Aretha Paiva se prepara para retornar aos palcos com renovado vigor e determinação. Depois de anos dedicados à maternidade e à psicologia, ela agora vislumbra a retomada de seus projetos artísticos em dança, com a promessa de apresentar ao mundo dois trabalhos que refletem sua jornada pessoal e profissional. Com um solo já em processo de montagem e o desejo de colaborar em um espetáculo com outros bailarinos, Aretha almeja sair das coxias e brilhar mais uma vez sob os holofotes, compartilhando sua arte com o público e inspirando aqueles ao seu redor.
Fonte: Entrevista com Aretha Paiva realizada por Débora Luz em abril de 2024