Pesquisa e texto: Sandra da Costa Vasconcelos
Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: agosto de 1990
Atividade artístico-cultural: escritor e poeta
Facebook: Jon Moreira
Instagram: @moreirajon
Jon Moreira, autor do livro Anjo Diluidor, nasceu em João Pessoa em agosto de 1990. Graduando em Letras pela Universidade Federal da Paraíba, tem alguns de seus poemas publicados em suplementos literários e blogs.
Anjo diluidor, um de seus livros, ao contrário do que pode sugerir o título, não abranda, não suaviza, não rarefaz a concentração de nada. Ao contrário: o nome do volume, retirado de uma canção de outro paraibano, o querido Chico César, remete a uma ironia que perpassa todo o livro. A ironia, registre-se, fina ironia, – diria quase sempre velada, que perpassa os poemas como algo dissimulado ou transverso.
Consta na história do livro, um ateísmo convicto que se vale do sagrado para desmascará-lo, para despir sua invencionice. Para dar ao homem o que é do homem: poder de pensar-se num mundo em que ele próprio é o dono da história e da linguagem e que não crer cegamente em entes ou valores transcendentais.
A poesia de Jon Moreira, calçada, antes de mais nada, na busca de uma textura da linguagem, na procura de um rigor da palavra, no zelo com a sonoridade, com as imagens e com as ideias elege, enquanto um de seus modos de expressão determinante, a metalinguagem, a que sabe se projetar-se como um elemento sutil, quando na verdade é um tsunami de emoções.
Outra característica de sua poesia é trabalhar a semioticidade da palavra, associada a um feixe de emoções. O leitor sensibiliza-se com esta linguagem de linguagens. Com este corpo a corpo do poeta com a expressão poética. Uma sensibilidade que advém do equilíbrio entre o que se diz e como se diz. Enfim, a emoção nasce do trabalho com a palavra, e não da verborragia destemperada de vocábulos seguidos por interjeições ou reticências.
Ao lado do ateísmo e da metalinguagem, o erotismo apresenta-se em sua poesia de duas maneiras: ora nu e ora cru. Tomemos rapidamente o poema “Beijo”. De fato, a literatura é o campo dos múltiplos significados e significantes. E sua teoria também o é, para sorte dos que amam a arte e para desespero dos aristotélicos e cartesianos de plantão.
Já em “A primeira manhã” a descrição estampada cede lugar à exposição de ideias dissimuladas. O conceito vai esboçando-se pouco a pouco, com a calma e a intencionalidade do desejo. Os corpos entrelaçam-se na voz do silêncio, trancados um dentro do outro. Eis o poema:
O sol
– como num clichê de novela –
esperou por nós
e a sós, nascemos.
O silêncio nos foi pai
ao redor das bocas
calou-nos a sete nós
trancando um tão por
dentro d’outro
que ressoa num
a outra muda voz.
Outra marca da poesia de Jon Moreira é a referência – direta ou sutil – à poesia de Augusto dos Anjos, Drummond, João Cabral, Glauco Mattoso, Paulo Leminski, Augusto de Campos, entre outros contemporâneos. O poeta sabe associar a poética da condensação, da negação, da sacanagem, da metalinguagem, da materialidade dos vocábulos a um coloquialismo bem natural e equilibrado.
Ainda que incipiente, o autor tem apostado na continuidade de suas leituras – tanto de poesia como de teorias – e, por isto mesmo, apostou em seu talento, na continuidade de sua produção poética, o mesmo também faz parte do Clube do Conto da Paraíba há 20 anos.
Fontes:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/paraiba/jon_moreira.html
https://oberronet.blogspot.com/2015/04/o-anjo-diluidor-de-jon-moreira.html
htps://amaitepoesia.blogspot.com/2018/05/6-poemas-de-jon-moreira.html