Pesquisa e texto: Laura Moura
Ano de Criação: 2018
Local de Origem: João Pessoa – PB
Gênero: Punk Hardcore
Integrantes: Ramsés (vocal), Ilson Barros (Guitarra), Edmundo (Baixo) e Guga (banda Zeferina).
Spotify: COALIZÃO
Instagram: @coalizaohc
Canal no Youtube: COALIZÃO HC
Referência na música paraibana, a veterana Coalizão, como se caracteriza, é renomada por seu emblemático Punk Hardcore recheado de críticas sociais. Apesar da sua formação ter ocorrido em 2018, tal termo já é bem familiar para a banda que possui membros com passado em grupos de grande atuação na cena Nordestina e Brasileira. Suas composições passeiam por melodias vorazes e letras profundas, que evidenciam as desigualdades sociais e triste realidade do nosso país.
Em 2018, Ilson Barros (também da Zeferina) convidou Ramsés para montar uma banda com intuito de trazer à tona a influência do punk rock brasileiro oitentista. Dando uma pausa em seus respectivos grupos, o Coalizão seria o ponto de encontro para seus membros. Além deles, o coletivo era composto por Edmundo (Cabreira/Musa Junkie) e, na época, Oscar (Ex Calibre 12/SP). Assim, com muita sede de fazer barulho, a banda nasceu como uma forma de protesto.
Coalizão possui um viés ideológico muito forte, evidenciando sempre as dificuldades de redemocratização no Brasil. Com diferentes profissões, desde historiadores até professores, eles refletem todo esse conhecimento em suas obras. Somada a mistura explosiva do punk e o olhar crítico de esquerda, ideologia política dos integrantes, o resultado é um som anarquista disposto a falar o que pensa sem se preocupar com o que os outros pensam, mas sim em expor toda a injustiça do mundo e revolta contra esse caos.
“Coalizão é uma banda Hardcore ANTIFA, o que significa que muitas agendas combativas nos dão lastro para construir narrativas e temas de reflexão. Não conseguimos entender o mundo sem uma dose de crítica, de posicionamento libertário. Você jamais verá a banda tocando num evento com bandas que se posicionem como “isentas” ou reacionárias. Clube de motociclistas? Nem a pau! Para muitos essa é uma posição radical e é mesmo. Não recuamos um milímetro frente ao autoritarismo. Se incomodamos, a mensagem está dada. Não gosta do MST? Não apareça no show, já estamos escaldados para engolir”, comentam para a Revista Mortífera.
Quanto a sua discografia, o grupo possui 4 EP ‘s: ‘1’, ‘2’ e ‘3’, todos lançados em 2019 com 4 composições, e ‘Pátria Ruminante (2020)’, com 6 músicas. Além disso, eles possuem também um álbum, ‘Coalizão (2020)’, com 16 canções, até hoje seu maior sucesso, marcado por riffs intensos e letras críticas. Por fim, seu lançamento mais recente foi o single ‘4 (2021)’, com duas músicas.
Eles revelam que os 3 primeiros EPs apresentam nas capas eventos históricos atrelados às lutas das ligas camponesas ocorridas entre Pernambuco e Paraíba. Tal fato levou centenas de camponeses a serem torturados e mortos pela ditadura militar e por latifundiários nos anos 1960. Algumas dessas lutas permanecem na Paraíba e região, da mesma forma muitos conflitos com outras pautas se apresentam ainda mais duros, nos últimos anos.
“O Último, EP ‘Pátria Ruminante, que tem um boi e vacas na capa, se auto explica nas atuais circunstâncias do avanço extremista, e dessa manada de fanáticos ultra nacionalistas que se apresentam na sociedade brasileira. As capas de forma geral estão ligadas às letras e essa nossa visão reflexiva sobre a sociedade brasileira sempre vai estar presente”, explicam para a revista.
Assim a banda segue com uma visão crítica e forte da realidade brasileira. Como um de seus maiores desafios está a importância de se manter informado sobre essas novas lutas que têm surgido. Eles assumem o papel de “caçadores” de fascistas, em suas próprias palavras “sempre temos uma bandeira do MST para afugentar nazis desavisados”. Em resposta à revista Mortífera, eles finalizam falando sobre seus planos para 2024 e a dura realidade de “ se você não reagir, estará fodido”.
“Além de continuar tocando nos mais diversos espaços, como em 2023, um ano massa, em termos de GIGS HC fora de João Pessoa, principalmente em Pernambuco, estamos com uma série de novos sons compostos para nosso futuro material. Ele tem o título provisório de:”A tradicional, ordeira e devota família brasileira”. O material será meio conceitual sobre esse ‘Evangelistão’ fundamentalista que tomou conta do Brasil. Nunca foi tão importante dizer…”ore, reze ou se manifeste como quiser para qualquer divindade no lugar destinado a esse fenômeno. Entretanto, não temos a menor obrigação de engolir a fé de ninguém. E nesse universo, pior ainda se você assume uma postura ‘Nazi-gospel’. […] A Coalizão continua ferina e ácida. Sempre ANTIFA!”, finalizam.
Fontes:
3 ª edição – Revista Mortífera
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2Phv0q9PJ6trlRuC3jx5BZ