Município: Rio Tinto-PB
Localização: Av. Manoel Gonçalves, R. Superior, 18, Rio Tinto – PB, 58297-000
Ano de inauguração: 1924
Ano de desativação: 1983
Em 27 de dezembro de 1924, era inaugurada a fábrica têxtil da família Lundgren com a presença da grandes autoridades políticas, militares, civis e religiosas da Paraíba e Pernambuco.
A construção da fábrica começou 5 anos antes com a chegada de Arthur Barbosa de Góis no município de Mamanguape para comprar terras a pedido de Frederico João Lundgren. A família comprou as terras da Vila da Preguiça e começou o assentamento da fábrica e futura cidade, aproveitando o sucesso do Ciclo Algodoeiro no Nordeste.
Para a construção, a família expulsou índios potiguaras da região, queimando suas casas em uma episódio conhecido como “Noite das Queimadas”.
Os Lundgren investiram em um protótipo inglês de cidade-fábrica, tendo como planos transformar aquela pequena vila em uma cidade, o que resultou no município de Rio Tinto. A ideia era ter controle da vida da cidade, população e de outras atividades produtivas.
Eles queriam construir um parque industrial – o mais moderno possível – e importaram das cidades inglesas, como Lancaster e Manchester, vários teares. A fábrica tinha secção de 6.400m², 31 bancos (grosso, intermediários e finos) com 13 mil furos, 45 máquinas de cardar, 05 urdideiras, 37 máquinas de cortar, 09 máquinas de esfriar, 3 engomadeiras.
A propaganda da cidade-fábrica oferecia ótimos salários e moradia gratuita. Muitas pessoas deixaram seus antigos trabalhos e endereços para serem alojados em galpões e casas que poderiam possuir até 4 famílias diferentes na mesma moradia. Muitos operários eram crianças e adolescentes que possuíam um salário inferior ao de um homem adulto, muito próximo ao salário de uma mulher.
A companhia não queria possuir apenas o controle da população e produção, mas também da política do estado, existindo sempre alguém na política ligado à fábrica.
O prestígio da família e fábrica eram tão grandes que Rio Tinto foi a única cidade paraibana visitada por Getúlio Vargas. Em 1951, a fábrica também impressionou o presidente Dutra que encomendou os fardamentos do exército, marinha e aeronáutica.
Além disso, no início da década de 1960 ocorreu o ápice das importações para a Europa e EUA, sendo Rio Tinto, a cidade do interior com a maior arrecadação tributária do Nordeste. Nessa época, a fábrica possuía 50 galpões em uma área de 52 mil metros quadrados e as caldeiras queimavam 80 caminhões de lenha por dia, gerando 15 mil empregos diretos.
Em 1983, a fábrica fechou por causa das seguidas crises econômicas, crises na produção do algodão e da competição por equipamentos modernos com as fábricas do Sul. Hoje, a fábrica não estrutura turística e horário de visitação oficial.
Grace Vasconcelos
http://www.obirevestimentos.com.br/blog/2016/10/24/rio-tinto-por-tijolos-macios