Município: João Pessoa-PB
Comprimento: 8km
Nascente: Paraíba
Foz: Rio Paraíba
O Rio Sanhauá é considerado o berço de João Pessoa, que nasceu às margens do rio há 429 anos com o nome de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, fazendo o caminho inverso de muitas cidades litorâneas do Brasil, que se desenvolveram da costa para o interior. Somente a partir dos anos 1940, com a segunda intervenção urbanística na Lagoa do Parque Sólon de Lucena, a capital paraibana começou a crescer em direção ao mar.
Foi à beira do rio, que desemboca no Oceano Atlântico na atual cidade de Cabedelo, então, um dos pontos de defesa da Capitania da Paraíba, que foi erguida a nova cidade nordestina, nascida sob as bênçãos de Nossa Senhora. Durante toda a história de edificação da atual João Pessoa, o rio Sanhauá foi rota de entrada da capitania, até o Porto do Capim, o primeiro ancoradouro de navios, na capitania, vindos principalmente de Portugal, país colonizador. Assim, à beira do Porto do Capim, surgiram as primeiras construções, tendo sido por 350 anos a região comercial mais importante da capital, já que nela se situava a porta de entrada do estado. Era um lugar de encontro de marinheiros, troca de mercadorias e informações e onde se celebravam os eventos sociais da cidade.
Com isso, era no Porto do Varadouro, popularmente conhecido como Porto do Capim, que os hidroaviões pousavam para realizar grandes negócios. Era neste porto onde todo o comércio do atacado e a retalho funcionava, fazendo conexão com outros estados. Assim, presume-se que a denominação Porto do Capim surgiu devido à quantidade de capim que ali desembarcava para alimentar os animais que serviam de transporte naquela época (Octávio, 1989). O porto era o principal da cidade de João Pessoa antes da criação do Porto de Cabedelo. Assim, a partir de 1935, com a inauguração do Porto de Cabedelo, e a efetivação do transporte ferroviário de João Pessoa para Cabedelo, o porto da cidade foi sendo gradualmente desativado, gerando, daí a decadência da área (CPCH, 1999).
E ainda à beira do Sanhauá, na Praia do Jacaré, que funciona um dos pontos estratégicos de parada de iates e embarcações internacionais em viagens pelo mundo, no mesmo local onde por alguns anos foi pista de pouso de hidroaviões que traziam correspondências à cidade. Hoje, a Praia do Jacaré é palco diário de um grande evento que enfeita um dos pores do sol mais famosos do país, ao som do Bolero de Ravel.
Atualmente, caracterizado pela água salobra, o Rio Sanhauá tem, para além da importância histórica, a de ser fonte de sustento de várias famílias que dependem da pesca. Milhares de litros de esgoto e lixo doméstico jogados diariamente nas margens do rio, que é um santuário de vida estuarina e utilizado para diferentes atividades humanas, como pesca, navegação e lazer. Os moradores ribeirinhos não têm saneamento básico fornecido pelo governo local e utilizam as águas do rio como depósito para os dejetos, causando poluição grave. Não há dados sobre o risco para as espécies, mas sobram relatos de pescadores sobre a redução da quantidade de pescados, mesmo com a alta captura de camarão, peixes e ostras. Além disso, é visível a falta de orientação sobre a consciência ambiental dos moradores.
Sendo assim, os Órgãos Públicos monitoram a recuperação da área que sofreu grande impacto com o lixão do Roger e mesmo depois da desativação em 2003 o local passa pelo processo de biorremediação desde então. Já em julho de 2007, o rio recebeu cinquenta mil tilápias, a fim de aumentar a quantidade de pescado no estuário e beneficiar diretamente famílias de pescadores que sobrevivem especialmente da pesca artesanal em Bayeux e João Pessoa, além de alertar para a importância do ecossistema do estuário.
Suzana Sousa
Fontes:
http://www.de.ufpb.br/~ronei/JoaoPessoa/capim.htm
https://paraondeir.blog/sanhaua/