Pesquisa e texto: Sandra da Costa Vasconcelos
Naturalidade: Esperança – PB
Nascimento: 1972
Atividade artístico-cultural: líder indígena, artista, poeta e escritora
Instagram: @anasilvakariri
Facebook: Ana Silva Kariri
Ana Silva Kariri, mais conhecida como Ana Kariri é uma líder indígena, artista, poeta, escritora brasileira da etnia indígena Kariri. Nasceu em 1972 no município de Esperança, no estado da Paraíba.
Ana é liderança indígena da etnia Kariri da Paraíba, arte educadora e artista contemporânea. Ela também é idealizadora e coordenadora de projetos pelo Coletivo Tuxaua-Rede de Saberes Indígena, integra o Conselho de Cultura de Duque de Caxias. Tem tido uma trajetória de importante atuação para o reconhecimento da presença indígena na Baixada Fluminense e faz parte da rede de Articulação Nacional RENIU- MULHERES e do Movimento Mundial Mulheres Reais de Arte e Poesia.
Sua infância foi na Paraíba, com suas matriarcas, seu povoado, sua língua Kariri. Foi criada com a avó e a bisavó. Aos oito anos, deixou o povoado e veio para o Rio de Janeiro morar com a mãe. “Eu cresci tecendo, eu cresci colhendo, fazendo as bonecas, as petecas da palha de milho. Quando eu vim para a cidade, esses eram os meus brinquedos, que me faziam matar um pouco a saudade da minha terra”, conta. “Eu vivo a arte como um todo, a arte faz parte desse legado e memória de meu povo. Então, a arte pra mim foi sempre um caminho que me fazia entender que daqui a pouco eu estaria de volta no meu território”, complementa.
Hoje, está em contexto urbano, se dividindo entre Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Sobre seus últimos trabalhos como artista e exposições, afirma:
“Todo mundo sempre me conheceu dessa forma, levando minha arte, meu artesanato, depois minhas telas, e, hoje, esse processo de idas e voltas me faz estar em lugares como bienais europeias. (…) Ano passado, principalmente, durante a pandemia, foi o tempo que eu mais trabalhei, e minhas obras foram para outros espaços, outros países, foi inacreditável, mas foi muito bom, porque houve uma coisa muito forte de todo mundo se reconhecer através das redes sociais”.
As telas da Ana Kariri estão repletas de conhecimento das artes rupestres e conhecimento pedagógico. A maioria está em sua língua materna. Cabe destacar que ela faz questão de ressaltar como seus trabalhos também mostram muito de sua religiosidade e orientação ancestral.
Sobre a lei 11.645, ela conta que, antes mesmo de a lei existir, ela já trabalhava a educação indígena nas escolas, principalmente na Baixada Fluminense. Para Ana Kariri, ainda falta uma capacitação de professores, e, nas escolas, existem poucos livros que incentivam a cultura indígena. Reconhece que a implementação da Lei ainda é um desafio, principalmente na Baixada Fluminense. “Eu acho que tem que ir pra base, primeiro a base dos professores que se propõem mudar esse olhar deturpado, e também a base das crianças, desde a formação da educação infantil até o ensino médio. Aí, a gente constroi e reconstroi as raízes, tanto afro-brasileira quanto indígena, que na verdade são as raízes do Brasil”.
Por fim, Ana expressa o seu desejo para que, cada vez mais mulheres, indígenas e professores, possam estar nos espaços acadêmicos, sendo protagonistas de sua própria história e que os livros que vão ser utilizados na academia, possam trazer esse protagonismo.
Ana Kariri tem em sua carreira o Prêmio Jabuti como coautora na categoria Fomento à leitura, oferecido pela União Brasileira de Escritores, Título de Doutor Honoris Causa concedido pela FACETEN (Faculdade de Ciências, Educação e Tecnologia do Norte do Brasil), Título de Doutor Honoris Causa concedido pela FACTEFERJ (Faculdade de Teologia e Filosofia do Estado do Rio de Janeiro), todos no ano de 2023.