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Data de publicação do verbete: 27/06/2022

Ana Pamplona, a Santeira

Ana Maria Pires Pamplona era artesã e agricultora.
Data de publicação: junho 27, 2022

Naturalidade: Sítio Jerimum, São João do Rio do Peixe-PB

Nascimento: 1900 // Falecimento: 1984

Atividade Artístico-Cultural: Artesã

Ana Maria Pires Pamplona era artesã e agricultora, nascida em 1900 no município de São João do Rio do Peixe no sertão da Paraíba, onde também faleceu aos 84 anos de idade. Segundo as palavras do pesquisador Roberto Emerson Benjamim: “a imaginária era uma sertaneja forte, pele e olhos claros. Nasceu com o século e casou tão cedo que teve a desdita de enterrar o marido, filhos, netos e bisnetos – estes, os anjos de Manoel como contava com naturalidade e conformismo. Conversava muito quando ficava à vontade e lhe prestavam atenção. Para todas as doenças, tinham ervas em seu jardim, mas não tinha garrafadas nem mezinhas. Não se considerava curandeira, embora não se negasse a fornecer as plantas às pessoas que lhe procurassem. Fazia bichinhos de pano e bordava enquanto a vista permitiu, preparava flores de tecido, massas, laminados de plástico e em lata – capela de noivas e coroas para enterros. Ela começou restaurando imagens velhas de madeira e gesso que apareciam, retocava também registros e cromos, depois começou a fazer as suas próprias imagens”.

Pedaços de faca, cacos de vidro, canivete, serrote, pregos, pincéis improvisados eram os seus instrumentos de trabalho, espalhados junto as latinhas de tinta industrial pedaços de caixotes e tocos de umburana tudo em cima ou ao redor da esteira onde sentava para criar os seus santos. Todas as cores que faltavam à paisagem quase monocromática do sertão seco pareciam que haviam se recolhido àquela casinha onde Ana Pamplona as espalhava em suas obras, como se compensasse a natureza. Lapinhas floridas, Santanas alaranjadas, Maria de mantos azuis estrelados e floridos, túnicas verdes-claras salpicadas de florzinhas encarnadas…

Essa “primavera sertaneja” parecia, à primeira vista, meramente decorativa. Todavia, a observação em detalhe levava à outra conclusão: Ana Pamplona tirava partida da pintura para obter soluções próprias e variadas, a fim de superar a carência das dimensões da madeira e do instrumental com que trabalhava. Sempre que os tocos da umburana impediam as soluções escultóricas e não sendo viável um acréscimo, a figura era completada através da pintura.

Ao fazer várias imagens de uma mesma inovação de Maria e o Menino podia vir esculpido no mesmo bloco, ou constituir uma peça solta, ou ser entalhado em baixo-relevo, ou, ainda simplesmente vir pintado. O mesmo ocorria como carneirinho de São João ou o cachorro de São Domingos. A opção pela solução através da pintura era frequente em relação aos pés das imagens quando não encontravam espaço no bloco de madeira. A artesã fiel a uma velha distinção entre o profano e o sagrado, vendia as suas imagens (porque não foram bentas).

No dia 23 de agosto de 2011 foi a realizada a exposição “Ana Pamplona – a imaginária sertaneja “ para celebrar a Semana do Folclore  por meio da Fundação Casa de José Américo, com obras da santeira paraibana vindas do acervo da Fundação Joaquim Nabuco, o evento ocorreu no Salão de Exposição da FCJA na orla do Cabo Branco.

Jonas do Nascimento 

Fontes:

https://auniao.pb.gov.br    (Edição 21/05/2022)                                                                                                                                                                                                                                                          http://mestresdaeducacao.pb.gov.br/index 57013.html