Pesquisa e texto: Maria Eduarda Marques
Naturalidade: João Pessoa – PB
Atividade artístico-cultural: escritora
Formação Acadêmica: Fisioterapeuta e Mestra em Serviço Social (UFPB), Doutoranda em Saúde Pública (IAM/FIOCRUZ-PE)
Publicações: Mulherfagia (2023)
Instagram: @angela.pereir6
Facebook: Ângela Pereira
Ângela Pereira é uma ativista, escritora e fisioterapeuta paraibana. Nascida em João Pessoa, de origem humilde e filha de pais pernambucanos, viveu boa parte de sua infância migrando para diferentes estados do nordeste, as dificuldades encontradas nesse período e o contato direto com a disparidade socioeconômica na região, foram determinantes para guiar suas escolhas ainda na juventude, estimulando-a a buscar um futuro diferente através do estudo.
Ainda na escola, destacava-se por suas habilidades de escrita e liderança, algo que é refletido até hoje, em suas ações como ativista e escritora. Em João Pessoa, deu continuidade a sua formação profissional, política e acadêmica, tornando-se sanitarista e ativista social junto a movimentos sociais camponeses, sindicalistas, feministas e antirracistas. Além disso, Ângela formou-se em Fisioterapia, é Mestre em Serviço Social (UFPB) e Doutoranda em Saúde Pública (IAM/FIOCRUZ-PE).
Protegida por Oyá e Ogum, após anos escrevendo poesia, lançou seu primeiro livro em 2023, “Mulherfagia”, é uma obra que reúne 40 poesias em versos livres e haikai, organizada em três partes: Descasulando, Processo e Identidade. A obra aborda temáticas de lutas sociais que fazem parte de sua vida e englobam seu ativismo político. O título foi extraído de um dos poemas que o compõe. Fagia vem do grego “Fagô”, e significa comer, ingerir, portanto, “Mulherfagia” expressa o desejo pertinente de confrontar os padrões impostos às mulheres (especialmente as negras) na sociedade atual, que é marcada pelo racismo e ideais patriarcais.
Mulherfagia
Ando com uma fome insaciável
Quanto mais passam por meus dentes
verdades ditas lá fora como devo ser
Mais me acomete uma vontade de comer-me
Devorar-me
Porque sou construção de um mundo de verdades
que a mim não pertencem
Eu-mulher
A cada mordida
A cada saliva que molha minha carne
e as ideias que a ela dão vida
Mais tenho fome
Entre uma mordida e outra
Dou-me conta:
“Não és, meu bem, a mesma mulher”
Respiro histórias como as minhas
Ganho fôlego para seguir dilacerando verdades
Que não são minhas
Fontes:
https://www.instagram.com/angela.pereir6/
https://auniao.pb.gov.br/noticias/caderno_cultura/mulherfagia-angela-pereira-estreia-na-literatura