Naturalidade: Campina Grande – PB
Ano de nascimento: 1944// Falecimento: 1 de agosto de 2018
Atividades artístico-culturais: Artista plástico, pintor, desenhista e escultor.
Antonio Manuel Lima Dias mudou-se por diversas vezes com sua família enquanto era criança, morando temporariamente nos estados de Alagoas e Pernambuco. Nesse período, através do incentivo e ensinamentos de seu avô, aprendeu as primeiras técnicas do desenho. Desde muito jovem, o garoto começou a ganhar uns trocados fazendo rótulos para bebidas.
Em 1957, aos 13 anos de idade, foi morar no Rio de Janeiro, onde estudou no Ateliê Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes, sob a tutela de Oswaldo Goeldi. Durante esse período, trabalhou como desenhista de arquitetura e gráfico ilustrando obras de grandes escritores como Bertolt Brecht e Clarice Lispector. Nas primeiras obras do artista é possível notar a economia de linhas e cores, a ausência de nuances entre tons e a marcante presença do vermelho.
Tempos depois, o ensino no ateliê não lhe foi mais satisfatório. Desde então, passou a ser autodidata e a realizar trabalhos autônomos. No ano de 1962, participou de sua primeira exposição no Salão Nacional de Arte Moderna, com obras que seguiam os padrões modernistas da época. Sua inaugural grande exibição foi no 20º Salão Paranaense de Artes Plásticas, onde ganhou medalha de ouro e um prêmio em dinheiro na categoria desenho. Foi nesse período que o seu talento começou a ser reconhecido e suas obras alcançaram visibilidade.
As suas pinturas daquela época uniam técnicas tradicionais a elementos de experimentação. As figuras evocavam linguagens do cinema, da televisão, da imprensa, de ícones religiosos e policiais, além de trazer referências da gravura e dos cordéis, sempre marcadas por narrativas não lineares.
O artista foi atingido pela dualidade de ideais vividos pela geração da década de 1960. Antonio Dias começou a pintar o homem de forma visceral, abordando em suas obras a contradição entre a justiça e a força e usando sua arte como ferramentas de um total engajamento político. “Sentia-me preso e descobri, de repente, que milhares de jovens lutavam para a libertação, lutavam por fazer alguma coisa que fosse resultante de suas ideias e de suas relações com o mundo”.
Antonio Dias se tornou um líder para aos jovens artistas de seu tempo. Em 1965, recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e se mudou para Paris, onde morou por três anos. Lá, realizou trabalhos artísticos, como pinturas de tecidos para grandes grifes e ilustrações para a Revista Elle. Sua primeira exposição individual no exterior ocorreu ainda naquele ano, na Galerie Houston-Brown, na França.
Por conta de um conturbado período político vivido no Brasil, o artista plástico se transferiu para a cidade de Milão, na Itália, onde montou um ateliê e ficou durante 20 anos. No país, seus trabalhos artísticos passaram a ser sua única fonte de sustento. Foi nessa época que suas obras passaram por importantes transformações estéticas. Por conta da influência da arte francesa, as peças ganharam elementos sutis, mas sem perder a intensidade que as caracterizavam durante a década de 1960.
Antonio Dias contou sobre o seu processo de observação e construção das obras. “Na pintura, tive sempre em mente a imagem do quadro como um objeto de pouca espessura que, enquanto corpo físico, tem seu lugar na parede. Para mim, é mais do que simplesmente uma superfície bidimensional de representação, ele é, enquanto matéria, tão físico quanto qualquer outra coisa. Então, o que procuro é criar uma relação entre a matéria do objeto e a matéria que o observador traz de si durante a experiência do observar”, explicou.
Na década de 1970, trabalhou em Nova York com o apoio da bolsa Solomon Guggenheim Foundation e viajou para a Índia e o Nepal, onde estudou técnicas de produção de papel e processos de coloração vegetal. Os ensinamentos resultaram, entre outros trabalhos, na série de xilogravuras intitulada “Tramas”, de 1977. Um ano depois, ao retornar ao Brasil, começou a lecionar na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde criou o Núcleo de Arte Contemporânea.
Durante os anos de 1970, Dias desenvolveu um conjunto de peças chamadas de “A Ilustração da Arte”, marcadas pela metalinguística. O tema era a relação entre a economia e a estética. Os trabalhos representavam o mercado de artístico através do uso de composições geométricas. Também fez parte da série de obras algumas montagens fotográficas e filmes gravados em super-8.
No início da década de 1980 foi convidado a participar da Bienal de Veneza retornando para sua casa em Milão até 1988. No mesmo ano se tornou bolsista da Deutscher Akademischer Austausch Dienst, em Berlim e participou de diversas exposições importantes em Nova Iorque, Finlândia e Alemanha.
Em 1988, mudou-se para Colônia, na Alemanha, onde reside até hoje. Quatro anos depois foi chamado para ser professor na Internationalen Sommerakademie für Bildende Kunst, universidade austríaca, em Salzburg e depois na Staatliche Akademie der Bildende Künste, faculdade alemã, na cidade de Karlsruhe.
Na década de 1990, participou da mostra Gegenwart / Ewigkeít no Martins-Gropius-Bau em Berlim, da Bilderwelt Brasilien na Kunsthaus de Zürich e da Latin American Artists in the Twentieth Century no Museum Ludwig em Colônia.
Antonio Dias é um artista de muitas linguagens. Ao longo de mais de 50 anos de carreira, já produziu pinturas, colagens, gravuras, esculturas, objetos, fotografias, filmes e um disco. Nos últimos anos, tem se dedicado de um modo especial à pintura.
Revolucionou as artes plásticas, em especial no que se refere à pintura contemporânea. Seu estilo desafia o convencional, com quadros que desobedecem as regras das duas dimensões. Na maioria de suas obras, o artista usa a tridimensionalidade, utilizando gesso, colagem e todos os recursos ao alcance das mãos.
Com uma técnica mista, faz misturas e combinações com relevo em massa, colagem sobre tecido, óxido de ferro, grafite e pigmentos de toda natureza. A experiência adquirida ao longo das diversas viagens que fez ao redor do mundo, unida ao seu eterno inconformismo e a paixão pela realização de pesquisas aprimoram continuamente seus trabalhos. Seu nome é reconhecido mundialmente, com obras incluídas no acervo dos principais museus de arte contemporânea do mundo.
Realizou exposições individuais nos estados da Paraíba, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Espírito Santo e Pernambuco. No exterior, expôs por diversas vezes na França, Holanda, Alemanha, Itália, Bélgica, Suíça, Áustria, Espanha e Portugal.
Participou de centenas de exposições coletivas no Brasil e em países como Estados Unidos, Alemanha, Suíça, França, Japão, Itália, Croácia, Portugal, Reino Unido, Porto Rico, Espanha, Venezuela e México.
Em 2010, em comemoração aos 50 anos de sua carreira, teve como homenagem uma exposição em Zurique, na Suíça, e outra na Pinacoteca de São Paulo. Ambas traziam peças feitas durante as décadas de 1960 e 1970.
Fontes:
https://www.escritoriodearte.com/artista/antonio-dias/
http://www.pinturabrasileira.com/artistas_bio.asp?cod=190&in=1
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa45/antonio-dias
http://www.pinturasemtela.com.br/antonio-manuel-lima-dias-artista-plastico-brasileiro/
https://www.escritoriodearte.com/artista/antonio-dias/
http://repositorio.unesp.br/handle/11449/86956?show=full
http://www.iberecamargo.org.br/novo-admin/public/files/uploads/antonio-dias-potencia-da-pintura.pdf