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Data de publicação do verbete: 31/10/2023

Antônio Henriques Neto

Poeta.
Data de publicação: outubro 31, 2023

Naturalidade: Picuí – PB

Nascimento: 21 de Novembro de 1923 // Falecimento: 09  de Setembro de 2017

Atividade artístico-cultural: Poeta

Atividade Profissional: Tipógrafo, caminhoneiro, taxista e agricultor 

Com a sua humildade peculiar e sem se dar conta do seu magnífico legado deixado para as gerações futuras, Antônio Henriques Neto nasceu em Picuí, no sítio Bom Jesus, em 21 de novembro de 1923. Seus pais, Francisco Henriques da Costa e Justa Cândido Costa, eram agricultores e tiveram 7 filhos: Antônio, José, Elpídio, Euclides, Noêmia, Minerva e Iracema, no qual ele foi o primogênito da família.

Viveu sua infância no sítio Umari-Preto, de onde guardou os melhores momentos do seu tempo de criança. Nas proximidades de lá, no sítio Gravatá, especificamente na Escola Particular, ele foi alfabetizado. Sua primeira professora foi sua tia materna, Henriqueta Cândido Costa.

Conseguiu o seu primeiro emprego como tipógrafo, devido a influência da sua avó e logo após como ajudante no posto de gasolina do seu tio Genésio. Sua escolaridade, foi basicamente não concluída, por ter que  se alistar no Exército Brasileiro, no período da Segunda Guerra Mundial, entre 1944 a 1945. Na época, ele foi transferido para o Batalhão do Exército Estadual em Cruz das Armas, em João Pessoa, onde foi motorista dos coronéis e generais atuantes. Nesse mesmo tempo, ele foi convocado a viajar para o município de Muçurepe, em Pernambuco, para participar do treinamento de guerra em serviço à pátria. Na véspera de sua viagem para os campos de batalha, na Itália, foi anunciado o final da Segunda Guerra Mundial.

Da  união de António Henriques Netos e de sua esposa Severina Dantas Henriques nasceram seus 8 filhos: Adenilson, Ademilde, Adenilce, Adenilza, Adeneide, Francisco, Adeilma e Adriana.

Profissionalmente, ele foi tipógrafo, caminhoneiro, taxista, agricultor e poeta. Das suas profissões distintas, foi como caminhoneiro que ele encontrou inspiração para escrever suas poesias, descrevendo o que via e o que sentia pelas estradas brasileiras, especialmente nas suas andanças pelo sertão nordestino. Apaixonado pelo folclore e pelo linguajar autêntico e regional das pessoas que ele encontrava no seu caminho, o poeta se envolveu na produção da sua poesia matuta, escrita através dos contos, causos e estórias de um povo original na sua essência. Também amante da natureza, sua poesia era voltada à simplicidade e à quietude do sertão; todavia, havia um tom de tristeza e ansiedade nas suas escritas em relação à seca e à estiagem na agricultura pela falta de chuva na região.

Como dizia o poeta “adoro o sertão e com especialidade esse pedaço de chão onde nasci”, onde se vê claramente o seu lado patriota,  bem expressa em suas poesias “Meu Picuí”, “O berço que Deus me deu”, “Falando a Picuí” e “Nesse Picuí sertanejo”, encontradas nos seus livros publicados.

Autodidata, o poeta escreveu também a sua própria gramática, baseada no livro “Biblioteca da Língua Portuguesa”, e com a ajuda do seu velho dicionário de bolso, que sempre carregava consigo nas viagens que fazia como caminhoneiro, ele produziu, ao seu modo, sua GRAMÁTICA AMIGA, que tanto o ajudou na sua aprendizagem e na formação do seu lado poético erudito, como ele mencionava em atributo ao livro: “Minha velha gramática, hoje vendo teu desgaste, destinei-me pôr em prática, as lições que me ensinaste”.

O poeta paraibano Antônio Henriques Neto escreveu como alguma de suas obras a coletânea “Sem o pão da alma”, uma  obra póstuma que trouxe versos inéditos do poeta que, em vida, publicou os títulos: “Poesias dispersas” (1979), “Poesia, folclore e Nordeste” (1985) e “Voz de um homem rude” (2001).

Além de poeta, ele foi apresentador do programa Forró do Poeirão, na Rádio Cenecista (em meados de 1980) e do programa A poesia na Sua Casa (2004), na Rádio Sisal, ambas emissoras de Picuí. Foi entrevistado pela TV Paraíba, dando enfoque histórico de sua terra natal, tendo em vista ser considerado a “memória viva” da cidade na época. Suas poesias foram divulgadas em outros estados brasileiros, destacando-se na Rádio Icoaraci (Belém do Pará), Rádio Bandeirantes e no programa de TV “Nas quebradas do Sertão” (São Paulo).

Recebeu a homenagem de “Honra ao Mérito” pela Rádio Serrana de Araruna (Paraíba), pelos serviços prestados como poeta à cultura popular. Em 1999, recebeu o prêmio “Augusto dos Anjos”, no Festival Sertanejo de Poesia, na categoria de poeta, com a poesia “Caçada Azalada”. Em 2001, foi homenageado pelo compositor, cantor e poeta Amazan, no lançamento de seu livro “Voz de um homem rude”, em João Pessoa; e em 2002, participou de comissões julgadoras de vários festivais de violeiros famosos da região.

Numa das suas citações, ele declarou não ser uma pessoa triste, e que se pudesse escolher um tipo de morte, escolheria morrer sorrindo. Antônio Henriques Neto faleceu serenamente no seu leito em casa, em 9 de setembro de 2017, aos 93 anos, ao lado da sua esposa e dos seus filhos, como ele desejava:  “Se nasci chorando e cresci sobre o solo de Picuí, minha cidade querida, quisera deixá-la rindo, no dia em que for saindo do espetáculo da vida, comprimir em minha mão a areia desse sertão, que vai meu túmulo cobrir, meus filhos junto a mim, presenciando o meu fim e deixar a vida sorrir”.

Sandra da Costa Vasconcelos

Fontes:

https://www.clickpicui.com.br/2011/03/homenagem-do-poeta-picuiense-antonio.html

https://antoniohenriquesneto.com/pages/sobre.html

https://www.termometrodapolitica.com.br/2021/08/09/obra-postuma-resgata-versos-ineditos-do-poeta-paraibano-antonio-henriques-neto/

Pesquisadora Severina Luís de França.

 

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