Naturalidade: João Pessoa – PB
Nascimento: 29 de agosto de 1935
Atividades artístico-culturais: fotógrafo, historiador
Atividade exercício-profissional: professor
Títulos e Cargos: Fundador da Associação dos Fotógrafos Profissionais da Paraíba, Membro da Academia Paraibana de Cinema (Cadeira Nº 19), Título de Cidadão Pessoense (Decreto Legislativo nº 484, de 09 de novembro de 2011)
Obras Literárias: Paraíba Ontem e Hoje (1985)
Premiações: Troféu Heitor Falcão – 2006, Prêmio ABRAJET-PB Melhores do Ano 2006 da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, secção Paraíba.
Arion Farias do Nascimento, nasceu no dia 29 de agosto de 1935, na cidade de João Pessoa, mais especificamente em uma casa situada na Rua Treze de Maio, próximo à atual Praça João Pessoa, no bairro de Jaguaribe, onde viveu boa parte da sua vida. Filho do fotógrafo Ariel Alexandre de Farias e da dona de casa Argemira do Nascimento Farias, ambos pernambucanos. Seu pai, Ariel Farias, veio de Pernambuco para Paraíba, onde se casou e firmou residência. Chegou aqui na turbulência dos anos de 1930 para trabalhar no jornal A União, período em que a capital acabara de mudar o nome Parahyba para João Pessoa em homenagem ao presidente morto. Ariel Farias deu uma inestimável contribuição à produção fotojornalística da Paraíba. Em 1947, aos 12 anos, ele começou a frequentar o estúdio do seu pai, o Foto Condor, instalado na Vila Miguel Couto, n º 48, pelo fotógrafo Newton Viana, que o transferiu para seu pai, Ariel Farias, no ano de 1942. O Foto Condor, durante alguns anos, manteve como meio de publicidade o 1º Jornal Mural da Paraíba, na época divulgando reportagens fotográficas de acontecimentos diários da polícia e das ruas.
Foi no Foto Condor que Arion Farias passou os primeiros anos de sua juventude e teve as primeiras aulas do ofício de fotografar. Foi no Condor ajudando seu pai na preparação de flash de magnésio de fabricação artesanal, que desenvolveu sua carreira profissional como fotógrafo, fotografando os acontecimentos gerais da cidade para jornais. Fotografou, também, autoridades, entrevistas feitas pelos jornalistas, festas de aniversário, 1ª Comunhão, casamentos, formaturas, entre outros eventos da época. Sua participação se profissionalizara também, em virtude do volume de trabalho abarcado pelo Condor, tanto que, quando seu pai assumia muitas responsabilidades em paralelo na cobertura de eventos, dividia as atividades encarregando Arion de fotografar parte deles. Por ser um rapazinho de estatura pequena e franzina, a câmera fotográfica ser cara e de difícil manuseio e, por irem de bonde fazer as fotografias, seu pai sempre mandava um funcionário para acompanhá-lo, pois era perigoso deixá-lo sozinho.
Aos 14 anos, Arion Farias já era incumbido de executar tarefas para fotógrafos como Gilberto Stucket. Também acompanhou o jornalista, empresário, colecionador, advogado, político, diplomata e proprietário do jornal O Norte, o famoso Assis Chateaubriand, dando-lhe cobertura e fotografando-o pelos interiores paraibanos durante suas campanhas políticas e quando veio à Paraíba patrocinando o combate à praga de gafanhotos que devastava o interior do Estado. Em 1951, com 16 anos, de terno e gravata, e muitas experiências, atuou no auditório da Rádio Tabajara “espocando seu flash sobre rostos de famosos intérpretes brasileiros da década de 1950, tais como Alcides Gerardi, Dalva de Oliveira, Dóris Monteiro, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves, Nora Ney, Orlando Silva, Vicente Celestino, entres outros. No mesmo ano, começou a fotografar para o Dr. Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega, um famoso médico paraibano, escritor e historiador por ofício. Fotografou para esse ilustre personagem durante muitos anos, viajando pelo interior do estado da Paraíba, aos sábados e domingos, em busca de suas histórias, florescendo assim, o interesse que Arion Farias tem pela história e pelo colecionismo.
Na década de 1960, passou a trabalhar regularmente na imprensa paraibana, atuando junto ao O Norte, Correio da Paraíba e outros que surgiram na base da crítica como A Tribuna, despertando mais ainda seu interesse pela história, mais especificamente pela história da cidade de João Pessoa e suas ruas. Como fotógrafo da imprensa se destacou como fotorrepórter nas revoltas camponesas, greves estudantis e grandes crimes da crônica policial pessoense, dominando assim, o fotojornalismo até a década de 1970. Durante este período, teve como adversário Valdomiro Ferreira. Também teve a oportunidade de conhecer e trabalhar com grandes jornalistas da época, como: Barroso Pontes, Dulcídio Moreira, entre outros e de conviver com historiadores com quem procurava sempre conversar. Seu conhecimento pela arte de fotografar acabou por aproximá-lo do então Reitor da UFPB Prof. Dr. Guilardo Martins Alves, cujo relacionamento e admiração por seu trabalho acabaram por render-lhe sua nomeação em 1965, por meio da Portaria nº 256, de 16 de junho de 1965 para exercer em caráter interino, o cargo de fotógrafo.
Com lotação na Reitoria, Portaria esta assinada pelo Reitor Guilardo Martins Alves e publicada no Diário Oficial no dia 30 de junho do mesmo ano. Tornando-se assim, o primeiro o fotógrafo nomeado da UFPB. Com menos de um mês de sua nomeação foi assinada a Portaria nº 348, 12 de julho de 1965 pelo mesmo reitor determinando-o que passasse a exercer atividades no Serviço Fotográfico da Reitoria. E, em 1967, por dominar e possuir um alto conhecimento técnico e científico na área fotográfica, substituiu o Bacharel Hermano Galvão assumindo assim, a direção do Laboratório Fotográfico da UFPB. Arion Farias sempre teve uma vida profissional e pessoal muito ativa, e como funcionário da UFPB não foi diferente. Em 1971, foi designado pela Portaria R/DP/Nº 465, de 9 de agosto de 1971, assinada pelo Reitor Guilardo Martins Alves para responder pela Superintendência do Serviço Fotográfico da Reitoria. Em 1972, já no reitorado de Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega, Valdo Lima do Valle – Chefe do Gabinete designa-o através da Portaria CGR/Nº 1, de 18 de janeiro de 1972, para desempenhar o encargo de Chefe de Reportagem, subordinado ao Laboratório Fotográfico, tal que de acordo com uma ficha existente em sua pasta funcional localizada no Arquivo do Núcleo de Documentação e Informação ao Pessoal (NDPI) na UFPB, ele exercia as seguintes atividades: era responsável pelos serviços de reportagens fotográficas da UFPB; coordenava e supervisionava os serviços, distribuindo serviços aos seus auxiliares; planejava os trabalhos de acordo com a orientação técnica do Laboratório Fotográfico e executava, quando necessário, todo e qualquer trabalho relacionado com a arte fotográfica.
Em 1978, foi assinada a Portaria DP/Nº 2099, de 22 de agosto de 1978 que declara a mudança do cargo de Arion Farias, passando o mesmo a ocupar o cargo de Agente de Cinefotografia e Microfilmagem. E, iniciou sua docência na UFPB, onde começou ministrando aulas para o curso de Arquitetura, implantando no mesmo a disciplina de Fotografia que era ofertada como optativa, visando não interromper a programação curricular exigida pelo Ministério da Educação e Cultural (MEC), que pretendia o reconhecimento do curso. Em 1980 iniciou sua carreira no magistério superior, de início junto ao DAC (Departamento de Artes e Comunicação) e, posteriormente, nos cursos de jornalismo, relações públicas e educação artística. Em 1985, foi convidado pela esposa do reitor professor José Jackson Carneiro de Carvalho e pela Coordenadora do Curso de Comunicação, na época, Maria das Graças para escrever um livro sobre a fotografia e o lançar na solenidade de comemoração pela passagem do 1º ano de gestão do referido reitor. Desse modo, escreveu seu primeiro livro fazendo uma análise da sociofotografia paraibana do século XIX até 1940, inserindo neste trabalho, a memória fotográfica paraibana e abordando a cultura visual do passado e outros aspectos técnicos, intitulado “Paraíba Ontem e Hoje” com 53 páginas.
Arion Farias, durante sua vida funcional na UFPB sempre buscou estar se aperfeiçoando e se atualizando. Dessa forma, participou de vários cursos, estagiou na Folha de São Paulo, no Fotorreportagem, levado por José Nêumanne, o que lhe rendeu o privilégio de exercer várias funções na instituição. Depois de 25 anos de contribuição junto à UFPB, se aposentou em 1991, mas dando continuidade aos seus trabalhos fotográficos e à docência, trabalhando como assessor da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC) e ensinando por dois anos no Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP) a disciplina de Fotografia. Como assessor da FUNESC, ele também contribuiu como fotógrafo da mesma, posto este que lhe rendeu o convite, em 2003, para ajudar com a organização das fotografias do Arquivo Histórico Waldemar Duarte. Neste mesmo ano, também, foi convidado pelo presidente da Assembleia Legislativa, na época o deputado Rômulo Gouveia, para participar da instalação do Memorial da Casa de Epitácio Pessoa, trabalho este que foi realizado sob a coordenação do Departamento de Documentação e Informação da Assembleia (Dedinf). Com o convite aceito, Arion Farias, deu uma inestimável contribuição para a instalação do mesmo.
Em 2009, passou a ser diretor do Arquivo Histórico Waldemar Duarte, permanecendo até dezembro de 2010, precisando se ausentar por motivo de doença, tendo sido acometido de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) uma semana antes do Natal, se aposentando pela fundação em março de 2011. Arion Farias foi o fundador da Associação dos Fotógrafos Profissionais da Paraíba, sendo o primeiro presidente e foi reeleito por três vezes. Ocupa cadeira nº 19 da Academia Paraibana de Cinema, cujo patrono é Damásio Franca. Está sempre sendo convidado pela Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC-JP) para participar da comissão de julgamento do prêmio AETC-JP de Jornalismo. É presbítero consagrado da Igreja Batista Regular Filadelphia, ocupa o cargo de vice-presidente e participa de projetos beneficentes em prol da sociedade, recebeu o Título de Cidadão Pessoense em 2011.
Em razão de sua reconhecida competência fotográfica, Arion Farias foi se tornando, naturalmente, um dos mais significativos símbolos da arte de fotografar no estado da Paraíba. Ele aliou ao seu trabalho, técnica e conteúdo, especializando-se como poucos na história da fotografia. Esse reconhecimento rendeu-lhe a participação no documentário “Álbuns da Memória: a fotografia na Paraíba”, um vídeo de 14 minutos que foi lançado em 2000, sob a direção de Elisa Cabral e roteiro de Bertrand Lira. O mesmo conta 100 anos da história da fotografia na Paraíba e ganhou seis prêmios em Festival de Cinema e Vídeo do Maranhão. Arion Farias não difere dos demais cronistas: buscou através da forma textual narrar fatos que aconteceram e aconteciam no cotidiano, abusando da crônica histórica. Por ter atuado muitos anos como fotojornalista, vivenciado muitos fatos históricos e ter se dedicado durante anos aos estudos da História da Paraíba e da cidade de João Pessoa, presenteou assim, por algumas décadas, a sociedade pessoense e as pessoas que tiveram acesso aos jornais O NORTE e Correio da Paraíba com suas inúmeras crônicas publicadas aos sábados e domingos, foram ao todo oitocentas crônicas publicadas na coluna “João Pessoa Ontem”.
Seus artigos jornalísticos, a grande maioria, eram escritos como um meio de não deixar “passar em branco” o Dia Internacional do Fotógrafo, 19 de agosto. No entanto, eles também eram publicados na “Edição Histórica” do jornal O NORTE, trazendo assim aos meios de comunicação, a memória fotográfica. Arion Farias possui sob sua guarda 14 mil fotografias, a grande maioria da Paraíba antiga. Sua paixão pela história paraibana fez com que buscasse por fotografias que a retratassem até mesmo na época que ainda não era nem nascido, a exemplo das fotografias do túnel da Lagoa do Parque Solon de Lucena, construído em 1923 com a finalidade de escoar as águas fluviais drenadas da Lagoa e transferidas via túnel por gravidade, em demanda à maré do Rio Sanhauá, através do Ponto de Cem Réis, seguindo a Praça Aristides Lobo em direção à cidade baixa. Durante sua construção, aos sábados e domingos, o túnel servia de passeio turístico pelos seus 300 metros, fazendo o “corso”21 de rapazes e moças. Informação cedida por Arion Farias. Esta fotografia é procurada há 40 anos, tornando-se a fotografia que faz os olhos de Arion Farias brilharem. De todas as fotografias, para ele, a mais importante de seu acervo.
Jonas do Nascimento dos Santos
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