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Data de publicação do verbete: 06/02/2025

Artur Xavier

Dançarino, coreógrafo e brincante de cultura popular.
Data de publicação: fevereiro 6, 2025

Entrevista e texto: Laura Moura 

Naturalidade: Timbaúba – PE // Radicado em João Pessoa -PB

Nascimento: 06 de fevereiro de 2001

Atividades artístico-culturais: dançarino, coreógrafo e brincante de cultura popular

Formação: Graduando em Lic. em Dança – UFPB

Projetos culturais:

  1. Integrante do Ponto de Cultura Maracastelo desde o ano de 2023, desenvolvendo atividades socioculturais com o mesmo, sendo o foco a manifestação cultural popular do Maracatu Nação – também chamado de Baque-Virado, compondo a corte do coletivo personificando a personagem da Baiana Rica – Arielle, e ocupando o cargo de liderança do naipe da dança;
  2. Compõe um coletivo coordenado por mulheres, sendo em sua maioria um time formado por pessoas LGBTQIAPnB+ que lutam pela salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro que é o Maracatu na cena cultural de João Pessoa-PB;
  3. Em dezembro de 2022 ingressou no grupo de pesquisa em improvisação em dança – RADAR 1, (CNPq)  onde atrela suas versões de universitário e artista, utilizando o espaço do grupo para desenvolver questionamentos e conhecimentos sobre possíveis dança para além do palco, em ambientações do cotidiano, sendo elas e tudo que as compõem o mote para mover.
  4. Nos ciclos finais da graduação, produziu junto com mais oitos amigos o espetáculo de dança Versos de vir a ser, sob direção e criação da docente Drª Líria Morays, que teve sua temporada de estreia apoteótica e, com isso, estão movendo o projeto para continuarem apresentando.
  5. Co-criador dos coletivos artísticos TriPerform e L.A.K, onde realiza produções audiovisuais, como: TRAVESSIA – o místico divino (2022), VOGUE: Não só uma capa (2021), A contenteza do triste (2020) pelo coletivo Triperform; e GARGANTA – Gruta que deságua nó (2022) pelo coletivo L.A.K. Todas as produções mencionadas foram contempladas por editais de fomento.  

Instagram: @oi.artur

Nascido e criado em Timbaúba, no interior pernambucano, Artur Xavier sempre foi cercado pela cultura e pela arte. Contudo, foi em João Pessoa que formalizou sua profissão e paixão. Atualmente, o multiartista participa de diversos projetos, sendo Integrante do Ponto de Cultura Maracastelo, membro do grupo de pesquisa em improvisação em dança – RADAR 1, (CNPq) e ainda co-criador dos coletivos artísticos TriPerform e L.A.K. Entre as suas principais atividades artístico-culturais estão seu trabalho como dançarino, coreógrafo, além de brincante de cultura popular. Mais uma preciosidade da cultura paraibana, Artur cria seu próprio espaço criativo e social. 

Artur sempre teve um viés artístico nas veias: “Nasci na arte, na folia!”, brinca o artista. Quando tinha apenas um ano de idade, seu pai, Artur Rodrigues, criou um bloco de rua em sua cidade natal, até hoje renomado pelos cidadãos. Foi ali, em meio a “cultura de rua”, que o dançarino teve seu primeiro contato rítmico com algumas manifestações populares, estas marcadas pela diversidade da mesclagem entre frevo orquestra, caboclinho e maracatu. 

Além disso, o artista também participava de outras atividades variadas durante seu crescimento, entre essas estavam: atuação na banda de fanfarra mirim, apresentador de culminância de projeto, monitor das aulas extracurriculares de xilogravura no ensino fundamental – ganhando o 2º lugar no concurso de xilogravura religiosa. Ele ainda foi, durante os três anos do ensino médio, integrante do projeto Música e sussurro que unia a recitação de poesia com música ao vivo em lugares comuns da cidade. E, em 2017, ingressou juntamente com sua, irmã Arxilen Xavier – graduada em Lic. em Dança pela UFPE,  o corpo de baile da Companhia de Dança Recreios Benjamin, colecionando vivências nos estilos de dança afro, frevo, maracatu, caboclinho, ciranda, entre outros. 

Em 2018, fez parte da quadrilha Serrana Matuta, também no município de Timbaúba-PE,  participando de competições nos interiores e região metropolitana de Pernambuco, como o famoso Nordestão  (Globo Nordeste).  Foi então que, em outubro de 2019, Artur passou no curso de licenciatura em dança na UFPB e se tornou residente da capital paraibana. Assim, ele segue construindo sua carreira acadêmica e artística, deixando a sensibilidade e a essência da arte guiá-lo como uma espécie de instigante em suas produções.

“Sinto dificuldade em especificar de onde vem minha inspiração, a partir da percepção de me perceber um ser sensível que é atravessado tanto pelas sutilezas, quanto pelas ferocidades dos acontecimentos cotidianos. Sou uma pessoa muito sentimental e criativa, sinto minhas emoções a flor da pele e utilizo da arte como válvula para expurgar o que me preenche – sendo coisas bonitas ou não, porque a arte tem a magia de transformar tudo que é feio em belo, e o oposto. E em troca recebo companhia das pessoas que se sentem atravessadas com meu fazer artístico, força para ser quem sou e ampliar-me sempre e quando me é possível, compreendendo o corpo político que sou, comenta o artista ao ser questionado sobre suas inspirações.

Para ele, a palavra “equilíbrio” não parece se adequar à sua essência, entretanto, tenta manejar todas as suas paixões/projetos no movimento do fazer aos poucos cada coisa, explica. Assim, o artista comenta sobre quatro frases que ouviu ao longo de sua trajetória e que costumam guiá-lo na hora de produzir: “Se você não começar, alguém com mais coragem e menos qualidade irá fazer e você terá perdido a oportunidade”; “A revolução não acontecerá se ela não vir de nós. Então faça!”; “Melhor feito, do que perfeito. O aprimoramento é conquistado no caminho” e, por último, “Podem lhe roubar tudo, menos o conhecimento. Então estude”. Artur comenta sobre a relevância desses pensamentos para fortalecer sua persistência, se lembrar de sua paixão pela arte e ainda para não esquecer do apoio dos seus familiares, as pessoas que costumam falar essas frases para ele. “E com isso, tomo fôlego e coragem para fazer o que faço”, diz Artur.

Com diversos trabalhos realizados em sua carreira, Artur explica que não tem nenhuma apresentação favorita, pois todos são significativos para ele: “não crio ou partilho de algum trabalho que não faça sentido e nem atravesse meu sentir”. Porém, ele pontuou o espetáculo Versos de Vir a Ser, pela grandiosidade que foi para o dançarino. “Ele permeia muitas versões minhas, o Artur amigo, profissional, pesquisador, criança e ancestral”, comenta o artista. Ele continua explicando que o elenco da obra foi composto por seus colegas de graduação, um evento simbólico para ele, pois seria o reencontro da turma no curso, dividida devido a pandemia da Covid-19.

“O “Versos de Vir a Ser” também me proporcionou fazer o movimento Sankofa, olhar toda minha trajetória e trazer à cena tudo que me forma: dores e amores, forças e vulnerabilidades. Foi o momento que mais senti a minha ancestralidade que descobri a partir do maracatu, da minha baiana rica, que levo também um esboço para o palco. É o início da realização de sonho da criança viada que dançava no centro da sala de casa e vislumbrava estar em no palco; do amigo que é potência junto a tantos outros artísticas incríveis que são referências em sua trajetória, que acreditam e lutam pela arte”, fala com nostalgia e orgulho.

No momento, Artur segue trabalhando em seus projetos pessoais e se dedicando aos seus estudos para ganhar corpo e dar continuidade à carreira acadêmica. Para ele, a arte é o local em que encontra vitalidade, apesar dos pesares. É no fazer artístico que encontra suas convocações de vida e espaço para ser quem é. “Parafraseando Nelson Rodrigues, digo que é na arte que aprendo a ser o máximo possível de mim mesmo”, relata. Ele ainda complementa dizendo que, aquilo que o faz continuar, é muitas vezes vislumbrar o sucesso de suas grandes inspirações, sejam nomes conhecidos do universo artístico ou, como ele gosta de dizer,  as potências incríveis de seus amigos quando estão em cena.

“É sobre sentir encantamento quando vejo uma obra feita de papel por uma artesã; é sobre sentir minha mãe tecendo sua eternidade quando produz uma peça de crochê, uma pintura em um tecido. É sobre me sentir imenso e super poderoso quando compreendo que tenho um corpo político e que meu fazer dá voz a tantas outras pessoas. E que a arte é como erva daninha, vai entrando pelas beiradas, pegando pelo sentir, até ocupar o espaço que ela quiser, sendo para remodelar ou para destruí-lo”, expressa.

Por fim, Artur segue sua caminhada no processo de mostrar para as pessoas como “somos seres incríveis com nossas complexidades e magias e que podemos compartilhar isso com o mundo através da arte”, um dos seus objetivos como artista. Para além disso, o coreógrafo comenta que espera um futuro em que o mundo acredite no poder da arte, olhando pros artistas e enxergando suas contribuições tão significativas para a existência da nossa realidade, essa, ele anseia, não tão custosa e dolorosa para produzir arte-cultura-educação não só no brasil, mas no mundo: “Podendo olhar para toda minha trajetória e sentir que fiz muito por mim, pelos meus e por todos que estiveram ao meu redor. E que fui caminho para tantos outros”, finaliza Artur.

Fonte: 

Entrevista com Artur Xavier cedida à Laura Moura no dia 16/01/2025.

 

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