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Data de publicação do verbete: 16/01/2023

Augusta Capistrano

Nascida em 1918, em Bananeiras, na Paraíba, Maria Augusta Capistrano foi uma das maiores lideranças políticas femininas do Brasil.
Data de publicação: janeiro 16, 2023

Naturalidade: Bananeiras– PB 

Nascimento: 21 de Outubro 1918 // Falecimento:  08 de dezembro de 2020

Atividade exercício-profissional: política

Nascida em 1918, em Bananeiras, na Paraíba, Maria Augusta Capistrano foi uma das maiores lideranças políticas femininas do Brasil. Seu pai foi para Bananeiras devido ao surto de desenvolvimento do café na época, onde vendeu a loja que tinha na capital e foi para lá comprar café e chegou a ter uma boa situação. Quem também nasceu lá foi o Ariano Suassuna. O pai de Augusta era  oposição ao pai dele, o João, que era governador, naquela época.

Capistrano ingressou no Partido Comunista aos anos 40, tendo sido, junto a Luzia Clerot, a primeira mulher a concorrer à Assembleia Estadual da Paraíba  Além disso, a ativista política fez parte da Comissão Executiva do Comitê Brasileiro pela Anistia e integrou o Centro da Mulher Brasileira.

Foi dirigente do PCB paraibano e  a primeira mulher dirigente do Partido Comunista do seu estado. Além da atuação como ativista política, ficou conhecida como a mãe de David Capistrano Filho, que chegou a ser prefeito da cidade de Santos – SP e esposa  de David Capistrano da Costa, dirigente comunista assassinado pela ditadura militar em 1974. Foi uma das pessoas que organizou o Partido Comunista na Paraíba, chegando a ocupar a Diretoria de Finanças da agremiação. Abandonou os estudos para se dedicar aos movimentos políticos. Na Constituinte de 1945, foi lançada candidata, obtendo 150 votos.

Durante sua trajetória, Augusta se viu na  condição de criar, sozinha, seus três filhos, porque David, seu marido, foi obrigado a ir para São Paulo em 1952, tendo sido  enviado para passar dois anos na União Soviética. Vivia na ilegalidade, com nome falso. Seus filhos todos também nasceram na ilegalidade. Ela  enfrentou momentos difíceis no Rio de Janeiro, dependendo de ajuda financeira de amigos para sobreviver. Resolveu, então, voltar para a Paraíba, surpreendendo os familiares que há 10 anos não tinham notícias suas.  Com o retorno de David ao Brasil, voltou a Recife, em 1955. Após 20 dias do golpe de 1964 foi presa, juntamente com seu filho que estava com 15 anos de idade e ao ser  liberada, tornou-se costureira para poder sustentar a família. Até que foram morar com o pai de seus filhos no Rio de Janeiro, que estava na clandestinidade. Maria Augusta enfrentou dificuldades ante a prisão da filha Cristina e das inúmeras prisões e perseguições, que atingiram o filho David. Convidada por Terezinha Zerbini se integrou ao Movimento Feminino pela Anistia. Tornou-se membro da Comissão Executiva do Comitê Brasileiro pela Anistia. Em 1974, seu marido David desapareceu e foi morto ao ser torturado no DOI-CODI.

Augusta estava feliz com as conquistas das mulheres e de como vinham ganhando espaço na sociedade, ao passar dos anos, ela sempre soube combinar a  liberdade com o feminismo e não   era só admiradora apenas de Simone de Beauvoir. A França teve outra mulher de grande importância,  a Coco Chanel foi uma mulher que teve uma importância relevante para os franceses, porque, se a Simone de Beauvoir teorizou, Coco Chanel, com sua capacidade profissional, conseguiu dar um avanço muito grande à cabeça das mulheres. “Hoje a mulher moderna usa cabelo curto, comprido, como quiser. Mas naquela época os homens impunham que deveria ser comprido e preso num coque. Foi necessário que Chanel lançasse a moda do cabelo curto, como um grande passo para a mulher se libertar dessa imposição. Foi o tal do cabelo à la garçonne, que era um corte de cabelo igual ao de homem. Eu usei esse corte, acompanhei esse processo, e desde os 11 anos me meti a costurar e confeccionar minhas próprias roupas. Eu acompanhava muito a moda, os figurinos. Tenho uma porção de livros sobre a história da moda. A história da moda margeia toda a história da sociedade humana e tem uma importância muito grande.’ segundo Augusta Capistrano.

Ela faleceu em 08 de dezembro de 2020, aos 102 anos de idade, no apartamento onde morava com uma de suas filhas, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.

Sandra Vasconcelos

Fontes:

https://diariodorio.com/morre-no-rio-maria-agusta-capistrano-feminista-e-ex-dirigente-do-pcb

https://auniao.pb.gov.br/servicos/copy_of_jornal-a-uniao/2023/janeiro/jornal-em-pdf-05-01-23-cdepc.pdf/view

https://teoriaedebate.org.br/1993/12/01/maria-augusta-capistrano/

https://jornalistaslivres.org/dona-maria-augusta-capistrano-fez-a-grande-viagem/