Ano de Criação: 2020
Local de Origem: João Pessoa – PB
Gênero: União de música clássica com os ritmos nordestinos
Integrantes: As gêmeas Mayra e Mayara Ferreira
Spotify: Bravia
Instagram: @bravia._
Canal no Youtube: Bravia
Formado durante a pandemia, o duo “Bravia” é composto pelas gêmeas Mayra e Mayara Ferreira. Com influências que variam desde a cultura popular, até rock e música clássica, elas se inspiram em artistas como Escurinho, Lia de Itamaracá, Antonio Nobrega, Jaques Morelenbaum, Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Nina Simone, Flavia Wenceslau, Beatles, O terno, entre outros. As irmãs seguem acrescentando vozes aos sons dos seus violoncelos, misturando e criando novos estilos musicais.
Em um período em que as pessoas estavam tão vazias e solitárias quanto as ruas da cidade, as instrumentistas decidiram colorir um pouco o mundo com sua arte. Foi a partir das suas gravações e compartilhamentos nas redes sociais, que o “Bravia” nasceu. Logo, o que era algo simples e corriqueiro, tomou grandes proporções. As artistas participaram de alguns editais de cultura na pandemia e investiram na produção de um vídeo e um EP, a partir de músicas de Mayra e do cancioneiro popular brasileiro.
Apesar de não terem parentes músicos, as irmãs contam que essa paixão nasceu através da influência da família, quando ainda eram pequenas. “Nosso pai costumava cantar canções da época do rádio para dormimos, como ‘Eu sonhei que tu estavas tão linda’ de Lamartine Babo, a voz de painho sempre foi afinada e potente puxando para um tenor, eram melodias e letras bonitas e isso nos fazia dormir. Ao mesmo tempo, nossa mãe tinha um violão em casa e sempre dizia que era seu sonho tocar… essas duas vivências talvez tenham sido um pontapé no nosso interesse musical”, explica Mayra Ferreira.
Durante a adolescência, as violoncelistas escutavam bastante rock e, já encantadas com o universo musical, aos 19 anos, decidiram finalmente estudar música formalmente na Escola de Música Anthenor Navarro, escola pública do Estado da Paraíba localizada no Espaço Cultural em João Pessoa – PB. Certo dia, após assistirem a um concerto da orquestra sinfônica, por volta do ano 2003, as artistas viram 2 violoncelos solando um concerto do compositor Vivaldi e foi amor à primeira vista com o instrumento. Logo, Mayra e Mayara começaram a praticar o cello e interagir cada vez mais com música clássica. Elas continuaram a graduação, mestrado, e seguem tocando e ensinando um pouco da sua arte para todos.
Embora o violoncelo seja um instrumento clássico e erudito, sua influência tem se popularizado na comunidade, se destacando com músicas brasileiras, técnicas diferenciadas além de performances e técnicas da música popular. Com o Bravia não foi diferente, desde o início de sua formação o duo buscou inovar a música paraibana, mesclando o melhor do clássico e dos ritmos populares nordestinos.
“Nosso interesse com a Bravia é exatamente experimentar sons, tocar música brasileira, fazer arranjos, tocar com microfone já que o instrumento é acústico, tocar em ambientes mais informais, tocar forró, tocar o cello como uma percussão, cantar e tocar cello ao mesmo tempo, tentar imitar o som de outros instrumentos como o contrabaixo, e assim por diante! […] Ainda estamos procurando nosso espaço, vamos apresentando e nos descobrindo, acho que fazer música é isso, uma busca por identidade. No nosso caso, sabemos que queremos essa aproximação de um violoncelo popular e apresentar isso para o público, além de cantar músicas da nossa cultura”, continua a violoncelista Mayra.
Além do compromisso com a inovação musical, a dupla foca em experimentar, criar, e tocar músicas que gostam, sempre equilibrando com a luta pelo reconhecimento feminino neste espaço, por vezes, seleto. Apesar das dificuldades que sempre surgem no caminho, apoio e motivações de amigos e familiares nunca faltaram, e servem de “combustível” até hoje.
Após muitos aprendizados em orquestras e nas instituições de música, o duo foi capaz de evoluir bastante não só em sua arte, mas também nas experiências no mercado de trabalho. Entretanto, as gêmeas ainda buscam se aperfeiçoar cada vez mais, almejando atingir o que Mayra denominou como “a ideia de nosso fazer musical ser feito, ser falado, uma necessidade de colocarmos nossas ideias musicais em prática”.
A Bravia continua desejando que o público conheça mais músicas feitas por mulheres que tocam e lideram grupos. Além disso, que o violoncelo seja um instrumento mais conhecido popularmente, assim como a música do nordeste, dando abertura para que não só o duo mas também outros artistas participem de festivais de música fora da Paraíba, mostrando a essência sonora paraibana e rompendo com o preconceito.
Por fim, Mayra conclui sua fala deixando uma reflexão para todos os leitores: “Valorizem a música que é feita aqui, apoiem a música brasileira, artistas locais, as músicas feitas por mulheres. acreditamos que a música nos une, ela é do humano, ela pertence a um coletivo, nos dá identidade e cada um vai criando seus gostos, mas esperamos que as pessoas que fazem música também possam ser mais incentivadas e valorizadas”.
Atualmente, o Bravia possui 3 produções: o EP “Bravia”, com 6 faixas, e os 2 singles “Casa de Farinha” e “Reciprocidade”, gravado com PS Carvalho.
Laura Moura
Fontes:
Entrevista concedida à Laura Moura em 25/07/2023
2 respostas
O Classico torna se Alternativo, nao so eurodito para algumas, se torna parte de nossa cultura regional também com autencidade e talento dessas gemeas sonoras.
Fanzoca dessas músicas