Naturalidade: Morada Nova – CE // Radicada em Sousa – PB
Atividade artístico-cultural: atriz
Instagram: @carminha.abrantes
Carminha costumava ouvir as histórias contadas por sua avó para, logo em seguida, dar vida aos personagens que ela acabara de conhecer. Aos 10 anos, ela já subia na mesa de casa para se apresentar aos seus irmãos.
“Quanto custa a Felicidade” foi a primeira encenação da qual ela fez parte, ainda com 18 anos, em Sousa, para onde se mudou três anos antes, vinda da cidade natal de Morada Nova (CE). As apresentações eram realizadas em escolas e propriedades rurais do interior paraibano, até que o grupo recebeu o convite de levar a peça para João Pessoa. “Na época, o conservadorismo era muito grande e meus pais me proibiram, meu pai dizia que não queria filha para se “prostituir”. Carminha desobedeceu às ordens e seguiu para a capital. Depois de receber um severo castigo, ela prometeu que nunca mais pisaria nos palcos novamente. “Eu pedi perdão a ele e disse que nunca mais ia fazer teatro. Foi muito triste”, lembra a veterana, que também sofria com o autoritarismo do marido.
Sem poder se dedicar ao sonho de atuar, a única forma que ela encontrava para estar próxima ao teatro era costurando cuidadosamente todos os figurinos que seriam usados por outras atrizes, ofício que aprendeu com a mãe desde menina e que ela manteve como fonte de renda até pouco tempo. Carminha também tinha o hábito de sair sozinha à noite ao teatro para acompanhar os espetáculos. “Eu fiquei tão emocionada… mas para tudo tem um dia”. A carreira nos palcos só teria a dedicação e entrega profissionais quando Carminha ficou viúva do marido agricultor e viu os seis filhos atingirem a maioridade, quando ela tinha 54 anos. Após esses fatos ela pensou: “É agora que eu vou entrar no teatro. “ E foi assim que ela criou uma nova vida. “Passei 36 anos casada, mas eu sempre sentia um vazio, sempre sentia que estava faltando alguma coisa em mim.”
Sem jamais ter frequentado a escola, Carminha aprendeu a ler e a escrever através de cartilhas que ganhava de algumas pessoas a quem ela pedia ajuda. Depois, ela foi desenvolvendo com a leitura porque gostava muito de ler, seu conhecimento veio dos livros, e sua história ganhou um novo enredo, quando ela recebeu o convite para participar da montagem da Paixão de Cristo, produzida pelo Grupo Teatro Oficina. Por seu desempenho, foi convidada pelo diretor de teatro Alvares Fernandes para participar, em 2000, de uma oficina que resultou no espetáculo Morte e Vida Severina, da obra de João Cabral de Melo Neto. Depois disso vieram encenações nas peças Além da serra, também de Alvares Fernandes, A Eleição, de Lourdes Ramalho e O Paraíso é o Pindorama, com direção de Chico Oliveira. Carminha também passou a atuar em esquetes como palhaça de palco.
Em 2022 aos 77 anos, ela estreou seu primeiro monólogo, a história de um pensionato no Sertão da Paraíba ocupado por jovens artistas que está prestes a fechar. A proprietária do local sente o peso da idade, e a convivência com os inquilinos a faz questionar sobre seu próprio envelhecimento. Essa é a vida da personagem Leonor. Existe uma atriz cearense radicada na Paraíba, que desde criança sonhava em poder se dedicar às artes cênicas, mas os pais e o marido sempre a proibiram de seguir carreira nos palcos, hoje ela se sente realizada ao fazer aquilo que tanto sonhava desde a infância.
Sandra da Costa Vasconcelos
Fontes:
https://bafafanoticias.com.br/carminha-abrantes-interpreta-leonor-nesta-sexta-em-campina-grande/
https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2023/11/08/programacao-natal-na-usina-2023-joao-pessoa.ghtml