Pesquisa e texto: Jielida Carla
Município: Dona Inês-PB
Localidade: Comunidade Quilombola Cruz da Menina
Distância até a capital: 153 km
Fundação: 2008
População: 150 famílias
Certidão da Fundação de Palmares: 12 de março de 2008
Instagram: @quilombocruzdamenina
O Quilombo Cruz da Menina, localizado na zona rural do município de Dona Inês, Paraíba, foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 12 de março de 2008. Composto por cerca de 150 famílias, a comunidade é um exemplo significativo da resistência e da cultura afro-brasileira, tendo se formado a partir da fuga de escravizados que buscavam liberdade.
Originalmente chamada de Tapuio, a região mudou de nome em 1956, em memória de Dulce, uma criança que chegou à localidade com seus pais em busca de ajuda durante um período de escassez, pediu alimento a um fazendeiro, mas teve seu pedido negado. Infelizmente, a criança faleceu de fome e sede. No local onde foi encontrada, surgiu um olho d’água, o que os moradores interpretaram como um milagre. O fazendeiro, que negou a ajuda, deu a mortalha para o pai de Dulce, e no dia seguinte, a mortalha apareceu na porta da fazenda, fazendo com que o local se tornasse um ponto de peregrinação. Simbolizando a luta e as dificuldades enfrentadas pela comunidade. A história de Dulce, a menina que não recebeu ajuda de um fazendeiro, é centrada na identidade quilombola, fortalecendo o sentimento de pertencimento e resistência.
Dona Inês está situada no brejo paraibano, a 153 km de João Pessoa, e limita-se com vários municípios, incluindo Bananeiras e Solânea. O quilombo, vinculado ao Bairro Tapuio da zona urbana, enfrenta desafios relacionados ao reconhecimento de seus direitos territoriais e à busca por melhorias em infraestrutura e serviços básicos.
Os quilombolas de Cruz da Menina preservam diversas tradições culturais, como danças, músicas e festas que refletem sua herança africana. Entre as principais festividades estão:
- Queima de Flores (31 de maio): Uma celebração religiosa em que as famílias rezam o terço e queimam flores em uma fogueira.
- Boi de Rezo: Uma festividade sem data específica, que tem sido realizada esporadicamente.
- Romaria (1º de novembro): Uma celebração em homenagem a um milagre, onde peregrinos visitam a capela construída em memória da menina que faleceu.
- Festa da Consciência Negra (20 de novembro): Celebrada após o reconhecimento da comunidade como quilombola.
- Forró de Sanfona e Zabumba: Comemorações típicas em casamentos.
O manuseio do barro, que inclui a produção de utensílios domésticos, também é uma prática importante da cultura local.
Apesar do reconhecimento como quilombo, a comunidade ainda busca a titulação de suas terras, enfrentando a insegurança fundiária e a luta por direitos. O movimento quilombola tem se fortalecido, promovendo a valorização cultural e a preservação de seu território, sendo essencial para garantir a identidade e dignidade dos membros da comunidade.
O Quilombo Cruz da Menina não é apenas um espaço geográfico, mas um símbolo de resistência, cultura e luta por justiça social e reconhecimento.
Fontes:
https://www.instagram.com/quilombocruzdamenina/
https://singa2017.wordpress.com/wp-content/uploads/2017/12/gt02_1504709019_arquivo_quilombo-dialogos-e-aproximacoes-conceituais-no-territorio-de-cruz-da-menina_-dona-ines-pb.pdf
https://serradedonaines.com.br/2023/04/04/cruz-da-menina/
https://prefeitura-de-dona-ines.webnode.page/dona-in%C3%AAs2/pontos-turisticos/cruz-da-menina/
Fotos:
Renan Matias (Secultur)